sábado, 24 de novembro de 2012

As coisas como elas não são



Os grandes consensos são estúpidos, estúpidos. Essa história de ver sempre as coisas como elas são. Pois eu fico com outra lógica. Gosto das coisas como elas não são. Criei lentes especiais para ver o mundo. Vejo sorrisos onde há desprezo. Vejo flores em quem eu quiser. Vejo, onde há um caminho, quatro ou cinco diferentes. E onde há 50 mil pessoas, vejo só quem eu quero ver.

As coisas como elas não são têm a poesia da expectativa realizável. A minha vontade de que seja assim não cria uma mentira, mas uma verdade que ainda não aconteceu. Uma verdade ansiosa, que extravasa os limites da realidade só para embelezar os arredores. A verdade mais verdadeira que há está na felicidade das coisas que eu inventei.

Não quero as coisas como elas são. Acordo todos os dias para fazer com que elas sejam o que não são.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Procura-se


Procura-se uma notícia boa
Uma forma de continuar
De não permanecer

Procura-se um sorriso escapado
Um olhar de carinho
Um dia de sol sem trabalho

Procura-se a leveza
A delicadeza
Procuram-se flores que botem cores no caminho

Procura-se um caminho

Procura-se um afago descompromissado
Uma espreguiçada

Procura-se a correspondência perdida no canto
Procura-se o canto
Procura-se o sentido

Procura-se a cidade
A imagem
A coragem
A viagem
A mensagem

Procura-se a leitura
Procura-se a visão
A vista

Procura-se uma forma de não aceitar
De se indignar
De se levantar

Procuram-se as consequências

Procura-se o caos

Procura-se analgésico
Anestésico
Sonífero

Procura-se o túnel
A caverna
A montanha mais alta
De onde se possa jogar um quilo e meio de dor
E depois deixar o corpo descer rolando até o mar

Procura-se o mar

Procura-se um planeta

E se nada disso puder ser encontrado, então viverei a busca eterna debaixo de uma sombrinha vermelha, estampada por bolas de futebol e claves de sol.