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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O balé das borboletas

Despertei e fui para o quintal, onde alguns raios de sol pareciam tentar resistir às nuvens escuras que avançavam sobre o céu azul. Queria ir à cachoeira pedir a Oxum pelas minhas amigas, mas logo notei, olhando de longe, que a chuva não tardaria a vir, e provavelmente já até estivesse molhando meu altarzinho. Ainda com o coração inconsolado, desisti de assumir o trajeto e me pus a olhar ao longe o vento e o movimento das nuvens.

Foi quando, desde esse longe, vinham duas borboletas brancas naquele balé clássico das borboletas. Foram vindo e vindo, e então estavam já bem perto. Continuaram brincando como se fossem duas crianças no carnaval, bicando-se, afastando-se e voltando a unir-se. Rodopiaram ao meu redor duas vezes, como se tentassem me envolver no balé. Acho que foi o primeiro sorriso sem dor que derramei em trinta horas. Pensei que fossem minhas amigas dizendo pra eu ficar bem.






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Para Rosângela Rigo e Lurdinha Rodrigues, com todo meu amor e minhas saudades para sempre...


quinta-feira, 8 de março de 2012

"Não temo quebrantos, porque eu sou guerreira..."

Da mesma forma que não há um só grande amor na vida de alguém ("o" amor da vida), também não há um só lugar no mundo pra cada pessoa. Atualmente, sinto absolutamente que encontrei meu lugar no mundo. A música e Porto Alegre vieram dar um sentido diferente à minha vida a ponto de transformar muita coisa em mim. Isso não quer dizer que eu sempre andei por aí perdida, sem encontrar meu lugar. Pelo contrário. Tenho a sorte de pertencer a vários "lugares". Isso é muito confortante.

Mas se tem uma coisa que dá sentido a todos os meus lugares e todas as minhas paixões é o feminismo. Este post é para dividir com vocês uma alegria imensa que terei neste 8 de março.


Há exatos dois anos e nesta exata Porto Alegre, peguei meu MTB (registro de jornalista) depois de sofrer implacável perseguição daqueles que deveriam defender os trabalhadores: o sindicato da categoria. Perdoem-me o bom português, mas estou me lixando para o corporativismo deles. Sou jornalista e, como escrevi na ocasião, meu MTB, mesmo antes de existir formalmente, sempre esteve a serviço da luta das mulheres por liberdade e igualdade. É um instrumento de que disponho para contribuir, para ser mais uma em marcha.

Hoje, vou subir ao palco do 512 - rua João Alfredo, 512, Cidade Baixa, Porto Alegre - para marcar o Dia Internacional da Mulher, esse dia tão importante, tão repleto de significados, que traz em si o brilho de cada luta e conquista das mulheres, homenageando as mulheres do samba.



Como Beth Carvalho declarou recentemente, é claro que o samba é machista. Pois se o mundo é, como o samba haveria de não ser? Mas as coisas só mudam na luta das mulheres. Embora ainda haja muito o que mudar, se hoje a realidade é diferente de 50 anos atrás, isso se deve somente às mulheres que resistiram, que não aceitaram passivamente o papel da submissão, que ousaram desnaturalizar a opressão e reagir. Muitas morreram, muitas sofreram represálias de todos os tipos. E mesmo quem abre a boca estúpida para dizer "não sou feminista, sou feminina", deve muito a todas essas que lutaram sem medo. Neste 8 de março, essas aí deviam ajoelhar e reverenciar.

Eu farei isso. Com a sorte de ter ao meu lado pessoas que acreditam na mesma coisa, poderei saudar as mulheres do mundo, as guerreiras de todos os lugares, por meio das mulheres do samba. Que enfrentaram mundos e fundos para fazer valer sua vontade e pôr sua voz no mundo. Que superaram obstáculos ferozes para triunfar. Que experimentaram a desigualdade em sua trajetória, e foram em frente com autenticidade, sem se render a padrões perversos que só aprofundam as injustiças. Que entenderam que sua voz e sua música podem sim contribuir pra mudar o mundo, e a vida de tantas outras que vieram depois, e não precisaram esconder seu nome feminino para assinar uma composição, como D. Ivone Lara teve de fazer.

Peço a benção a Clara Nunes, mineira guerreira, primeira mulher a estourar em venda de discos no Brasil. Mulher como tantas mulheres do nosso país, de origem pobre, trabalhadora desde criança, matando um leão por dia. Destemida, correu atrás de um sonho, passando por cima de caras feias, esteriótipos e preconceitos. Resgatou a diversidade da cultura brasileira, chamou a África para a nossa música, cantou a vida das pessoas. Para quem acha que o povo só se identifica com "ai se eu te pego" e afins, Clara é uma prova viva de que o povo não é bobo coisa nenhuma. Mesmo que a mídia tente forçá-lo a ser, engolindo enlatados descartáveis e enriquecendo mentes vazias todos os anos, a cada verão.


Quem puder ir ao 512 hoje, vai encontrar uma banda que se encontrou exatamente na batalha diária por encontrar seu lugar, e não fugiu do desafio de fazer diferente. Vai encontrar uma cantora feliz da vida, cantando como que estivesse orando. A elas, a todas elas. E especialmente, ao que virá. Mulher tem mais é que carregar bandeira, porque - a história mostra - o mundo depende de que a gente se movimente. Salve o 8 de março! Saravá!

Alcione canta "Maria da Penha".

Clara, a mineira guerreira, grande inspiração.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Fábrica de preconceitos com roupagem intelectual

Reproduzo, abaixo, carta que a socióloga feminista Maria Lúcia Silveira enviou à ombudswoman da Folha de S. Paulo, a respeito de lastimável artigo publicado por esse jornal no último domingo (mais uma da Folha, aliás), assinado por um tal de Pondé. Sei lá eu quem é esse senhor. Nem me interessa saber. Mas seu artigo "misógino e vulgar", como disse Maria Lúcia, despertou reações.

Boa leitura.


Caríssima Ombudswoman

Qual sua posição sobre os impropérios constantes sobre as mulheres que pensam (e segundo eles, isso as torna peludas e feias) do colunista L.F. Pondé?

Dei até um tempo, evitei ler mais suas baixarias misturadas a citações de alguma antifeminista americana ou de algum filósofo sensível como Benjamin ( que deve ter se revirado no túmulo) pra ancorar o vômito de sua misoginia vulgar.

Mas desta vez, sua última coluna extrapolou! Não tinha lido, mas algumas amigas me passaram e achei um pouco demais. Se ele discute com seus alunos essa linda e profunda visão de mundo, coitados dos alunos da FAAP e PUC. É um pseudo-intelectual que deve ser fruto dessa delinquência acadêmica que coloca os seus em destaque. Por que não põem como colunista a profa Márcia Tiburi, hoje no Mackenzie? Uma mulher bonita, inteligente, vivaz e não peluda (como reproduz o senso comum machista) no seu auge.

Não precisa ter título acadêmico pra escrever a máquina de preconceitos sociais contra as mulheres. Isso circula de graça em nosso cotidiano. Nâo tem mais nenhum Paulo Francis, não. Só arremedos. Então, se quiserem colocar um pensador de direita, ou religioso coloquem um que não exponha preconceitos com roupagem intelectual. Nesse artigo último, nem isso ele faz! É inacreditável ver no espaço de um Contardo Calligaris e de um Marcelo Coelho, esse tal de Pondé!

Infelizmente, por essas e por outras vou cancelar minha assinatura da Folha de São Paulo. Ai que saudades que tenho da época que tinha um Claudio Abramo para ler, um Perseu Abramo.

Ia escrever pro Pondé protestando, mas só se mantivesse o seu nível: teria de perguntar se ele acha que se sua filha tiver um jantar pago por um exemplar masculino da espécie ele pode levá-la pra cama sem remorso. Ou se ele quer uma filha eunuco. Mas deixa pra lá. Vou escrever no blog coletivo em que participo [blog 300] porque pelo menos sou atacada por machistas em estado puro, sem persona intelectual. Aliás, fale pra esse articulista e pra seu editor que poderiam aprender algo com o Contardo Calligaris, Jurandir Freire Costa, Joel Birman, Maria Rita Khel e outros. Bibliografia também tem demais, mas pra não citar nenhuma feminista que essa Folha tem horror, leiam um clássico: Pierre Bourdieu, em A dominação masculina, tem tradução para o português desde 1999.

Pra mim chega!

Maria Lucia da Silveira
(socióloga, militante da Marcha Mundial das Mulheres e colaboradora da SOF - Sempreviva Organização Feminista)

domingo, 8 de novembro de 2009

Manifestação Contra a Violência Sexista

São Paulo - Vá à Uniban protestar!

Os Movimentos Feminista, Sindical e Estudantil convocam um ato contra a violência sexista ocorrida na UNIBAN, que neste momento tem como agravante a expulsão da aluna que recentemente sofreu violência, ou seja, a vítima foi transformada em ré, os agressores estão impunes. A UNIBAN, com essa conduta, banaliza, estimula e justifica a violência contra a Mulher.

NÃO podemos nós calar!

ATO nesta segunda-feira, 9 de novembro, às 18 horas na porta da UNIBAN São Bernardo do Campo.

Endereço: São Bernardo do Campo – Avenida Rudge Ramos, 1501 (fica no KM 12 da Via Anchieta) para quem sai de são Paulo é necessário fazer o retorno.

Saudações feministas
Marcha Mundial das Mulheres

Mensagem da UNE:

UNE protesta contra discriminação por uso de vestido curto

Nós, mulheres estudantes brasileiras, vimos a público repudiar todas as forma de opressão e violência contra as mulheres. No dia 22 de outubro deste ano, uma aluna da Uniban (campus ABC – São Paulo), com a falsa justificativa de ter ido à aula de "vestido curto", é seguida, encurralada, xingada e agredida por seus "colegas estudantes".

A cena de horror é filmada, encaminhada à Internet e vira notícia por todo o país. Não aceitaremos que casos de machismo como esse passem despercebidos ou que se tornem notícia despolitizada nos meios de comunicação.

O fato em questão revela a opressão que as mulheres sofrem cotidianamente, ao serem consideradas mercadoria e tratadas como se estivessem sempre disponíveis para cantadas e para o sexo. Não toleramos comentários que digam que a estudante "deu motivo" para ser agredida. Nenhuma mulher deve ser vítima de violência, nem por conta da roupa que usa nem por qualquer outra condição. Nada justifica a violência contra a mulher.

Sendo assim, nós, mulheres estudantes brasileiras, organizadas na luta pelo fim do machismo, racismo e homofobia, denunciamos a violência sexista ocorrida contra a aluna da Uniban, nos solidarizamos com as mulheres vitimizadas por esses crimes e queremos punição a todos os agressores envolvidos nesse episódio e em outros tantos que acontecem e não repercutem na mídia. Não vamos nos calar perante o machismo e a violência.

Somos Mulheres e não Mercadoria!

Diretoria de Mulheres da União Nacional dos Estudantes


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Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Governo Federal cobra explicações da Uniban.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Nota da Marcha Mundial das Mulheres contra o machismo na CPI da Corrupção

Violência contra uma Mulher: é assim que classificamos o que tem acontecido nas sessões da CPI da Corrupção, instalada na Assembléia Legislativa do RS. É assim que tratamos quando sofremos violência no espaço público ou no privado. Não vamos nos calar diante do machismo, de falas desclassificadas, desrespeitosas e com tons de deboche com que alguns deputados vêm tratando a deputada Stela Farias.

Ficamos chocadas, ainda, ao ler a matéria postada no blog do PSDB do Rio Grande do Sul, onde escrevem que é preciso "arreios à mão, para domar Stela" no título do texto. Finalizam dizendo que "a base aliada terá que ter determinação e firmeza para domá-la". Isso é preconceituoso, misógino e machista, e vem com o objetivo de desclassificá-la somente pelo fato de ser uma mulher a conduzir a CPI. Ou se fosse um homem diriam que ele precisaria de arreios?

A Assembléia Legislativa não pode compactuar com este tipo de atitude e declarações, que tentam diminuir o trabalho brilhante que a deputada vem desenvolvendo diante dessa CPI, assim como fez na CPI do Detran.

Nossa luta cotidiana pela emancipação e autonomia das mulheres caminha junto com a luta por relações igualitárias entre homens e mulheres. Exigimos que a Assembléia Legislativa não permita que este tipo de manifestação se repita dentro das sessões da CPI e em nenhum lugar dessa Casa.

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A CPI em questão, para quem não se atentou, é a que investiga fraudes e esquemas de corrupção no governo do estado do Rio Grande do Sul, o que inclui a governadora Yeda Crusius (PSDB). Essa senhora, em vez de prestar esclarecimentos sobre os fatos em questão, segue criminalizando e colocando a polícia para agir com violência contra quem a denuncia.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Contra o golpe em Honduras

ATO CONTRA O GOLPE DE ESTADO EM HONDURAS!
AMANHÃ, DIA 30 DE JUNHO ÀS 10 HORAS
EM FRENTE AO CONSULADO DE HONDURAS EM SÃO PAULO,
RUA DA CONSOLAÇÃO, 3741 (entre a Rua Oscar Freira e Estados Unidos).

Convocam: Marcha Mundial das Mulheres, MST, CUT, UNE, entre outras forças sociais.




Confira a nota da MMM e REMTE:

Somos todas Honduras! Estamos em resistência!

A Marcha Mundial das Mulheres e a Rede Latinoamericana Mulheres Transformando a Economia nos unimos a todas as organizações feministas e do movimento social de Honduras para condenar e repudiar veementemente o golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya Rosales, dirigido pelas Forças Armadas e pelo presidente do Congresso Nacional, Roberto Micheletti, com apoio dos meios de comunicação controlados pela oligarquia deste país.

Executado pelas forças armadas às 5 da manhã do domingo, 28 de junho, o golpe truncou as aspirações democráticas da população, que se preparava para realizar uma consulta à sociedade hondurenha, para verificar se estava de acordo em convocar uma Assembléia Nacional Constituinte, com o objetivo de elaborar uma nova constituição. Além disso, o golpe militar colocou na presidência Roberto Micheletti, fantoche da oligarquia hondurenha.

Apoiamos a resistência pacífica do povo, em particular das feministas hondurenhas, que estão mobilizados/as em vigílias e greve geral em apoio ao Presidente Zelaya e à restituição da democracia hondurenha, e nos somamos a todos os movimentos sociais para exigir:

- O restabelecimento da ordem constitucional, sem derramamento de sangue.

- Que o Exército não reprima a população de Honduras que exige o retorno da democracia.

- Que se respeite a integridade física das feministas e demais dirigentes sociais, que estiveram a frente da consulta.

- O retorno do Presidente Zelaya a suas funções em Honduras, e o rechaço a Micheletti por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA).

- Que as autoridades garantam o direito da população ao pleno exercício da democracia através da consulta popular.

Denunciamos o papel dos meios de comunicação comerciais, utilizados pelas oligarquias hondurenhas como ferramenta para frear a vontade popular e intermediar, encorajar e justificar o golpe, o que os torna cúmplices.

Conclamamos todas as pessoas, organizadas em movimentos ou não, em nível nacional e internacional, a se manifestarem contra esta agressão aos direitos do povo hondurenho e a divulgar este pronunciamento. Convidamos também a socializar informações produzidas pelos meios populares como a Rádio ELM (www.radioeslodemenos.org) e a Rádio Mundo Real (www.radiomundoreal.fm).

Além disso, convocamos os movimentos sociais a protestar frente às representações diplomáticas e comerciais de Honduras, e a enviar cartas de repúdio ao golpe de Estado às embaixadas em cada um de seus países.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

29 de junho de 2009.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mulheres, mães, mercado

Já que ontem foi o Dia das Mães, um bom artigo da minha amiga e companheira Tica Moreno, militante da Marcha Mundial das Mulheres, sobre o tema, numa perspectiva feminista. Retirado do blog 300: www.trezentos.blog.br.


As propagandas do dia das mães (e das semanas anteriores) rendem milhares de agradecimentos à todas as mães. “Aquela que depois de um dia de stress no trabalho chega em casa e, sorrindo, cuida da casa, das crianças…” (Renner). Sorrindo =)

Tem também o Ponto Frio, que ajuda os filhos na hora de escolher o presente: “quer fazer sua mãe feliz?” …(muitas fotos de eletrodomésticos, em varias parcelas)… “Renove a cozinha da sua mãe!!”


A gente já sabe que o mercado aproveita todas as datas possíveis pra vender, vender, e vender mais ainda. As vendas para o dia das mães só ficam atrás do comércio perto do Natal. E as propagandas aproveitam pra reforçar a idéia hegemônica de que as mulheres têm que dar conta de trabalhar fora (ganhando em média 70% do que os homens ganham) e trabalhar muito dentro de casa, no trabalho doméstico e de cuidados (das crianças, do marido, dos seus pais, mães, sogras e sogros…) Sorrindo! Afinal de contas, os eletrodomésticos estão aí pra ajudar!

Mas nós precisamos mesmo que os homens estejam aí também, pra dividir! E que o Estado reconheça a enorme quantidade de trabalho que as mulheres fazem todos os dias pra garantir a reprodução social. As feministas propõem que esse reconhecimento se materialize em creches públicas, restaurantes e lavanderias coletivas, etc. No início do século passado, as socialistas já apontavam essa necessidade pra construir igualdade de fato entre homens e mulheres. A revolução russa avançou um pouco neste sentido, promovendo (pouquinhas) ações de socialização do trabalho doméstico. Algumas prefeituras no Brasil também investiram nessas políticas. Mas os dados de 2007 mostram que só 17,1% das crianças de 0 a 3 anos frequentavam creches (públicas e privadas). Outra informação do site do IBGE, sobre os dados da PNAD 2007:

Na análise das famílias, os números mostram que a existência de um cônjuge masculino dentro de casa representa um aumento de cerca de duas horas semanais em afazeres domésticos para as mulheres que se declararam responsáveis pelo domicilio. Entre estas mulheres, a maior jornada observada em afazeres domésticos ocorre nas famílias formadas por casal com filhos menores de 14 anos (29,7 horas semanais) mas , neste mesmo tipo de arranjo, onde a mulher não tem cônjuge, o tempo médio despendido é de 27,6 horas.

A socialização do trabalho doméstico continua sendo uma demanda atual, é uma das necessidades para superar a divisão sexual do trabalho, e possibilitar igualdade e autonomia para as mulheres.

A gente tem mesmo que agradecer todas as mães que passam por muito perrengue pra dar o melhor pros filhos… E, além de agradecer, a gente tem que lutar pra transformar as relações desiguais, e garantir, para todas as mulheres que decidam ser mães, que a maternidade seja sempre mais prazer que perrengue.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Manifesto contra a criminalização das mulheres

Centenas de mulheres no Brasil estão sendo perseguidas, humilhadas e condenadas por recorrerem à prática do aborto. Isso ocorre porque ainda temos uma legislação do século passado – 1940 –, que criminaliza a mulher e quem a ajudar.

A criminalização do aborto condena as mulheres a um caminho de clandestinidade, ao qual se associam graves perigos para as suas vidas, saúde física e psíquica, e não contribui para reduzir este grave problema de saúde pública.

As mulheres pobres, negras e jovens, do campo e da periferia das cidades, são as que mais sofrem com a criminalização. São estas que recorrem a clínicas clandestinas e a outros meios precários e inseguros, uma vez que não podem pagar pelo serviço clandestino na rede privada, que cobra altíssimos preços, nem podem viajar a países onde o aborto é legalizado, opções seguras para as mulheres ricas.

A estratégia dos setores ultraconservadores, religiosos, intensificada desde o final da década de 1990, tem sido o “estouro” de clínicas clandestinas que fazem aborto. Os objetivos destes setores conservadores são punir as mulheres e levá-las à prisão. Em diferentes Estados, os Ministérios Públicos, ao invés de garantirem a proteção das cidadãs, têm investido esforços na perseguição e investigação de mulheres que recorreram à prática do aborto. Fichas e prontuários médicos de clínicas privadas que fazem procedimento de aborto foram recolhidos, numa evidente disposição de aterrorizar e criminalizar as mulheres. No caso do Mato Grosso do Sul, foram quase 10 mil mulheres ameaçadas de indiciamento; algumas já foram processadas e punidas com a obrigação de fazer trabalhos em creches, cuidando de bebês, num flagrante ato de violência psicológica contra estas mulheres.

A estas ações efetuadas pelo Judiciário somam-se os maus tratos e humilhação que as mulheres sofrem em hospitais quando, em processo de abortamento, procuram atendimento. Neste mesmo contexto, o Congresso Nacional aproveita para arrancar manchetes de jornais com projetos de lei que criminalizam cada vez mais as mulheres. Deputados elaboram Projetos de Lei como o “bolsa estupro”, que propõe uma bolsa mensal de um salário mínimo à mulher para manter a gestação decorrente de um estupro. A exemplo deste PL, existem muitos outros similares. para agravar mais a situação em dezembro de 2008 a mesa diretora da Câmara dos Deputados criou uma CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a pratica do aborto clandestino no Brasil.

A criação dessa CPI penalizará ainda mais as mulheres pobres e negras , assim como os movimentos que defedem este direito.

A criminalização das mulheres e de todas as lutas libertárias é mais uma expressão do contexto reacionário, criado e sustentado pelo patriarcado capitalista globalizado em associação com setores religiosos fundamentalistas. Querem retirar direitos conquistados e manter o controle sobre as pessoas, especialmente sobre os corpos e a sexualidade das mulheres.

Ao contrário da prisão e condenação das mulheres, o que necessitamos e queremos é uma política integral de saúde sexual e reprodutiva que contemple todas as condições para uma prática sexual segura.

A maternidade deve ser uma decisão livre e desejada e não uma obrigação das mulheres. Deve ser compreendida como função social e, portanto, o Estado deve prover todas as condições para que as mulheres decidam soberanamente se querem ou não ser mães, e quando querem. Para aquelas que desejam ser mães devem ser asseguradas condições econômicas e sociais, através de políticas públicas universais que garantam assistência a gestação, parto e puerpério, assim como os cuidados necessários ao desenvolvimento pleno de uma criança: creche, escola, lazer, saúde.

As mulheres que desejam evitar gravidez devem ter garantido o planejamento reprodutivo e as que necessitam interromper uma gravidez indesejada deve ser assegurado o atendimento ao aborto legal e seguro no sistema público de saúde.
Neste contexto, não podemos nos calar!

Nós, sujeitos políticos, movimentos sociais, organizações políticas, lutadores e lutadoras sociais e pelos diretos humanos, reafirmamos nosso compromisso com a construção de um mundo justo, fraterno e solidário, nos rebelamos contra a criminalização das mulheres que fazem aborto, nos reunimos nesta Frente para lutar pela dignidade e cidadania de todas as mulheres.

 Nenhuma mulher deve ser impedida de ser mãe. E nenhuma mulher pode ser obrigada a ser mãe. Por uma política que reconheça a autonomia das mulheres e suas decisões sobre seu corpo e sexualidade.
 Pela defesa da democracia e do principio constitucional do Estado laico, que deve atender a todas e todos, sem se pautar por influências religiosas e com base nos critérios da universalidade do atendimento da saúde!
 Por uma política que favoreça a mulheres e homens um comportamento preventivo, que promova de forma universal o acesso a todos os meios de proteção à saúde, de concepção e anticoncepção, sem coerção e com respeito.
 Nenhuma mulher deve ser presa, maltratada ou humilhada por ter feito aborto!
 Dignidade, autonomia, cidadania para as mulheres!
 Pela não criminalização das mulheres e pela legalização do aborto!

Frente nacional pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto

terça-feira, 17 de março de 2009

Nota da Marcha Mundial das Mulheres ao PT

A Marcha Mundial das Mulheres apóia a iniciativa da Secretaria de Mulheres do PT de solicitar que a comissão de ética do partido avalie as posturas e comportamentos políticos de seus parlamentares Henrique Afonso e Luís Bassuma.

Há muitos anos, empunhamos firmemente a bandeira da legalização do aborto, por entender que é necessário garantir a autonomia das mulheres sobre seus corpos e suas vidas. São as mulheres mais pobres que morrem em decorrência de abortos inseguros no nosso país. Não aceitamos que mulheres sejam criminalizadas pela prática de aborto, nem que a crença de alguns seja imposta a todos e todas.

Para o movimento de mulheres, foi muito importante a aprovação da resolução congressual posicionando o PT pela descriminalização do aborto e sua regulamentação na rede pública de saúde. As ações dos deputados em questão, entretanto, vão contra as resoluções do próprio partido e do Governo Federal, que compreende a questão como um debate de saúde pública, e enviou ao Congresso Nacional a proposta produzida por uma comissão tripartite, recomendando a descriminalização do aborto no Brasil.

Nos solidarizamos às mulheres do PT que não admitem que filiados do próprio Partido sejam protagonistas do enfrentamento que os setores mais reacionários organizam contra nós, mulheres. O momento é de uma ofensiva conservadora, mas não vamos nos calar. É preciso assegurar o Estado laico e o direito das mulheres de decidir sobre suas vidas.

Esperamos que o PT tome as providências cabíveis quanto aos dois deputados, e que nossa luta siga se fortalecendo rumo à vitória, em defesa da vida das mulheres.

São Paulo, 17 de março de 2008
Marcha Mundial das Mulheres

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

8 de março – Dia internacional de luta das mulheres!

Nós não vamos pagar por essa crise!
Mulheres livres! Povos soberanos!


Neste 8 de março de 2009, levantamos nossas bandeiras contra o capitalismo, o imperialismo, o machismo, o racismo e a lesbofobia. Estamos nas ruas para afirmar o que queremos construir a partir do feminismo: um mundo livre de exploração, desigualdades e discriminação.
Por uma transformação radical com igualdade, autonomia, liberdade e soberania popular!

Feministas contra o capitalismo patriarcal!

As crises financeira, econômica, ambiental e alimentar que afetam o planeta e nossas vidas não são fenômenos isolados. Trata-se de uma crise global, gerada por esse modelo de desenvolvimento, baseado na superexploração do trabalho e na especulação financeira. Uma de suas bases de sustentação é a opressão das mulheres, que combina machismo e capitalismo, transformando tudo em mercadoria e colocando preço inclusive em nossos corpos.

Não acreditamos em respostas superficiais para a crise.
Somos contra os milhões retirados dos fundos públicos para salvar bancos e grandes empresas. Isso gera mais concentração de riqueza e reproduz o sistema capitalista patriarcal. Também somos contra qualquer tentativa de retirada dos direitos trabalhistas e de redução de salários, propagandeadas como soluções para a crise econômica. Queremos investimentos públicos que garantam as vagas de trabalho já existentes, que ampliem a oferta de vagas com carteira assinada e reforcem a rede de direitos sociais.

Nós, mulheres feministas, afirmamos: as mulheres não vão pagar por esta crise!

É urgente avançarmos na construção de alternativas socialistas a este modelo. Em vez dos agrocombustíveis e da privatização da natureza, defendemos mudanças na forma de produzir alimentos, a redução do padrão de consumo, e a produção descentralizada de energia. Afirmamos que os bens comuns de nosso território – incluindo a água, a biodiversidade e o petróleo encontrado na camada do pré-sal – são do povo brasileiro e devem ser utilizados para garantir desenvolvimento social e econômico de toda a população. A resposta à crise alimentar não pode vir dos transgênicos, e sim da reforma agrária, da produção agroecológica e da garantia de nossa soberania alimentar.

Por um mundo com igualdade para todas as mulheres!

Construir a igualdade em nossa sociedade passa por valorizar o trabalho das mulheres e garantir sua autonomia econômica. Assim, defendemos a valorização do salário mínimo e lutamos por um modelo de proteção social solidário , universal e inclusivo, com direito à saúde, assistência social e aposentadoria digna para todos e todas. Hoje, existem no Brasil mais de 40 milhões de pessoas fora da previdência social. Dessas, 30 milhões são mulheres. Por isso, somos contra a proposta do governo federal, em discussão na reforma tributária, de desvincular todo o sistema de seguridade social de suas fontes de financiamento. Isso resultará num corte de 40% no orçamento da seguridade social, que representa a perda de R$ 24 bilhões anuais no orçamento da previdência.

Para conquistar igualdade, é preciso ampliar os serviços públicos e realizar a reforma urbana. É preciso parar com a privatização de unidades de saúde e das creches municipais, impulsionadas pelos governos municipal e estadual da coligação DEM/PSDB.

Se o Estado não garante direitos sociais fundamentais como estes, aumenta o trabalho de cuidados com as pessoas, que é realizado cotidianamente por nós, mulheres. Lutamos para que esse trabalho seja dividido com os homens, e com a sociedade.

Queremos igualdade para todas as mulheres. Por isso, combatemos o racismo em todas as suas manifestações e a banalização da imagem da mulher veiculada na mídia. Essa imagem vendida pela indústria cultural contribui para mercantilizar nossas vidas e reflete a desigualdade e a violência que sofremos dia a dia.

Defendemos o controle social e a democratização dos meios de comunicação.

Em luta por autonomia e liberdade!

Vivemos um momento de criminalização das mulheres, no qual luta por nossa autonomia tem sido duramente atacada. Em vários estados, mulheres têm sofrido perseguições, humilhações e até condenações criminais por terem realizado aborto. No Congresso Nacional, está para ser instaurada uma CPI do aborto, cujo resultado trará apenas mais perseguição às mulheres.

A maternidade deve ser uma decisão consciente, não uma obrigação. Criminalizar o aborto não impedirá que ele aconteça. Pelo contrário. Manter o aborto na ilegalidade condena às mulheres pobres – sobretudo jovens e negras – a se submeterem à práticas inseguras para interromper uma gravidez indesejada.

Seguiremos nas ruas de todo o país, mobilizadas contra a criminalização das mulheres e pela legalização do aborto!

Denunciamos todas as manifestações de violência contra a mulher! No estado de São Paulo , o estupro é a segunda causa de morte (fonte : secretaria estadual de segurança pública). As mulheres têm o direito de viver uma vida livre de violência!

Em defesa da paz, da solidariedade e da soberania popular!

As guerras mantêm e aprofundam a desigualdade no mundo. Em situações de conflitos armados, as mulheres são vítimas de violações sistemáticas, físicas e psicológicas. Vemos hoje a feminização dos campos de refugiados. Por isso, somos solidárias a todas aquelas que vêem a soberania de seus povos atacada pelo imperialismo, seja na República Democrática do Congo, no Haiti e, sobretudo na Palestina. Ali, os bombardeios de Israel já deixaram milhares de mortos e feridos, em sua maioria mulheres, idosos e crianças. Nos somamos às vozes de todo o planeta contra o massacre da Palestina, indo às ruas no dia 30 de março expressar nosso repúdio ao governo de Israel.

Nos solidarizamos aos processos de construção de alternativas em curso na América Latina , que recuperam a soberania dos povos sobre seu território e seus recursos naturais. Estamos em luta por soberania dos povos, e liberdade para as mulheres!

Estamos todas nas ruas neste 8 de março confrontando o sistema capitalista e patriarcal que nos oprime e explora. Nas ruas e em nossas casas, nas florestas e nos campos, no prosseguir de nossas lutas e no cotidiano de nossas vidas, manteremos nossa rebeldia e mobilização.

(Concentração 10hs na Praça Oswaldo Cruz)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Declaração da Assembléia de Mulheres - FSM 2009

Belém, 1 de fevereiro de 2009

No ano em que o FSM encontra-se com a população da Pan-Amazônia, nós mulheres de diferentes partes do mundo, reunidas em Belém, afirmamos a contribuição das mulheres indígenas e das mulheres de todos os povos da floresta como sujeito político que vem enriquecer o feminismo a partir da diversidade cultural de nossas sociedades e conosco fortalecer a luta feminista contra o sistema patriarcal capitalista globalizado.

O mundo hoje assiste a crises que expõem a inviabilidade deste sistema. As crises financeiras, alimentar, climática e energética não são fenômenos isolados, mas representam uma mesma crise do modelo, movido pela superexploração do trabalho e da natureza e pela especulação e financeirizaçã o da economia.

Frente a estas crises não nos interessam as respostas paliativas e baseadas ainda na lógica do mercado. Isto somente pode levar a uma sobrevida do mesmo sistema. Precisamos avançar na construção de alternativas. Para a crise climática e energética, negamos a solução por meio dos agrocombustíveis e do mercado de créditos de carbono. Nós, mulheres feministas, propomos a mudança no modelo de produção e consumo. Para a crise alimentar, afirmamos que os transgênicos não representam uma solução. Nossa proposta é a soberania alimentar e a produção agroecológica. Frente à crise financeira e econômica, somos contra os milhões retirados dos fundos públicos para salvar bancos e empresas. Nós mulheres feministas reivindicamos proteção ao trabalho e direito à renda digna.

Não podemos aceitar que as tentativas de manutenção desse sistema sejam feitas à custa de nós mulheres. As demissões em massa, o corte de gastos públicos nas áreas sociais e a reafirmação desse modelo produtivo afeta diretamente nossas vidas à medida que aumenta o trabalho de reprodução e de sustentabilidade da vida.

Para impor seu domínio no mundo, o sistema recorre à militarização e ao armamentismo; inventa confrontações genocidas que fazem das mulheres botim de guerra e sujeitam seus corpos à violência sexual como arma de guerra contra as mulheres no conflito armado. Expulsa populações e as obriga a viver como refugiadas políticas; deixa na impunidade a violência contra as mulheres, o feminicídio e outros crimes contra a humanidade, que se sucedem cotidianamente nos contextos de conflitos armados.

Nós feministas propomos transformações profundas e radicais das relações entre os seres humanos e com a natureza, o fim da lesbofobia, do patriarcado heteronormativo e racista. Exigimos o fim do controle sobre nossos corpos e sexualidade. Reivindicamos o direito a decidir com liberdade sobre nossas vidas e territórios que habitamos. Queremos que a reprodução da sociedade não se faça a partir da superexploraçã o das mulheres.

No encontro das nossas forças, nós nos solidarizamos com as mulheres das regiões de conflitos armados e de guerra. Juntamos nossas vozes às das companheiras do Haiti e rechaçamos a violência praticada pelas forças militares de ocupação. Nossa solidariedade às colombianas, congolesas e tantas outras que resistem cotidianamente à violência de grupos militares e das milícias envolvidas nos conflitos em seus países. Nossa solidariedade com as iraquianas que enfrentam a violência da ocupação militar norte-americana. Nesse momento em especial nós nos solidarizamos com as mulheres palestinas que estão na Faixa de Gaza, sob ataque militar de Israel. E nos somamos a todas que lutam pelo fim da guerra no Oriente Médio.

Na paz e na guerra nos solidarizamos às mulheres vitimas de violência patriarcal e racista contra mulheres negras e jovens.

De igual maneira, manifestamos nosso apoio e solidariedade a cada uma das companheiras que estão em lutas de resistência contra as barragens, as madereiras, mineradoras e os megaprojetos na Amazônia e outras partes do mundo, e que estão sendo perseguidas por sua oposição legítima à exploração. Nós somamos às lutas pelo direito à água. Nós nos solidarizamos a todas as mulheres criminalizadas pela prática do aborto ou por defenderem este direito. Nós reforçamos nosso compromisso e convergimos nossas ações para resistir à ofensiva fundamentalista e conservadora, e garantir que todas as mulheres que precisem tenham direito ao aborto legal e seguro.

Nos somamos às lutas por acessibilidade para as mulheres com deficiência e pelo direito de ir e vir e permanecer das mulheres migrantes.

Por nós e por todas estas, seguiremos comprometidas com a construção do movimento feminista como uma força política contra-hegemô nica e um instrumento das mulheres para alcançar a transformação de suas vidas e de nossas sociedades, apoiando e fortalecendo a auto-organizaçã o das mulheres , o diálogo e articulação das lutas dos movimentos sociais.

Estaremos todas, em todo o mundo, no próximo 8 de março e na Semana de Ação Global 2010, confrontando o sistema patriarcal e capitalista que nos oprime e explora. Nas ruas e em nossas casas, nas florestas e nos campos, no prosseguir de nossas lutas e no cotidiano de nossas vidas, manteremos nossa rebeldia e mobilização.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Mulheres

Um belo poema da companheira Lira, da Marcha Mundial das Mulheres, para marcar a abertura dos trabalhos em 2009...

mulher:
se te ensinaram a ter uma voz mais macia
a amar com paixão
a cuidar com carinho
isso não precisa ser um problema.
mas se sua voz se cala diante de outra mais forte
se o amor vira submissão
e se o cuidado impede a luta
nem que seja por um momento
pode ser necessário gritar,
odiar
e criticar com firmeza:
por amor.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Posicionamento da Marcha Mundial das Mulheres

A Marcha Mundial das Mulheres do Rio Grande do Sul se pronunciou, através de nota de repúdio, quanto à extinção da Coordenadoria de Mulheres da Prefeitura de Viamão, de que falamos ontem. Veja abaixo.

NOTA DE REPÚDIO À ARBITRARIEDADE
DO PREFEITO DE VIAMÃO, ALEX BOSCAINIA

A Marcha Mundial das Mulheres do RS rechaça veementemente a política arbitrária e autoritária de extinção da Coordenadoria da Mulher de Viamão por parte do Prefeito, Sr. Alex Boscaini. A constituição das Coordenadorias da Mulher é uma conquista histórica do movimento social, sociedade civil e de todas as mulheres que necessitam atendimento e políticas públicas próprias.

Vivemos tempos de crescente aumento da violência contra a mulher, de feminilização da pobreza e da marginalidade, tempos em que as políticas públicas e o acesso às mesmas são cada vez mais urgentes e necessários. O município de Viamão registra, a cada dia que passa, o aumento significativo no número de casos de violência contra a mulheres, cada vez mais atrozes, alarmantes e hediondos, sendo a Coordenadoria da Mulher a única estrutura pública de atendimento e execução de políticas de prevenção e reinserção social e econômica para as mulheres.

Nesse contexto, é incompreensível e inaceitável a postura do Sr. Alex Boscaini, que através de um ato extremamente desrespeitoso, autoritário, anti-democrático e machista, demonstra toda a sua limitação e incapacidade de compreensão acerca da situação das mulheres viamonenses.

A Marcha Mundial das Mulheres do RS apoia e se soma às ações e movimentos que estão sendo organizados pelas mulheres da sociedade civil de Viamão contra a truculência e arrogância do Sr. Alex Boscaini. Não podemos nos omitir!

Marcha Mundial das Mulheres do RS

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Mulheres nas ruas

Já que aqui tanto se falou sobre machismo e violência, fica a sugestão de engrossarmos o ato das mulheres por uma vida livre de violência contra as mulheres. A foto abaixo é da manifestação de 8 de março de 2007, em São Paulo. Retirada da página da SOF (Sempreviva Organização Feminista): www.sof.org.br.



Dia 25 de novembro, às 15h
Na Praça do Patriarca, São Paulo/SP

Muitas são as histórias de mulheres que são agredidas, violentadas e mortas por homens, que, na maioria das vezes, são seus maridos, namorados ou ex-maridos e ex-namorados. A imprensa fala dessas histórias como se fossem “loucuras de amor” ou “surtos” motivados pelo fim de um romance. Mas não são. Isso é violência contra a mulher, é crime, e é mais comum do que imaginamos.

Essa violência que as mulheres sofrem é decorrência do machismo, da tentativa permanente dos homens de terem controle sobre elas – pensamentos, vontades, sexualidade e daí por diante – e de eles não aceitarem que elas tenham sua própria vida autonomamente, que digam “não” para eles. A principal forma de exercer esse controle é através da violência, psicológica ou física, o que leva, em diversos casos, à morte.

O caso Eloá e a influência da mídia
Foi isso que vimos recentemente, no assassinato da jovem Eloá Pimentel por seu ex-namorado. E enquanto isso, a polícia não é preparada para lidar com situações como essa; o governador Serra continua sem assinar o Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher; e a mídia segue espetacularizando a morte dessas mulheres, tratando tudo como se fosse um trágico final de novela. Aliás, cada vez mais, percebemos que os meios de comunicação reproduzem o machismo que motiva a violência cotidianamente, através de esteriótipos, de piadas preconceituosas e exposição de mulheres como se fossem produtos.

E em São Paulo, como estamos?
Na cidade de São Paulo, o Prefeito Gilberto Kassab está desmontando a Coordenadoria da Mulher, organismo de governo voltado às políticas para as mulheres. Não há política de atendimento às mulheres em situação de violência e nenhuma política de prevenção à violência. A Lei Maria da Penha é desrespeitada muitas vezes e, hoje em dia, nenhuma Delegacia da Mulher fica aberta após as 18h na nossa cidade – como se a violência acontecesse somente no horário comercial.

Vamos à luta!É por isso a Marcha Mundial das Mulheres e as mulheres da CUT irão para a rua dia 25 de novembro, Dia da Não Violência contra a Mulher: para denunciar os tantos casos que acontecem todos os dias, as mortes de mulheres, o descaso dos governos, a banalização, o tratamento dado pela mídia e a impunidade dos homens – que contam com essa impunidade quando cometem atos de violência, mesmo os mais brutais, como aconteceu com Eloá.