segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

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A música pula pra fora da alma
Como uma pessoa que salta do alto d'um prédio
Consciente de que pode voar.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Três Apitos

Eu tenho a sorte de não ser de um lugar só.

Sinto-me do mundo, e do Brasil, como um mundo em si. Olho e meus olhos se enchem de cores, às vezes, elas caem dos olhos em forma de água salgada. Mas é porque nasceram no peito mesmo, e meu peito é de água do mar.

Nasci na maior cidade da América do Sul, uma linda e louca que me ensinou justamente isso: a gostar do mundo. Me deu os olhos que veem e o peito que sente e fabrica palavras e emoções com a mesma força.



Renasci na minha Porto Alegre, de quem tenho saudades todos os dias. Não sei quem eu sou sem essa eu que nasceu lá.


E a minha Brasília amarela, que tem céu infinito e tanta vida e flores no meio do poder e do concreto, que chega a ofuscá-los. Ela fica bem no meio, não imagino lugar melhor pra ressignificar e reordenar caminhos.


De cada uma eu levo uma porção de coisas. Eu tenho três casas. Tenho a sorte de não ser de um lugar só.

"A tua raça quer partir,
guerrear, sofrer, vencer, voltar.
A minha, não quer ir nem vir.
A minha raça quer passar".
(Cecília Meireles)

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O mar

O mar, quando quebra na praia, é bonito, é bonito
Onde quer que se esparrame
Onde quer que vá quebrar
Em toda areia que pouse
No ventre de qualquer lugar
É bonito, é bonito
Quando em sossego ou agito
Quando em qualquer forma de mar.


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O que você deixou

Não é pelo que você levou.
É pelo que deixou.

Deixou um um fosso sem fim
E nele eu caio, caio, e não paro de cair
Sem esborrachar-me em lugar nenhum.

Deixou uma coisa esquisita que se passa dentro do peito
Que já não reconheço
Porque eu não era mais assim.

Deixou perfume nos lençóis
Que se descola da fronha e vem pro sonho
Me invade pelo nariz, cai na corrente sanguínea
Chega ao coração, gruda, provocando a sensação
De palpitar abafado.

Deixou minha vista embaçada
Porque foi como encontrar o caminho de casa
E, impotente, vê-lo se desfazer na neblina
Que, ao se impor, esfria
Todo o ambiente ao redor.

Deixou esta canção,
Porque eu, quando entristeço
Não choro não imploro não esqueço
Prefiro deixar a tristeza sair
De mim em palavras e notas
Que eu canto por aí
Como chamasse você
De volta.

sábado, 7 de dezembro de 2013