terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Um homem dirigindo as políticas para as mulheres

O prefeito Gilberto Kassab convidou o deputado José Aristodemo Pinotti para dirigir a Secretaria Especial da Mulher, que será criada para o próximo governo.

Ponto 1: que bom que haverá uma secretaria! É reivindicação das mulheres que haja um organismo de governo com autonomia política e orçamentária para elaborar, articular e implementar políticas públicas para as mulheres em todos os níveis.

A criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres no Governo Lula foi uma importante vitória das feministas do PT. Do mesmo modo, a última gestão petista na cidade, com Marta, teve no trabalho da Coordenadoria Especial da Mulher uma referência para o país inteiro no combate às desigualdades através de políticas públicas para a construção de autonomia das mulheres. Aliás, pena que Marta não falou sobre isso na última campanha.

Serra e Kassab, ao assumir a prefeitura, retiraram importância política e orçamento da Coordenadoria. Jogaram-na numa tal de “Secretaria de Participação e Parceria” e o resultado que têm para mostrar é quase nulo.

Ponto 2: um homem conduzindo uma Secretaria de Mulheres? Só pode ser piada. Olhem o significado simbólico que tem uma indicação com essas características. Um homem, médico, ginecologista, deputado do DEM. Responsável por produzir políticas para as mulheres. Políticas essas que devem visar à construção da autonomia das mulheres, à construção da igualdade entre homens e mulheres, ao combate ao machismo ainda tão marcadamente presente. As mulheres não precisam de mais clientelismo e demagogia. Não precisam de mais um “cuidador”.

As mulheres precisam é ter direito a viver livres de violência sexista. Precisam de creches, de inserção no mercado de trabalho, de atenção integral à sua saúde (não só ao seu útero), de educação não sexista, de participação política! As mulheres devem protagonizar essas políticas, conduzir seu próprio caminho rumo à transformação, ao enfrentamento da desigualdade.

Estranho que quem vai elaborar e executar essas políticas não seja uma de nós, que sabe o que é ser mulher neste mundo de homens.

Um comentário:

Skepticon disse...

Nota relevante:

-Homem, DEMO e ex-reitor da Unicamp.

Reitor de péssimas lembranças.