quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A 10 dias das eleições, minha sugestão de voto em Porto Alegre


Moro em Porto Alegre porque sempre gostei da cidade. Quando eu só a visitava como amiga, antes de virar filha adotiva, me encantei pela cor vermelha da capital gaúcha.

Tem vermelho nos pôres-de-sol avistados desde a orla do Guaíba. Tem vermelho nos lenços amarrados nos pescoços, representando o orgulho de sua cultura e de sua história. Tinha vermelho na política, ousada e criativa: a participação popular, o internacionalismo, a intensa solidariedade. A defesa de ideias tão defensáveis, tão cativantes. A integridade vermelha. Essa integridade tem representantes, tem herdeiros. Eu não tenho outro sonho pra sonhar, o meu sonho se esvai pro mundo por meio do mesmo instrumento que escolhi quando comecei a militar. O PT é o guarda-chuva de tudo isso.

O JUBERLEI BACELO tem tudo a ver com a realização da minha vontade de viver em Porto Alegre. Fui jornalista do SindBancários quando ele era seu presidente. Cobri o "passeatão" que abria a greve, logo que cheguei, e me emocionei. O Juba representava tão bem a beleza daquele movimento, que suas palavras no carro de som compunham a paisagem da cidade vermelha, misturada com as bandeiras, aquelas centenas de trabalhadores na rua e aqueles que, de dentro dos prédios, acenavam e aplaudiam.

É um grande líder por isso, mas por bem mais coisas. Só um grande líder não perde a capacidade da solidariedade, de ter atenção a todos à sua volta. De se sentir um de nós e sê-lo. De ser batalhador incansável, sem medo de perder e com muita vontade de vencer.

É por ter muita confiança política e pessoal nesse companheiro, em sua trajetória e, principalmente, no seu presente, que escrevi esta cartinha para sugerir aos amigos e amigas porto-alegrenses que conheçam o JUBERLEI 13.300, que votem no JUBERLEI 13.300 e que nos ajudem a colocar na Câmara Municipal essa figura tão cheia de qualidades que dá sentido ao que vim buscar na minha cidade vermelha.



Facebook: Juberlei13300
Conheça o site da campanha aqui.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Desventura

Um pequeno e sensível poema da minha amiga Chris, Christine Rondon, que se inspirou numa desventura minha para me presentear com palavras doces e tranquilizantes até. Em meio à reta final das eleições municipais, à grande manifestação de Madri, às tentativas de sufocar a Cidade Baixa e emudecer nosso canto, em meio ao fardo pesado do dia-a-dia... Sempre bem-vindo um belo poema. Como ele é meu - já que ganhei! -, batizei-o de "Desventura".


***
Desventura

Ninguém? Julgas que mais ninguém?
Pois te digo que há alguém, e digo-te quem:
Um certo moço, que anda por aí
Sem saber de mim, sem ser de ninguém...

Era um moço de uns trinta anos
Sem nome, aliança ou endereço
E de tanto olhá-lo mal posso dizê-lo
Em sua completa ventura
E minha desventura de não tê-lo.

Era um moço de olhos pequenos
Pele perfeita, como se nem fumasse
E de tudo era ele a própria fumaça
Que se esvaía, penetrava, meu veneno
Que atiçava e aumentava a desventura de não tê-lo.

A boca era o prenúncio da loucura
Os olhos, da perdição, pressentimento
Deixava minhas vontades todas nuas
Nesse jogo de recuos fraudulentos
... Que amalgava a desventura de não tê-lo.

Ninguém mais, julgaria eu também
Não fosse esse moço pilchado, desatento
Que não cuidou que minha pressa o precedia
No desespero de cada minuto em que rompia
A minha completa ventura de não tê-lo.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Catalunha, novo Estado da Europa

Sei que, no dia de hoje, a esquerda brasileira lembra o 11 de setembro de Salvador Allende. Não por solidariedade ao povo chileno apenas, mas porque essa é a nossa história também. Certa de que me sentirei contemplada nessa memória coletiva, peço licença para falar de uma outra luta que tem lugar neste dia: o Dia Nacional da Catalunha.


Os(as) internacionalistas têm a defesa do direito de autodeterminação dos povos no seu gene. Este não é um caso diferente. A identidade catalã vem, há muito, sendo reprimida pela noção de unidade espanhola, repressão essa que não se restringe ao âmbito cultural, mas, por diversas vezes, estendeu-se às vias militares (a ditadura de Franco representou o massacre da Catalunha, por exemplo).

Hoje, os catalães celebrarão sua identidade, e seu desejo de serem um povo soberano. Minha solidariedade a eles, eu expresso da tradução do texto abaixo, de autoria do Col-lectiu Emma.




Uma manifestação diferente no Dia Nacional da Catalunha
Nota sobre a marcha de 11 de setembro em Barcelona

(tradução de Alessandra Terribili da versão em espanhol)


Em 10 de julho de 2010, centenas de milhares de catalães – um povo pouco dado a levantar a voz – saíram às ruas numa manifestação política realmente massiva. A causa imediata era que a Espanha acabava de formalizar sua rejeição ao Estatuto ratificado pelo Parlamento Catalão, aprovado em referendo quatro anos antes. Naquele momento, a revisão do marco legal que regulava o autogoverno foi vista pela Catalunha como uma proposta leal de acordo político dentro da estrutura do Estado. Contudo, em 2010, muitos já davam como impossível esse acordo, e por mais que, oficialmente, não se tratasse de uma manifestação pela independência, esse foi, precisamente, o grito que mais se escutou nas ruas de Barcelona naquele dia.

Dois anos depois, quando os catalães se preparam para celebrar seu Dia Nacional em 11 de setembro, as coisas não melhoraram, em absoluto, e não só pela situação deplorável da economia. É certo que as medidas que o governo espanhol tomou para gerir a crise financeira levaram à defesa da independência muitos que ainda tinham dúvidas, mas o descontentamento catalão é mais profundo. À asfixia a que conduz a atuação espanhola nos âmbitos econômico e político, soma-se um recrudescimento dos ataques contra todos os componentes da identidade nacional catalã. Isso faz imprescindível – e urgente – que os catalães assumam o controle de seu próprio futuro.


Este ano, a manifestação de 11 de setembro terá um lema bem claro: “Catalunha, novo Estado da Europa”. Os participantes cruzarão a cidade até chegar ao Parlamento, onde uma delegação será recebida por sua presidenta. Embora se trate essencialmente de uma iniciativa da sociedade civil, diversos grupos políticos apoiam a manifestação. Alguns líderes e representantes políticos virão a ela com seus partidos, entre eles, o CDC [Convergència Democràtica de Catalunya], um partido moderado de centro-direita que é sócio majoritário da coalizão que governa o país. Muitos outros irão como cidadãos privados, a despeito das ressalvas que suas organizações expressaram. O presidente Artur Mas [presidente da Generalitat, ou seja, do Governo da Catalunha] anunciou que não assistirá, mas o mero fato de haver considerado essa possibilidade – ou alguma outra forma de manifestar seu apoio – é uma demonstração do caminho que a ideia da independência percorreu em poucos anos. Efetivamente, as pesquisas indicam que, se hoje houvesse um referendo sobre a separação da Espanha, essa seria a opção de mais da metade dos votantes, enquanto somente um quinto deles seria contra.

Cada vez mais catalães tomam consciência do dano irreversível que a Espanha está cometendo contra sua economia e sua população, e muitos já não creem que se possa chegar a um acordo com o Estado. Assim, nesta ocasião, não sairão às ruas para reclamar um tratamento justo por parte do governo central, nem para protestar por sua última negativa ou falar da questão; na realidade, o governo espanhol não tem papel algum nesse ato. Em 11 de setembro de 2012, os catalães exigirão diretamente de seus líderes que iniciem o caminho à plena soberania.


***
Que um lindo sol vermelho brilhe hoje no céu de Barcelona.



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Eu sei que vou


Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua
A cada não olhar
A cada despedida, eu vou chorar
Ao contemplar a lua, eu vou lembrar
As não esquinas
As idas e vindas
A minha sina

E cada volta tua
Não há de apagar
Nem remediar,
Anestesiar
Qualquer dor ou soluço
O controle do impulso
O não ficar

Eu sei que vou
Porque sempre fui
Porque sempre estou
Nos versos não escritos
Na pressa do infinito
Nas ondas de calor
Na não chuva
No não amor
No nunca fim
No sempre assim

Eu sempre sou
Porque essa espera
Já se misturou no sangue
É parte de mim