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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

11 de setembro: Salve a Catalunya!

Certamente, hoje, com muita razão, muitos(as) lembram Allende e uma parte obscura da história da América Latina. Peço licença a todos(as) para, ao mesmo tempo em que faço coro com vcs, que não deixam o mundo esquecer, lembrar outra história que também tem palco num 11 de setembro.

Em homenagem à histórica luta do povo catalão por liberdade, autonomia e independência, segue abaixo trecho de um modesto poema meu sobre a Catalunha e sua capacidade extraordinária de nunca estar vencida. Llibertat!



BRASIL-CATALUNHA

Com a precisão de uma história bem contada,
No grito forte e na alma lavada,
A sardana e a ciranda se deram as mãos.

Quatro colunas cantam como flautas,
E, como um cavaco na nota exata,
Mergulham a memória na canção.

Na beira do céu, vejo o mestre Telê sorridente,
Celebrando com toda essa gente
Que está protegida por Ogum!
Pois quem souber olhar além do espelho
Pode ser que veja o Sol Vermelho
A bronzear o Abaporu...

Eu queria compor um lindo samba
Que pudesse cantar esse encanto
Para a inspiração dar o recado:
A luta de um povo por liberdade
Não cessa, nem quer piedade
Brilha feliz em vermelho e dourado.

Eu queria recitar os meus versos
Com a leveza do peso da história
Para a melodia ter traços e cores:
Dizer que a beleza é capaz de ganhar
Da dor e da dúvida
E a arte é uma arma de libertar.

Assim, passam-se séculos de peleia,
E se os jornais temerem o fim das cadeias
As ruas em festa, dançando, testemunharão
Pois quem precisa de notícia?
Eu prefiro mesmo a poesia...
Para compor um lindo samba em catalão.

Però qui necessita la notícia?
Jo prefereixo la poesia
Per compondre um bell samba en català.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Catalunha, novo Estado da Europa

Sei que, no dia de hoje, a esquerda brasileira lembra o 11 de setembro de Salvador Allende. Não por solidariedade ao povo chileno apenas, mas porque essa é a nossa história também. Certa de que me sentirei contemplada nessa memória coletiva, peço licença para falar de uma outra luta que tem lugar neste dia: o Dia Nacional da Catalunha.


Os(as) internacionalistas têm a defesa do direito de autodeterminação dos povos no seu gene. Este não é um caso diferente. A identidade catalã vem, há muito, sendo reprimida pela noção de unidade espanhola, repressão essa que não se restringe ao âmbito cultural, mas, por diversas vezes, estendeu-se às vias militares (a ditadura de Franco representou o massacre da Catalunha, por exemplo).

Hoje, os catalães celebrarão sua identidade, e seu desejo de serem um povo soberano. Minha solidariedade a eles, eu expresso da tradução do texto abaixo, de autoria do Col-lectiu Emma.




Uma manifestação diferente no Dia Nacional da Catalunha
Nota sobre a marcha de 11 de setembro em Barcelona

(tradução de Alessandra Terribili da versão em espanhol)


Em 10 de julho de 2010, centenas de milhares de catalães – um povo pouco dado a levantar a voz – saíram às ruas numa manifestação política realmente massiva. A causa imediata era que a Espanha acabava de formalizar sua rejeição ao Estatuto ratificado pelo Parlamento Catalão, aprovado em referendo quatro anos antes. Naquele momento, a revisão do marco legal que regulava o autogoverno foi vista pela Catalunha como uma proposta leal de acordo político dentro da estrutura do Estado. Contudo, em 2010, muitos já davam como impossível esse acordo, e por mais que, oficialmente, não se tratasse de uma manifestação pela independência, esse foi, precisamente, o grito que mais se escutou nas ruas de Barcelona naquele dia.

Dois anos depois, quando os catalães se preparam para celebrar seu Dia Nacional em 11 de setembro, as coisas não melhoraram, em absoluto, e não só pela situação deplorável da economia. É certo que as medidas que o governo espanhol tomou para gerir a crise financeira levaram à defesa da independência muitos que ainda tinham dúvidas, mas o descontentamento catalão é mais profundo. À asfixia a que conduz a atuação espanhola nos âmbitos econômico e político, soma-se um recrudescimento dos ataques contra todos os componentes da identidade nacional catalã. Isso faz imprescindível – e urgente – que os catalães assumam o controle de seu próprio futuro.


Este ano, a manifestação de 11 de setembro terá um lema bem claro: “Catalunha, novo Estado da Europa”. Os participantes cruzarão a cidade até chegar ao Parlamento, onde uma delegação será recebida por sua presidenta. Embora se trate essencialmente de uma iniciativa da sociedade civil, diversos grupos políticos apoiam a manifestação. Alguns líderes e representantes políticos virão a ela com seus partidos, entre eles, o CDC [Convergència Democràtica de Catalunya], um partido moderado de centro-direita que é sócio majoritário da coalizão que governa o país. Muitos outros irão como cidadãos privados, a despeito das ressalvas que suas organizações expressaram. O presidente Artur Mas [presidente da Generalitat, ou seja, do Governo da Catalunha] anunciou que não assistirá, mas o mero fato de haver considerado essa possibilidade – ou alguma outra forma de manifestar seu apoio – é uma demonstração do caminho que a ideia da independência percorreu em poucos anos. Efetivamente, as pesquisas indicam que, se hoje houvesse um referendo sobre a separação da Espanha, essa seria a opção de mais da metade dos votantes, enquanto somente um quinto deles seria contra.

Cada vez mais catalães tomam consciência do dano irreversível que a Espanha está cometendo contra sua economia e sua população, e muitos já não creem que se possa chegar a um acordo com o Estado. Assim, nesta ocasião, não sairão às ruas para reclamar um tratamento justo por parte do governo central, nem para protestar por sua última negativa ou falar da questão; na realidade, o governo espanhol não tem papel algum nesse ato. Em 11 de setembro de 2012, os catalães exigirão diretamente de seus líderes que iniciem o caminho à plena soberania.


***
Que um lindo sol vermelho brilhe hoje no céu de Barcelona.



quarta-feira, 1 de julho de 2009

Nota do PT sobre o golpe em Honduras

O repúdio ao golpe em Honduras é generalizado.

Já manifestaram-se o presidente da Assembléia da ONU e o secretário-geral da entidade, a Organização dos Estados Americanos, o Sistema de Integração Centroamericana, os países da Alba, o Grupo do Rio, a Unasur, a União Européia e os EUA. O governo brasileiro deixou claro que não conciliação possível com o golpismo.

Em Honduras, há um único governo e um único presidente: Manuel Zelaya. Todo o nosso apoio ao povo hondurenho, em luta pela democracia.

Hoje, 30 de junho, ocorreu em São Paulo o primeiro ato público contra o golpe em Honduras. Nova manifestação ocorrerá no dia 2 de julho, também em São Paulo, em atividade realizada pela Central de Movimentos Sociais e partidos políticos, entre os quais o PT.

A direção do PT orienta seus filiados, especialmente os parlamentares e demais figuras públicas, a ampliar a denúncia e as mobilizações de solidariedade. O golpismo militar, articulados com os interesses oligárquicos e seus apoiadores incrustrados no parlamento e na judiciário, não pode vencer. O povo latino-americano, assim como o povo brasileiro, não quer a volta ao passado.

Ricardo Berzoini, presidente nacional do PT
Valter Pomar, secretário de relações internacionais

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Contra o golpe em Honduras

ATO CONTRA O GOLPE DE ESTADO EM HONDURAS!
AMANHÃ, DIA 30 DE JUNHO ÀS 10 HORAS
EM FRENTE AO CONSULADO DE HONDURAS EM SÃO PAULO,
RUA DA CONSOLAÇÃO, 3741 (entre a Rua Oscar Freira e Estados Unidos).

Convocam: Marcha Mundial das Mulheres, MST, CUT, UNE, entre outras forças sociais.




Confira a nota da MMM e REMTE:

Somos todas Honduras! Estamos em resistência!

A Marcha Mundial das Mulheres e a Rede Latinoamericana Mulheres Transformando a Economia nos unimos a todas as organizações feministas e do movimento social de Honduras para condenar e repudiar veementemente o golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya Rosales, dirigido pelas Forças Armadas e pelo presidente do Congresso Nacional, Roberto Micheletti, com apoio dos meios de comunicação controlados pela oligarquia deste país.

Executado pelas forças armadas às 5 da manhã do domingo, 28 de junho, o golpe truncou as aspirações democráticas da população, que se preparava para realizar uma consulta à sociedade hondurenha, para verificar se estava de acordo em convocar uma Assembléia Nacional Constituinte, com o objetivo de elaborar uma nova constituição. Além disso, o golpe militar colocou na presidência Roberto Micheletti, fantoche da oligarquia hondurenha.

Apoiamos a resistência pacífica do povo, em particular das feministas hondurenhas, que estão mobilizados/as em vigílias e greve geral em apoio ao Presidente Zelaya e à restituição da democracia hondurenha, e nos somamos a todos os movimentos sociais para exigir:

- O restabelecimento da ordem constitucional, sem derramamento de sangue.

- Que o Exército não reprima a população de Honduras que exige o retorno da democracia.

- Que se respeite a integridade física das feministas e demais dirigentes sociais, que estiveram a frente da consulta.

- O retorno do Presidente Zelaya a suas funções em Honduras, e o rechaço a Micheletti por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA).

- Que as autoridades garantam o direito da população ao pleno exercício da democracia através da consulta popular.

Denunciamos o papel dos meios de comunicação comerciais, utilizados pelas oligarquias hondurenhas como ferramenta para frear a vontade popular e intermediar, encorajar e justificar o golpe, o que os torna cúmplices.

Conclamamos todas as pessoas, organizadas em movimentos ou não, em nível nacional e internacional, a se manifestarem contra esta agressão aos direitos do povo hondurenho e a divulgar este pronunciamento. Convidamos também a socializar informações produzidas pelos meios populares como a Rádio ELM (www.radioeslodemenos.org) e a Rádio Mundo Real (www.radiomundoreal.fm).

Além disso, convocamos os movimentos sociais a protestar frente às representações diplomáticas e comerciais de Honduras, e a enviar cartas de repúdio ao golpe de Estado às embaixadas em cada um de seus países.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

29 de junho de 2009.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Um adeus a Mario Benedetti

Poeta, escritor e militante político considerado um dos mais importantes escritores uruguaios de todos os tempos.

Morreu ontem em Montevideo, Uruguai, aos 88 anos de idade, o poeta, escritor e militante político Mario Benedetti. Considerado um dos mais importantes escritores uruguaios de todos os tempos, teve vastíssima produção. Escreveu mais de 80 livros de poesia, romances, contos e ensaios, assim como roteiros para cinema. Iniciou carreira literária em 1949 com o livro “Esta Manhã”.

Ao longo das seis décadas como escritor recebeu prêmios importantes como o Ibero-americano José Martí (2001) e Internacional Menéndez Pelayo (2005).

Nascido em 14 de setembro de 1920 no município de Paso de los Toros, norte de Montevideo, Mario Benedetti foi fundador e ativo militante do “Movimiento 26 de Marzo”, uma das forças que lutou contra a ditadura militar durante a década de 1970.

Com o golpe de Estado dado em 27 de junho de 1973, Mario Benedetti deixa o Uruguai partindo para o exílio em Buenos Aires, Argentina. Em seguida, exila-se no Peru, onde foi detido e deportado em 1976, para Cuba. Depois de 10 anos vivendo no exterior, em 1983, volta do exílio para o Uruguai.

A última obra publicada, por Benedetti foi o poemário "Testigo de Uno Mismo", apresentada em agosto de 2008. Antes da última entrada no hospital, Benedetti estava trabalhando em um novo livro de poesia cujo título provisório é "Biografía para Encontrarme".

Com a saúde em situação delicada há mais de um ano, Benedetti encontrava-se em sua casa, na capital uruguaia, quando veio a falecer.

Intelectuais e organizações da sociedade civil de todo continente têm manifestado seu pesar lamentando a morte do escritor uruguaio, dando seu adeus a Mario Benedetti:

“Benedetti significa bendito em italiano, e o único que posso dizer é isso: Benditos os homens e mulheres generosos como ele”, testemunhou seu conterrâneo e também escritor Eduardo Galeano.

Do site Agência Brasil de Fato - www.brasildefato.com.br

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Seis décadas neste dia

Artigo de Gustavo Codas* sobre o primeiro ano do governo de Fernando Lugo no Paraguai, para ampliar em relação ao temário negativo que vem sendo priorizado pela imprensa internacional.

Em 20 de abril do ano passado, o povo paraguaio, através do seu voto, encerrou seis décadas de dominação política do Partido Colorado no país (1947-2008). Nesse período, o Paraguai sofreu a longa e sanguinária ditadura (1954-1989) do general Stroessner, que faleceu velho e doente algum tempo atrás em seu confortável exílio em Brasília, concedido pelo então presidente José Sarney.

Depois da ditadura stronista, militares (que deram o golpe contra Stroessner) e setores do Partido Colorado se reciclaram como “democratas” e, através de manipulações, fraudes e do uso poder econômico, se mantiveram ainda no poder.

Foram décadas de lutas democráticas e populares que, um ano atrás, resultaram na façanha que foi realizada pela candidatura presidencial de Fernando Lugo. Trata-se de um bispo da Igreja Católica identificado com a Teologia da Libertação, que obteve mais de 40% dos votos e derrotou a candidata do Partido Colorado, Blanca Ovelar, e o ex-general Lino Oviedo.

O governo do presidente Lugo é formado por uma ampla coalizão em que há setores moderados, de centro e de esquerda, unidos na Aliança Patriótica para a Mudança (APC, em castelhano) para derrotar o continuísmo colorado.

Essa aliança ampla, porém, se deu sob um programa à esquerda no cenário político paraguaio, que inclui, entre outros pontos, a campanha pela renegociação de Itaipu com o Brasil, a implementação da reforma agrária e a luta contra a corrupção sistêmica que assola o Estado. Isso diferencia o processo paraguaio de outros, nos quais são os setores progressistas que fazem concessões aos moderados para poder juntar votos e vencer as eleições.

Lamentavelmente, a divisão e disputas entre partidos progressistas nas eleições fizeram com que seu número de parlamentares eleitos fosse muito baixo, aquém das possibilidades de se estivessem unificados na mesma chapa proporcional.

De forma resumida, podemos dizer que a vitória de Lugo despertou enormes expectativas de mudanças, ao mesmo tempo em que manteve fortes redutos reacionários (anti-mudança) no Congresso Nacional e nos governos estaduais, que se apoiam mutuamente com um poder judicial atrelado aos colorados. É sobre essa contradição que Lugo assumiu, em 15 de agosto passado, e tem governado nestes oito meses.

Como este é um artigo destinado ao público brasileiro, é fundamental falar, mesmo que brevemente, da relação bilateral.

Não é desconhecido da militância de esquerda brasileira o fato de que a ditadura militar no país implementou uma política de características neocoloniais sobre o Paraguai e que, para isso, teve o apoio do general Stroessner (que, junto com seu entorno, enriqueceram com essa opção). Nos anos 1970 e 1980, isso foi analisado e denunciado por intelectuais da esquerda brasileira como Rui Mauro Marini, Paulo Schilling e Julio José Chiavenatto, entre outros.

Essa herança continuou mesmo depois do fim das duas ditaduras, porque era conveniente para o establishment no Brasil e porque as elites paraguaias coloradas eram herdeiras diretas da política implementada por Stroessner. Somente quando a mudança, finalmente, chegou às duas margens do rio Paraná, é que a questão de superar essa relação construída pelas ditaduras passou a ser discutida. Esse é outro significado do 20 de abril.

É isso que o presidente Lugo propôs quando apresentou oficialmente ao governo Lula sua pauta de negociação em relação a Itaipu, em 17 de setembro passado. O presidente Lula aceitou discutir todos os temas propostos pelo Paraguai e essa negociação está hoje em curso.

Em uma de suas intervenções, no dia 18 de abril, na Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago, o presidente Lugo disse no plenário dos chefes de Estado que “o Paraguai vivia o paradoxo de ter grandes excedentes de exportação de energia elétrica, mas não podia exercer sua plena soberania sobre seus recursos”, e afirmou: “estamos adiantando negociações com o governo do Brasil e creio que junto com o companheiro Lula possamos anunciar em um futuro bem próximo um acordo em que ambos países tenham seus interesses e direitos atendidos”, porque, somente assim, ficaria claro que “realmente estamos em novos tempos em nossa região” (1).

Notas

(1) Mais informação sobre as duas intevenções do presidente Lugo no plenário ver em:
http://www.ipparaguay.com.py/index.php?id=cmp-noticias&n=2647
http://www.ipparaguay.com.py/index.php?id=cmp-noticias&n=2649

Gustavo Codas, paraguaio, 50 anos, foi filiado ao PT em São Paulo de 1984 até agosto do ano passado, quando se desvinculou do partido para integrar o governo do presidente Lugo, no qual é ministro assessor de relações internacionais da presidência. Nos 25 anos que viveu no Brasil (aonde chegou foragido da ditadura do Stroessner em 1983) foi militante sindical cutista e de 1992 até seu retorno ao Paraguai assessor da Executiva Nacional da CUT.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Vitória da esquerda: Mauricio Funes é eleito presidente de El Salvador

Do site do PT.

Com o lema “Nasce a esperança”, o jornalista Mauricio Funes venceu as eleições de El Salvador e será o novo presidente do país. Representante da esquerda, sua vitória encerra 20 anos de hegemonia das forças conservadoras.

Funes recebeu 51,2% dos votos, contra 48,7% o candidato governista, Rodrigo Avila. A vantagem foi de pouco mais de 62.000 votos, segundo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).

Assim que o resultado se consolidou, Ávila, da Aliança Republicana Nacionalista (Arena), reconheceu a derrota, na eleição mais dura enfrentada por seu partido, que governava El Salvador desde 1989. Funes, candidato de oposição pela Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional, (FMNL) representou a mudança para o povo salvadorenho, que foi às ruas comemorar.

''Como presidente eleito de todos os salvadorenhos e salvadorenhas, buscarei beneficiar a maioria da população, independentemente de suas preferências políticas. Saudação a meus adversários com respeito'', declarou o presidente eleito, em seu primeiro discurso após ganhar a disputa. Funes falou em hotel de San Salvador, ao lado da esposa Wanda Pignato, de origen brasileira e representante do Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil para a América Central.

''Neste dia, triunfou a cidadania que acreditou na esperança e venceu o medo. Esta é uma vitória de todo o povo salvadorenho'', acrescentou Funes, em um discurso que lembrou o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na vitória eleitoral de 2002.

''Esta noite deve ter o mesmo sentimento de esperança e reconciliação que tornou os acordos de paz possíveis. Hoje firmamos um novo acordo de paz, de reconciliação do país consigo mesmo. Por isso, convido a todas as forças sociais e políticas para que construirmos um futuro juntos'', afirmou o novo presidente.

Funes prometeu trabalhar ''incansavelmente'' pelo regime de liberdades. “Nosso propósito é converter El Salvador na economia mais dinâmica da América Central'', declarou.

As ruas da capital foram tomadas por partidários do presidente eleito e de seu vice, o ex-comandante da FMLN Salvador Sánchez Cerén, para celebrar a vitória considerada histórica. O triunfo da FMLN veio na quarta tentativa de conquistar o poder depois de 1992, quando a organização se transformou em um partido político, ao fim de 12 anos de guerra civil.

O TSE e os observadores internacionais ressaltaram a normalidade da eleição no país, que segundo dados ainda não oficiais teve uma participação de 60% dos 4,3 milhões de eleitores registrados. O processo eleitoral, contudo, teve denúncias de irregularidades. Observadores informaram que vários cidadãos estrangeiros tentaram votar com identificação falsa. Na semana que antecedeu o pleito, a FMLN alertou para o fato.

Desafios do novo presidente

Violência. El Salvador tem a taxa mais alta de mortes violentas da América Latina devido à ação dos maras ou pandillas (gangues juvenis armadas). Mas os números vem baixando: em 2008 foram registrados 3.179 homicídios, menos do que em 2006, que teve 3.928 mortes.

Pobreza. Afeta 37% da população. Cerca de 10% se encontra abaixo da linha da pobreza. A taxa de analfabetismo em 2005 era de 18,9%.

Crescimento. O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 3,2% em 2008, e a inflação, 5,5%. As exportações se concentram nas manufaturas e no café e a balança comercial apresenta déficit de US$ 5,2 milhões.

Dependência dos Estados Unidos. O país norte-americano é o principal sócio comercial e receptor de mais de 2,5 milhões de imigrantes salvadorenhos. As remessas que estes enviam se converteram na segunda fonte de subsistência do país (17% do PIB) atrás dos serviços (60%).

terça-feira, 10 de março de 2009

Liberdade para Cesare Battisti!

As próximas semanas são decidivas para o desfecho do caso Cesare Battisti. Nos últimos dias, a imprensa brasileira tem buscado repercutir uma agenda negativa em relação a essa questão, amplificando ações isoladas para fazer delas a referência. Sabemos que não é assim. O italiano Battisti tem recebido o apoio da esquerda brasileira e de muitos movimentos sociais.

Abaixo, um artigo do diretor de movimentos sociais da UNE, Juliano Medeiros, que esteve com Battisti há cerca de 20 dias, em Brasília.



Liberdade para Cesare Battisti!

“Como explicar essa Itália que esqueceu sua recente pobreza, seus imigrantes tratados como cachorros, que morriam nas minas belgas, alemãs e francesas? Que esqueceu seu fascismo, nunca enterrado, suas tentativas de golpe de Estado, a máfia no poder, a estratégia de tensão, Gladio, as bombas do serviço secreto nas praças públicas, as torturas aos militantes comunistas, esses mesmos que, não obstante seus erros, rasgaram sua vida para fazer da Itália um país a altura da Europa e que hoje, trinta e cinco anos depois, são tratados como terroristas? (...) De toda maneira, a história não se julga nos tribunais; nossos juízes só poderão ser os que virão lutando por uma sociedade mais justa. Somente eles nos julgarão imparcialmente”

(Cesare Battisti)

Dias atrás, integrei um grupo composto por representantes dos movimentos sociais, partidos de esquerda e representações parlamentares que se reuniu com o escritor e ex-ativista político italiano Cesare Battisti, no Presídio da Papuda, em Brasília. Durante os quase trinta minutos de conversa, ao contrário da imagem difundida pela grande imprensa dentro e fora do Brasil (“terrorista” e “assassino” são termos comumente utilizados pela mídia em geral), Battisti mostrou-se um homem gentil e atencioso. Ele riu, vestiu a camiseta da UNE, agradeceu pela solidariedade dos movimentos sociais e compartilhou sua preocupação quanto ao desfecho do processo de extradição movido junto ao governo brasileiro.

Condenado à prisão perpétua na Itália sob a acusação de homicídio, Cesare foi preso no Brasil em março de 2008. Está, portanto, há quase um ano atrás de grades brasileiras. Diante do pedido de extradição feito pela justiça italiana, Cesare requisitou asilo político ao Brasil. O pedido foi negado pelo Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), órgão do Ministério da Justiça, mas acolhido pelo Ministro Tarso Genro. Desde então, o caso tem tomado proporções de incidente diplomático.

Mas afinal, o que há por trás do pedido de extradição do ex-ativista por parte do governo da Itália? Quais os fundamentos das acusações feitas a Battisti? Qual a situação de outros ativistas em outros países do mundo? Qual deve ser a posição do governo brasileiro? Diante de tantas perguntas, existem outras tantas respostas, diversas e contraditórias.

Cesare Battisti integrou, entre 1976 e 1978, o grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), pequeno coletivo que integrou a luta armada na Itália no final dos anos setenta, sendo um dos numerosos grupos oriundos de uma vertente do movimento autônomo denominada Autonomia Operária. Diferentemente das Brigadas Vermelhas, os PAC eram um grupo pouco estruturado, de organização horizontal, com vários núcleos independentes que podiam conduzir e reivindicar ações armadas livremente.

Em 1979, Cesare é preso e condenado por “crime de subversão” (e não homicídio), fugindo da prisão dois anos depois. Em 1986 é acusado pelo assassinato de dois comerciantes e dois policiais a partir da denúncia de Pietro Mutti, ex-dirigente dos PAC beneficiado pela “Lei dos Arrependidos”. Em 1990, refugiado no México e alegando inocência, Cesare é condenado à prisão perpétua pelo envolvimento nos quatro homicídios. De fato, os PAC reivindicaram os atentados, porém, mesmo o processo que o condenou em 1979 reconhece que Cesare Battisti nunca foi dirigente dos PAC nem “mentor” de operações desta importância. Aliás, na época dos assassinatos, quando das investigações, nunca se levantou a hipótese de Battisti ter feito parte das ações. Foi apenas a partir das acusações de Pietro Mutti que ele passou a integrar o leque de suspeitos.

Pietro Mutti foi peça-chave nas denúncias contra Battisti: só através de seu depoimento as investigações puderam ser retomadas. Segundo a “Lei dos Arrependidos”, militantes presos por participação na luta armada teriam suas penas abrandadas caso denunciassem seus companheiros, contribuindo com a prisão e com o conseqüente desmantelamento das organizações. Pietro Mutti assim o fez, denunciando Battisti, então foragido, como responsável pelos homicídios. Entretanto, com exceção das denúncias feitas por Mutti e do cruzamento de informações feito pela polícia, não há qualquer prova do envolvimento de Battisti nos assassinatos a ele imputados. Além disso, uma ex-militante dos PAC, denunciada por Mutti como cúmplice de Battisti nos assassinatos, foi libertada em 1994 por falta de provas.

Chama atenção ainda, a série de dúvidas que pairam sobre o processo que resultou na condenação de Battisti. Como afirma o escritor Valerio Evangelisti “o processo estava viciado de pelo menos três elementos: o recurso à tortura para estorcer confissão à época da investigação, o uso de testemunhas menores ou com distúrbios mentais, a multiplicação das imputações com base nas declarações de um arrependido de confiabilidade incerta”.

Quanto à prisão no Brasil, é inegável que o governo brasileiro e a Polícia Federal fizeram, num primeiro momento, o trabalho sujo dos seus colegas europeus. A prisão de Cesare Battisti foi divulgada com estardalhaço, como mais uma peça de marketing das forças policias brasileiras. Porém, a repercussão do caso fez com que, em seguida, o Ministério da Justiça passasse a tratá-lo com a devida importância. Com o parecer do CONARE, contrário à concessão do asilo político a Battisti, o Ministro tomou para si a responsabilidade e aceitou, ele próprio, o pedido. Como bem lembra o jornalista Rui Martins, “o Brasil anistiou todos quantos participaram dessa época, durante a ditadura militar. Uma anistia que beneficiou também os profissionais da tortura, que não eram movidos por nenhum ideal de mudar o mundo e justiça social. Fazer uma exceção a esse princípio seria um contrasenso e uma injustiça”. Assim, Tarso Genro, ex-militante de uma organização clandestina, soube fazer valer, em defesa dos que lutaram, a norma que, no Brasil, transforma torturados e torturadores em indivíduos iguais perante a lei.

Ainda assim, amplos setores – sobretudo na imprensa – seguem defendendo a extradição de Battisti. Entre outras, deve-se destacar a reportagem publicada na revista CartaCapital em sua edição de fevereiro. Nela, uma série de pressupostos fundamentam a defesa da extradição de Battisti, sendo alguns deles: a) nos chamados “anos de chumbo” italianos, havia um Estado Democrático de Direito, exemplo de democracia na Europa; b) não houve tortura ou leis de exceção na Itália dos anos 70; c) os crimes cometidos por Battisti não podem ser enquadrados na categoria de “crimes políticos”.

Os fatos, entretanto, desmentem estes argumentos. A Itália, do fim dos anos 60 ao fim dos anos 80, viveu sob a tensão da luta franca e aberta entre fascistas e comunistas. A operação “Gladio”, montada pelo serviço secreto italiano em conjunto com a CIA e a OTAN, tinha como objetivo levar a cabo uma “estratégia de tensão” salvaguardada pelo Estado italiano, executando dezenas de atentados, como explosões, assassinatos e sequestros, muitos deles imputados a organizações da esquerda armada. Da mesma forma, parece ingênuo presumir, tal como CartaCapital, que por não haver uma ditadura, um “Estado de exceção” como no Brasil, não existisse, por isso, um regime à margem da legalidade. A reportagem afirma que “à época, o mundo civilizado reconheceu que a Itália derrotara o terrorismo sem recorrer a uma única, escassa lei de exceção” e diz que Tarso Genro e os defensores de Battisti querem reescrever a história da Itália. Significa que duplicar compulsoriamente a pena de acusados de “atividade terrorista” não se enquadra como lei de exceção? As inúmeras denúncias de tortura – treze, apenas envolvendo testemunhas do caso Cesare Battisti – são invenções, tal como defendem os militares brasileiros? O fato de não existir, no Código Penal italiano, o crime de tortura não é indício suficiente da pouca disposição da Justiça daquele país em admitir o que se passou nos interrogatórios da Digo, a polícia política italiana?

Além disso, CartaCapital retoma uma importante polêmica: de que forma caracterizar um crime “político”? A Constituição Brasileira é clara ao vedar a extradição de qualquer indivíduo condenado por crime de natureza política. Entretanto, na Itália os crimes pelos quais Battisti foi julgado e condenado à prisão perpétua não são considerados crimes políticos. Ora, as ações das quais Battisti é acusado foram motivadas por razões de que natureza, que não política? Não consideramos, no Brasil, os sequestros realizados pelos militantes da esquerda armada como um crime político? Por que deveríamos agir de outra forma no caso Battisti? A matéria de CartaCapital dá a resposta: os crimes cometidos no Brasil são dignos do epíteto “político” porque foram cometidos contra uma ditadura, enquanto os crimes de Battisti tinham como alvo um “Estado de Direito Democrático” que, em que pesem as ações clandestinas em conjunto com organismos de repressão internacionais, mantinha intacta a legalidade. Porém, essa não parece ser, de fato, a verdadeira história.

Nos anos da Guerra Fria, inúmeros governos alternaram-se no poder na Itália, às vezes em poucas semanas. Como demonstrado pela condenação – ainda que prescrita – de Giulio Andreotti, Primeiro-Ministro acusado de envolvimento com o crime organizado, os principais partidos políticos italianos eram compostos de elementos corruptos, de agentes de governos estrangeiros e mafiosos. A política institucionalizada perdeu totalmente a credibilidade. Nesse clima, logo surgiram forças políticas de esquerda e de direita que formaram organizações de tipo político-militar. Na esquerda estavam, dentre outras, as Brigadas Vermelhas, o Poder Operário e os PAC; de outro lado, os fascistas da Terceira Posição e da Vanguarda Nacional, entre outras. É nesse contexto que irrompe a luta armada.

É disputando a “versão” destes momentos da história recente da Itália que o governo e a Justiça italiana retomam a ofensiva sobre ex-ativistas como Battisti. Com o governo fascista de Silvio Berlusconi, iniciativas como estas buscam fazer frente à luta ideológica que se desenvolve sobre o passado da Itália. Infelizmente, CartaCapital, assume o lado “oficial” de Berlusconi & cia. Cabe destacar, por fim, a reação desigual, por parte da Itália, diante da série de pedidos de extradição de ex-ativistas feitos recentemente. Enquanto o governo italiano abre mão de ameaças e intimidação junto ao governo brasileiro, ao mesmo tempo, aceita resignado a negativa de extradição de Marina Petrella, ex-dirigente das Brigadas Vermelhas, por parte do governo da França.

Portanto, ao governo brasileiro, caberia seguir as palavras do professor Dalmo Dallari, segundo o qual “a concessão do estatuto de refugiado a Cesare Battisti é um ato de soberania do Estado brasileiro e não ofende nenhum direito do Estado italiano nem implica em desrespeito ao governo daquele país, não tendo cabimento pretender que as autoridades brasileiras decidam coagidas pelas ofensas e ameaças de autoridades italianas ou façam concessões que configurem uma indigna subserviência do Estado brasileiro”. A diplomacia brasileira soube, em outros momentos, defender o direito daqueles que, com métodos hoje inadequados, lutaram pela justiça e pela igualdade. A palavra agora está com o Superior Tribunal Federal. Liberdade para Cesare Battisti!

(artigo de Juliano Medeiros, diretor de movimentos sociais da UNE e estudante de História da UFRGS)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

SÍ a Chávez y a la continuidad de la Revolución

Victoria popular en el Referendo. El primer mensaje que recibí fue el de Fidel, dijo el líder bolivariano ante la multitud en el Palacio de Miraflores.

CARACAS, 15 de febrero.C Con una contundente victoria del SÍ, la mayoría de los venezolanos decidió enmendar la Constitución y darle la oportunidad a todos los cargos electivos, incluido el presidente, de optar por nuevos mandatos y asegurar la continuidad a la Revolución bolivariana.

Con el 94,2% de las actas de escrutinio, el SÍ a favor de la enmienda constitucional recibió el 54,36% de los votos, 8,6% de ventaja sobre el NO, que alcanzó el 45,63%, según el reporte de Tibisay Lucena, presidenta del Consejo Nacional Electoral, sobre el resultado del referendo constitucional que tuvo lugar este domingo.

( Qué Viva la Revolución venezolana!, ( Qué viva el socialismo!, proclamó el presidente Chávez en sus primeras palabras ante la multitud que esperaba la proclamación oficial de los resultados ante el Balcón del Palacio de Miraflores.

A Esta victoria es tuya también Fidel, del pueblo cubano y de todos los pueblos de América Latina@ , dijo tras leer el mensaje del líder de la Revolución Cubana en que felicita a Chávez y a su pueblo A por una victoria que por su magnitud es imposible medirla@ .

Con estos resultados, el pueblo venezolano votó con la mira puesta en el 2012 cuando tendrán lugar las próximas elecciones presidenciales, en las cuales el mandatario bolivariano y otros cargos electivos no habrían podido ser candidatos por las limitaciones de la Constitución que hoy fue enmendada.

Orlando Oramas León