segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

...

A música pula pra fora da alma
Como uma pessoa que salta do alto d'um prédio
Consciente de que pode voar.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Três Apitos

Eu tenho a sorte de não ser de um lugar só.

Sinto-me do mundo, e do Brasil, como um mundo em si. Olho e meus olhos se enchem de cores, às vezes, elas caem dos olhos em forma de água salgada. Mas é porque nasceram no peito mesmo, e meu peito é de água do mar.

Nasci na maior cidade da América do Sul, uma linda e louca que me ensinou justamente isso: a gostar do mundo. Me deu os olhos que veem e o peito que sente e fabrica palavras e emoções com a mesma força.



Renasci na minha Porto Alegre, de quem tenho saudades todos os dias. Não sei quem eu sou sem essa eu que nasceu lá.


E a minha Brasília amarela, que tem céu infinito e tanta vida e flores no meio do poder e do concreto, que chega a ofuscá-los. Ela fica bem no meio, não imagino lugar melhor pra ressignificar e reordenar caminhos.


De cada uma eu levo uma porção de coisas. Eu tenho três casas. Tenho a sorte de não ser de um lugar só.

"A tua raça quer partir,
guerrear, sofrer, vencer, voltar.
A minha, não quer ir nem vir.
A minha raça quer passar".
(Cecília Meireles)

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O mar

O mar, quando quebra na praia, é bonito, é bonito
Onde quer que se esparrame
Onde quer que vá quebrar
Em toda areia que pouse
No ventre de qualquer lugar
É bonito, é bonito
Quando em sossego ou agito
Quando em qualquer forma de mar.


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O que você deixou

Não é pelo que você levou.
É pelo que deixou.

Deixou um um fosso sem fim
E nele eu caio, caio, e não paro de cair
Sem esborrachar-me em lugar nenhum.

Deixou uma coisa esquisita que se passa dentro do peito
Que já não reconheço
Porque eu não era mais assim.

Deixou perfume nos lençóis
Que se descola da fronha e vem pro sonho
Me invade pelo nariz, cai na corrente sanguínea
Chega ao coração, gruda, provocando a sensação
De palpitar abafado.

Deixou minha vista embaçada
Porque foi como encontrar o caminho de casa
E, impotente, vê-lo se desfazer na neblina
Que, ao se impor, esfria
Todo o ambiente ao redor.

Deixou esta canção,
Porque eu, quando entristeço
Não choro não imploro não esqueço
Prefiro deixar a tristeza sair
De mim em palavras e notas
Que eu canto por aí
Como chamasse você
De volta.

sábado, 7 de dezembro de 2013

sábado, 30 de novembro de 2013

A dor da pele

A dor da pele
A dor da pele
A dor da pele

A dor da pele
Dói rasgando
Adormece
Adoece
A dor da pele

A dor da pele
Não amortece
A dor da alma

A dor da alma
A dor da alma
A dor da alma

A dor da pele
Amanhece
Na dor da alma

Na palma
No açoite
No choque
Na violação do corpo
Na fome
Na cela

A prisão do sonho
O sequestro de si

E do que se fez

O exílio da alma

A dor da pele
O grito
A dor da pele
O pranto
A dor da pele
A dor da pele
A dor da pele
Sem morrer

Acorda
A dor da alma
A dor da alma

A dor da alma
Ardendo
Ninguém olhando
A dor da pele
Fisgando
Tudo escondido


A pele cicatriza
A alma queima
A dor da pele
A dor da pele
A dor da pele

A dor da alma
Encarcerada
Num corpo
Que não reconhece

Os muros
Cercando a pele
De quem tem alma
Eterna


A dor da pele 
Encarcera
A alma

A dor da alma
A dor que varre a alma

A dor que expropria
A alma

De dentro do corpo
Que a pele cobre

Que a alma habita
Um grito

A dor da pele
É pra vingar
A dor da alma

A dor da alma
As dores da alma

A dor das almas

A dor da alma

Dói nas almas
E se torna borboleta
Pousando de corpo em corpo
Distribuindo pólen
Pra fazer nascer
Liberdade

A dor da alma
É pra fazer justiça
À dor da pele

domingo, 20 de outubro de 2013

O meu lugar

O meu lugar que ficou
Andou
Enquanto eu parava

O meu lugar que parou
Rezou
E eu nunca rezava

O meu lugar que me falou
Brotou
Em mim, em paz

O meu lugar
Já me sabe demais

E lá vou eu partir
Vou outra vez ouvir
A música d'onde eu nem estava

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Olhar e ver

Os olhos olham
Vidram
Ficam ali, vidrados
O resto se desfoca
E os olhos parados
Preguiça de voltar a ver
Tudo como é
No foco

Os olhos vidrados
Desvidram
Veem

Aquilo que
Já era pra ter visto
Mas a hora
Era agora.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

11 de setembro: Salve a Catalunya!

Certamente, hoje, com muita razão, muitos(as) lembram Allende e uma parte obscura da história da América Latina. Peço licença a todos(as) para, ao mesmo tempo em que faço coro com vcs, que não deixam o mundo esquecer, lembrar outra história que também tem palco num 11 de setembro.

Em homenagem à histórica luta do povo catalão por liberdade, autonomia e independência, segue abaixo trecho de um modesto poema meu sobre a Catalunha e sua capacidade extraordinária de nunca estar vencida. Llibertat!



BRASIL-CATALUNHA

Com a precisão de uma história bem contada,
No grito forte e na alma lavada,
A sardana e a ciranda se deram as mãos.

Quatro colunas cantam como flautas,
E, como um cavaco na nota exata,
Mergulham a memória na canção.

Na beira do céu, vejo o mestre Telê sorridente,
Celebrando com toda essa gente
Que está protegida por Ogum!
Pois quem souber olhar além do espelho
Pode ser que veja o Sol Vermelho
A bronzear o Abaporu...

Eu queria compor um lindo samba
Que pudesse cantar esse encanto
Para a inspiração dar o recado:
A luta de um povo por liberdade
Não cessa, nem quer piedade
Brilha feliz em vermelho e dourado.

Eu queria recitar os meus versos
Com a leveza do peso da história
Para a melodia ter traços e cores:
Dizer que a beleza é capaz de ganhar
Da dor e da dúvida
E a arte é uma arma de libertar.

Assim, passam-se séculos de peleia,
E se os jornais temerem o fim das cadeias
As ruas em festa, dançando, testemunharão
Pois quem precisa de notícia?
Eu prefiro mesmo a poesia...
Para compor um lindo samba em catalão.

Però qui necessita la notícia?
Jo prefereixo la poesia
Per compondre um bell samba en català.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Herói Humano

Era um herói tão humano
Que algo lhe iria assustar.
Para os outros, destemido.
Para ele, alguém a buscar
Uma coisa que perdera
N'algum outro lugar.

Não sabia bem o que era,
Nem onde iria encontrar.
Saiu a ganhar o mundo,
Chamando na flauta a dó
De quem nada tinha a ganhar.

Certa vez, nosso herói
Atravessou um deserto
Sozinho.
Nem percebeu o caminho.
E quando chegou, cansado,
Mal teve o tempo parado
De orgulhar-se de si.
Logo viria a partir,
Desbravar novas terras inglórias,
Recompor-se no som da memória,
No tom das dores ardidas
Cantadas em verso e prosa
Em todo canto da vida.

E ele não temia.

A montanha era alta,
As árvores, pouco amistosas,
O chão, superfície rochosa
A desafiar sua flauta.

O frio não lhe assustava,
O escuro era seu camarada.
As pessoas eram sem rosto
Os livros não tinham consolo.

A flauta ainda cantava...

E seguiu, sem armadura.
Como fosse familiar.
Mas tudo mudou de figura
Quando o herói chegou lá...

Lá era maior.
Fez caretas para assustar.
E nosso herói destemido
Preferiu o trajeto voltar...
Por vias sem acidentes,
Para bem longe de lá.

E quem poderia supor
Que o calcanhar de aquiles
Do bravo compositor
Era lá
Maior do que a própria montanha,
Que toda blasfêmia e infâmia,
Que com as próprias mãos escalou?

sábado, 17 de agosto de 2013

Professor Darcy Alves

Porto Alegre e seus personagens...
***



          Ele nunca lecionou, nem cursou magistério ou algo que o valha. Mas é professor para aqueles cuja noite ilumina com seu canto e seu violão. É professor porque é uma referência de música, de boemia, de alegria, de disposição.

           Professor Darcy Alves acompanhou gente muito grande como Lupicínio, de quem foi amigo, e Jamelão. Nas noites de quinta-feira no Parangolé, lá vinha ele trazer Noel, Chico, Lupi e tanto outros para nos fazer companhia, fizesse chuva, lua, frio ou calor. Em outros dias da semana, lá estava ele também. Fumando seu cigarrinho do lado de fora, bebendo sua cerveja, contando histórias e até dando conselhos.

- Como vai o senhor, Professor?

- Melhor agora que você chegou!

            Ele diz isso para todas. Com o mesmo charme e sorriso cativante.

- Oi, minha cantora predileta.

            Ele provavelmente também diz isso pra todas. Eu finjo que é só pra mim.

            Eu já disse inúmeras vezes ao seu Cláudio. Temos que botar um banquinho de concreto na frente do Parangolé, e uma estátua do Professor sentado fumando. Ele fuma de pé, mas isso é porque não tem o banco. Uma coisa tipo Drummond em Copacabana. Com um sorriso enorme e uma cara de quem tá cantando.

            Com os amigos de bar, rimos que ele é um patrimônio de Porto Alegre. E é mesmo. Um patrimônio que foi tombado aos poucos, “devagarinho, de mansinho, que é pra não cansar”. Vai ver esse é o segredo da vitalidade.


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Ao professor Nicola, do Colégio Agostiniano São José em 1991

Eu sempre gostei dos versos, sei lá por quê. Sempre gostei, desde pequena. Lembro que quando a forma de escrever era livre, na escola, nas aulas de redação, eu escrevia poesias. Não conhecia Drummond, Bandeira, Florbela. Mas achava legal me expressar assim.

Um dia, tinha um professor de História, que pediu pra gente escrever sobre os aposentados. Escrevi em versos. Lembro bem.

Lembro que ele leu meu poema pra turma toda e me fez prometer que eu nunca deixaria de escrever poesia, mesmo se, nas palavras dele, "um namorado não gostasse" do que eu faço.

Pois hoje, eu diria, pro meu professor Nicola, se tivesse oportunidade, que nunca ninguém me tirou e nem vai tirar, da poesia. Escrevi um livro. Tenho material pra mais. Tenho vontade pra mais. Tenho tempo e prioridade. Pra mais.

Na minha vida não cabe ninguém que não goste do que eu faço. Críticas ao que faço, recebo. Críticas ao tempo que dedico, não.

Fique tranquilo, meu profe. Não vou deixar de fazer o que tu me viu fazer há mais de 15 anos. E aquele incentivo, nunca esqueci. Queria que tu lesses isto, pra se orgulhar de mim hoje. Porque sou grata de tê-lo encontrado há esse tempão atrás.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Eu devia...

Eu devia ler mais textos de Ciência Política
De Paleontologia
De Análise Sintática
Devia ver mais futebol, ir mais à praia
Devia ler cartas de amor dos outros
E reler as minhas

Devia ver uns filmes
Ouvir músicas novas
Acho que devia aprender a surfar
Dar cambalhotas
Devia gastar mais tempo no café
Devia desligar a TV quando escrevo
E ligar o rádio quando durmo

Eu devia ir à feira,
Acordar a tempo
Eu devia dar tempo
Ao tempo
Eu devia andar no tempo
certo
Eu devia ter errado menos

Eu devia nem me importar

Falar mandarim
Comer lambari
Andar de pé na areia
Pisar na lua cheia
Fazer ioga
tae kwon do
Devia saber digitar em braile
Cantar pra espantar os meus males

Eu devia fazer tanta coisa
Mas só fico que nem boba
Imaginando finais
Pra tudo que eu
Sozinha
Inventei.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A Clara Nunes, em seus 71 anos...

Um dia, um ser de luz nasceu. Era 12 de agosto de 1942. Filha de uma família pobre, órfã desde muito cedo. Lá pelas tantas, entregou-se ao sonho de ser cantora. Saiu do interior, foi para Belo Horizonte. Largou a fábrica, onde era tecelã. Foi para o Rio de Janeiro. Lá, havia quem dissesse que "ela não é cantora". Procurou-se em diversos estilos e modismos até encontrar-se na mais autêntica e genuína música popular brasileira. Filha de Ogum com Iansã, primeira mulher a estourar em venda de discos. Referência fundamental da valorização da cultura afro-brasileira, quis cantar as coisas do nosso povo. Quando ainda cantava boleros e músicas românticas, ao acompanhar Jair Rodrigues numa excursão de trabalho por Buenos Aires, ouviu-o recomendar: "canta um samba, que é o que eles querem aqui". Ela chorou: "eu não sei cantar samba".

Eu sempre me pergunto o que seria do samba, hoje, se ela nunca tivesse realizado seu sonho de ser cantora. Mas eu me pergunto mais é como seria o mundo hoje se ela não tivesse partido tão cedo.

Muito obrigada a todos os orixás por terem permitido que Clara tenha estado entre nós. Roubando os versos de Mário Quintana, "parece um sonho que ela tenha vivido".

A bênção, Clara Nunes!


terça-feira, 6 de agosto de 2013

A vida é mais longa que pra sempre

Eu sou noveleira confessa e não tenho vergonha.

Outro dia, não sei por que, lembrei de uma novela que vi muitos anos atrás. Muitos mesmo. Nem ficou para a posteridade, acho que era ruim. Era de 18h. Tony Ramos era o personagem principal, um cara que tinha memória de vidas passadas. Tinha vivido um grande amor impossível, acho que foi morto por isso e, em seu leito de morte - ou no dela, não lembro -, combinaram de se encontrar numa vida posterior. E lá estávamos nós acompanhando a vida posterior.

Ele tinha consciência de estar procurando essa mulher da vida passada. Chegou a um velho casarão que quase caía aos pedaços, e lá estavam uma moça (Viviane Pasmanter), um senhor idoso (Elias Gleizer) e uma criança (x). Todos muito pobres, sem teto. Tornaram-se grandes amigos dele, parceiros nessa busca. O casarão tinha a chave da resposta. Foi lá, em séculos passados, que a história andou.

O mocinho se apaixonou por uma mulher (Helena Ranaldi), e outra se apaixonou por ele (Paloma Duarte). Esta, sabendo da ânsia do Tony Ramos pela princesa da sua lembrança, chegou a se fazer passar por ela. Ele tentou, a novela inteira, descobrir em qual das duas residia sua "Valentina" - o nome dessa personagem foi o único que eu não esqueci.

No final da novela - cujo nome não lembro de forma alguma -, a mulher que tinha sido seu grande amor na outra vida era aquela que, agora, se tornara sua melhor amiga (Viviane). Apaixonada por outro. E ele, pela Helena Ranaldi. Não terminam juntos, porque cada um tem seu próprio final feliz nessa vida que acompanhávamos. Tinham amor um pelo outro, amor de amigos, de companheirismo. Cada um tinha sua própria vida, afinal, sem serem reféns do destino ou de uma promessa feita há tanto tempo ( ! ).

Eu, adolescente que era, adorei a imprevisibilidade. Hoje, lembrando, gosto da ideia de que não há destino, nem "amor da vida". O amor está onde você o coloca, e sempre tem contexto. SEMPRE tem contexto. Tipo... viver agora aquele grande amor que você não pôde viver dez anos atrás talvez não faça sentido.

Imaginar finais para histórias que nunca puderam continuar é tarefa para roteiristas, escritores, poetas. A idealização do que nunca foi, rivalizando covardemente com a vida real. A glamourização do "se". A invenção do sim. Enquanto isso, a vida real acontece do lado de fora de si.

Quem presta atenção demais ao que passou sem nunca ter sido, somente cria novas situações de frustração para depois... O belo casarão sempre vai estar lá. Mas a Valentina não vai ser pra sempre a mesma pessoa.

sábado, 3 de agosto de 2013

Eu queria...

Eu queria tanto que não tenho...
Mas vou lhes dizer.

O que eu não tenho,
O mundo não tem também.

Hoje.
Por enquanto.

Eu queria que não houvesse disputas
Por um lugar
Porque haveria lugar
Pra qualquer um que quisesse
Seu lugar.

Eu queria que as pessoas não se protegessem,
Muito,
Porque um pouco, tudo bem.

Eu queria entender claramente.
E poder dizer claramente também.

Eu queria viver conforme penso,
E pensar conforme vejo
A vida
Sofrida
Ou não.

Eu queria cantar
Sem amarra
Alguma.

Eu queria...
Tanto que não tenho,
Um dia de sol
No frio,
Um dia de liberdade
No vazio...

Mas sei
(oh, eu sei)
Que desta dor, assim, pungente,
Sou eu só uma agente,
E alguém há de viver
Esta dádiva
Que construímos
Entre tanta gente.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sem Clima

Samba de minha própria autoria... 
***

Sei lá, sei não!
Quando será que ele sente alguma emoção?
É chuva de areia no ar
Deserto pra tudo secar
É a frente que esfria a estação
É uma fria, esse cidadão

Se eu chego perto sorrindo
Ele dá meia volta, e 'inda fecha a cara
Se eu faço qualquer favor
Ele aceita bem sério e nem diz obrigada
Se eu convidar pra sair,
É capaz de ele rir
Pra fazer exceção
Até o sangue dele também
Tem que entrar no trem
Pra ir pro coração.

Sei lá, sei não!
Quando será que ele sente alguma emoção?
É chuva de areia no ar
Deserto pra tudo secar
É a frente que esfria a estação
É uma fria, esse cidadão

Não tem hidratante potente
Não tem umidade em cidade nenhuma
Pra amolecer esse moço
Nem reza de crente, nem nossa macumba
Acho que se um belo dia
Alguém com malícia
O cativa em vão
Pode apostar que na certa
Essa lágrima seca
E nem chega no chão

Sei lá, sei não!
Quando será que ele sente alguma emoção?
É chuva de areia no ar
Deserto pra tudo secar
É a frente que esfria a estação
É uma fria, esse cidadão!



***
Aqui o vídeo... O áudio não é bom e o esquema é todo meio improvisado. Mas esta é minha música, acompanhada de Leonel Costa (violão), Diogo Bamboocha e Renatinho Lara (percussão).



terça-feira, 16 de julho de 2013

O médico

Não quis ser médico desde pequeno. Primeiro, quis ser astronauta, depois, piloto de avião. As experiências da vida real, acumuladas no desenvolver dos anos, levaram-no a se aproximar da biologia. Queria conhecer o corpo humano e aprender a intervir nele para curar doenças. Não decidiu ser médico para ser herói. Quis ser médico porque não se imaginava fazendo outra coisa para viver.

- Mas Téo, é um vestibular muito difícil!

- Então, eu vou ter que estudar mais que os outros.

- E a faculdade é difícil também...

- Então, vou ter que estudar ainda mais depois que passar no vestibular.

- Se for particular, é cara pra caramba...

- Então, terei que me endividar.

Era coisa de vocação mesmo.

Dona Cotinha era costureira e seu Jair era mecânico, dos melhores da cidade. Viviam tranquilos, mas sem fartura. Téo era filho único, adotado pelos pais aos cinco anos de idade já, mas isso nunca foi motivo para mágoas ou síndrome de rejeição. Era muito grato pelo carinho e o apoio que sempre encontrou em casa, e não tinha curiosidade para buscar quem o abandonou.

Demorou, mas ele entrou na faculdade de medicina. Era paga, era cara. O pai pegou um empréstimo no banco, Téo conseguiu crédito educativo – era o que havia naquela época. Sabia que sairia da faculdade empregado e ganhando bem. O trabalho pagaria os anos de estudo.

Formou-se em seis anos, batalhou para especializar-se na área que escolheu ao longo desse tempo. Enquanto não conseguia ser admitido na residência em oncologia, atendia num posto de saúde na periferia de São Paulo. Chegou a trabalhar num consultório privado, com exames admissionais e demissionais, mas não gostava.

No posto de saúde, sentia que os colegas não gostavam muito dele. Não era o mais jovem, mas era o médico com menos tempo de formatura. Parecia-lhe que não era querido porque gastava muito tempo com cada paciente... Os outros médicos tinham agilidade nas consultas. Téo sabia bem quando a criatura só queria um atestado para faltar ao trabalho, mas, mesmo nessas situações, procurava avaliar se o paciente encontrava-se em estado emocional abalado, cansado, deprimido... Quando era assim, entregava o tal atestado, e pedia que a pessoa descansasse, procurasse ajuda para enfrentar o estresse. Se não, enfiava uma injeção no espertinho, ou oferecia balas coloridas, e o mandava para a labuta em seguida.

Certa vez, adentrou seu consultório uma senhora. Ela aparentava mais de 80 anos, mas, segundo o prontuário, tinha menos de 70. A pele estava muito enrugada e seus movimentos eram limitados. Queixava-se de dor. Ao doutor, pareceu lesão por esforço repetitivo.

- O que a senhora faz, dona Cleuza? – perguntou.

- Ô moço, eu já fiz muita coisa... Agora não consigo fazer nada... – a voz da mulher era de melancolia, mas ela sorria.

- Mas qual era a sua profissão?

- Eu já fui tecelã numa fábrica. Muito tempo. Depois, a fábrica mandou tudo nós para a rua. E aí eu fazia o que aparecia. Já vendi pipoca na frente do teatro, já fui babá... Mas o que eu fiz mais na vida foi faxina, viu.

- Trabalhava como faxineira? Em muitas casas?

- Doutor, teve uma época que estava mais difícil. As patroas dispensavam a gente. Mas depois tinha faxina pra fazer todo dia da semana, de segunda até domingo!

- Sem descanso?

- Mas se descansar, não ganha, né, doutor.

Téo ficou em silêncio por segundos que não passaram despercebidos. O olhar vagou para longe, e a senhora notou.

- Sua mãe também é faxineira, é?

- Não, não, ela era costureira. Hoje se aposentou.

- Eu não sei me aposentar, doutor.

Foi como sentir um nó de lençol na garganta. Nem um oceano de saliva fazia aquilo descer. O doutor achou melhor resgatar a conversa.

- As dores aparecem com algum movimento específico? Ou elas duram o tempo todo?

- Doutor, eu não consigo fazer nada mais... – o sorriso desapareceu – Eu não consigo mais trabalhar, eu não consigo nem estender minha roupa, doutor! Se nem cuidar da minha casa eu posso mais, pra que eu sirvo?

Dona Cleuza começou a chorar. Um pouco, e envergonhada, tentando segurar. O médico ficou sem reação por alguns instantes, depois se ajoelhou ao lado dela, secou suas lágrimas com um lenço e perguntou:

- Quantos anos a senhora tem?

- Eu tenho 68, mas minha mãe dizia que fui registrada na data errada. Não sei se tenho 68 ou 67, o senhor precisa saber disso com certeza?

- Não preciso não – ele lhe sorriu – Deite-se aqui, vamos examinar essas dores.

Dizendo isso, Téo deitou dona Cleuza na maca, ainda consternado pela situação anterior. As palavras se misturavam na cabeça dele, queria dizer algo doce, confortável, mas não sabia bem. Enquanto isso, dona Cleuza ajeitava-se sobre a maca, secando as últimas lágrimas que insistiam em transbordar.

- Dona Cleuza, é normal que a senhora tenha mais dificuldades para realizar certas tarefas – ele começou – A senhora já fez muito por este mundo, é hora de este mundo fazer algo pela senhora...

- Não dá pra contar com isso não, doutor, é o meu serviço, a minha casa, eu não posso não conseguir, é estranho, eu tenho medo, o que vai ser de mim se eu nem posso estender uma roupa?! – a voz ficou chorosa de novo.

Ele se calou. Achou melhor não insistir no assunto naquele momento, para evitar que ela se aborrecesse muito. Antes mesmo de lhe tirar a pressão ou medir os batimentos cardíacos, pensou em apalpar as regiões que ela disse que doíam. Ia fazer isso quando a mulher afastou-se e arregalou um pouco os olhos, mirando o doutor com uma certa feição de preocupação:

- Doutor! O senhor não vai vestir as luvas pra encostar em mim?!

Enquanto dava sequência ao seu procedimento, sem olhar nos olhos de dona Cleuza, ele respondia calmamente que não era necessário, afinal... Foi quando ele caiu em si. Entendeu a pergunta. Entendeu a dúvida.

Parou o que fazia. Sentiu muita tristeza, aquele nó na garganta voltou maior, depois virou água e subiu até os olhos. Doutor Téo quis chorar de vergonha, mas controlou-se firme. Que tipo de gente faz isso? Tem nojo de uma senhora pobre?! Inofensiva, ingênua, coitada! Pensa que ela não vai perceber isso? Gente que se anuncia como salvador de vidas e se recusa a tocar numa senhora saudável?

Que crueldade fazê-la pensar que é natural que sintam nojo de sua pele cansada, enrugada. A pobreza não é bonita. Os anos se passam e levam a vivacidade dos movimentos, a destreza dos pensamentos, levam a leveza, a pele lisa. Aos idosos e às idosas, resta lembrar que conseguiam fazer as coisas, quando eram vistos. Quando não precisavam contar com a paciência de quem quer tudo com a pressa de anteontem. Os tempos mudam.

Que tipo de gente, meu Deus?! Que tipo de gente se recusa a encostar numa velha ex-faxineira que sente as dores de ser pobre, mulher, idosa? De viver na periferia e não ter direito aos sonhos e aos encantos do consumo que ela vê pela TV, quando tenta se distrair de sua própria vida. De viver na periferia e acostumar-se a não ter direitos, a mais nem saber o que são direitos. Aqueles que deveriam curar suas dores? Aqueles que deviam trabalhar para que ela se sentisse bem, são esses que têm nojo dela? E ela pensa que isso é normal?!

Acostumou-se a ser um fardo. Os dois ônibus lotados que pegava para chegar à casa da patroa, não podia reclamar deles, porque ninguém ouviria. Já era suficientemente bom que eles existissem e permitissem que ela cumprisse seu trajeto. Era normal, também, cuidar sozinha de seis filhos. Trabalhar, cuidar da casa. Lavar, passar, cozinhar para a sua e para outras famílias. Nunca teve tempo livre, como tivera seu marido – que Deus o tenha –, que gostava de beber e de jogar bola. Ela se divertia sabendo das histórias da vizinhança. Era normal. Assim como era normal que os médicos usassem luvas para tocar nela, mesmo que ela não apresentasse nenhuma enfermidade contagiosa.

Téo foi para casa pensando em dona Cleuza. Jantando, chegou a passar-lhe pela cabeça abandonar a medicina. Se não conseguia suportar a dor de uma senhora como aquela, como poderia tratar o câncer de alguém? Talvez, quando fosse oncologista, não atenderia mais pessoas como dona Cleuza. Não assinaria atestados para trabalhadores tristes e frustrados. Não daria balas coloridas fantasiadas de remédio para aqueles que só queriam uma tarde livre. Mas lhe permitiriam passar muito tempo com um único paciente.

Téo não abandonou a medicina. Voltou ao posto dali a dois dias, na sua escala. Algumas semanas depois, ele estava ali, atarefado e preocupado com a prova de residência que se aproximava. Atendia uma pessoa. Em plena consulta, a recepcionista o chamou pelo telefone:

- Doutor Téo, tem uma senhora aqui que só aceita ser atendida pelo senhor.

- Eu estou com paciente, não sabe?

- Sim, senhor, mas ela insiste...

- É alguém de retorno? Quem é?

- Não é retorno não... O nome dela é Cleuza... Ela só quer ser atendida pelo senhor.

- Tudo bem, faça-a entrar quando este aqui sair.

Não se lembrou de quem se tratava.

Quando dona Cleuza entrou, porém, ele reconheceu imediatamente. Levantou-se e foi até ela.

- E a senhora, como está?

- Vim lhe trazer isso!

Sorridente, estendeu ao doutor uma barra de chocolate. Essa mulher era doutora em roubar-lhe as palavras.

- Eu ainda não fui no massagista como o senhor mandou...

- Fisioterapeuta! – ele interrompeu, corrigindo-a.

- Mas é que o remédio me ajudou, eu vim agradecer.

- A senhora tem que ir ao fisioterapeuta mesmo assim, dona Cleuza...

Quando ela saiu, ele foi conferir seu prontuário. O que mesmo eu a mandei tomar? O prontuário dizia: medicada com “H.B. Well”. E lembrou-se do desfecho daquela consulta.

Ele lhe dera as balinhas coloridas, que, para outros, serviam como falsos medicamentos. Para ela, era para comer uma a cada vez que pedisse ajuda a alguém para realizar as tarefas domésticas. “A senhora só vai melhorar se parar, por um tempo, de repetir esses esforços”, lembrou que disse.

Ao deixar o posto, à tarde, ouviu a piada de colegas: “conseguiu atender mais que cinco pessoas hoje, doutor Téo?”. “Vocês conseguiram atender alguém desde que se formaram?”, devolveu. Ultrapassou a porta e sorriu satisfeito. Que bom que dona Cleuza já não sentia dores.

terça-feira, 9 de julho de 2013

A volta


Eu quis ficar
Porque você me dá vontade
De ficar.
De amanhecer e anoitecer em ti
E florescer, quando assim for;
Me recolher, ser sol e me pôr.

Eu quis ficar
Porque te conheço
E me conheces ainda mais,
Porque me abraças quando preciso
Porque sorris quando é tempo de paz
Porque dizes muito e sempre
E, iluminada, ilumina meu canto
    Qualquer um que eu cante.
    Qualquer um que eu vá.

Eu quis ficar
Porque me pedes
Em preces e batuques
Porque me chamas
Me ardes
Me invocas nas tardes
Vermelhas.

Eu quis ficar
Porque choraste
Ao ver-me partir.
Porque és arte
A utilizar-se de si
Para desnudar-me,
A abrir-me caminhos,
E me levar.

Eu vou ficar
Para nunca mais
Sentir tua falta
Ou sentir-me faltar
Em mim.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Conto de Areia...

Clara Nunes gravou "Conto de Areia", de Romildo Bastos e Toninho Nascimento, em 1974. Foi a partir dessa música que ela definitivamente tornou-se uma estrela do samba e da música popular brasileira. O álbum Alvorecer, que "Conto de Areia" integra, vendeu mais de 300 mil cópias - recorde absoluto e feito inédito para uma mulher.

Eu sempre fui apaixonada pela música, muito antes de saber dessa história, muito depois de ela ter sido composta. A chamada do cavaco no começo, a presença forte do mar, a história da moça de olhos morenos que ficou a olhar os veleiros, esperando o amor que não mais iria voltar... A energia inconfundível, incomparável. Sempre me perguntei por que as rodas de samba não costumavam tocá-la. E foi, basicamente, assim que eu comecei a cantar.

- Toca "Conto de Areia"?

- Não sabemos a letra.

- Eu sei, deixa comigo.

- Qual o tom?

- Sei lá, faz igual à gravação.

O público sempre respondeu de imediato. Há os trechos que todo mundo canta junto. A música fabrica sorrisos. As pessoas gostam. E eu peguei gosto pela coisa.

Desde que comecei a cantar, "Conto de Areia" nunca deixou de estar numa set-list. E a alegria de cantá-la é a mesma da primeira vez, é a mesma de quando eu pedia pra cantar em rodas de samba onde não conhecia ninguém, é a mesma de sempre. Digo que é minha música.

É minha música, mas é música de Toninho e Romildo - cuja parceria se desfez há muitos anos já. Ontem, na roda de samba do Espaço Cultural Coqueiro, no bar Grão, em Brasília - que adoro -, eu pedi pra cantar essa. Vi que uma cantora que tinha me antecedido - que maravilhosamente tinha cantado "Corra e olha o céu" (Cartola), e "Nasci pra cantar e sonhar" (D. Ivone Lara) - estendeu o braço com um telefone ligado, como que mostrando a música para a pessoa do outro lado da linha.

Depois, ela veio até mim e disse: "botei o Toninho Nascimento, compositor da música, para te ouvir cantar". Eu gaguejei tanto que não consegui falar nada. No máximo, deu pra proferir um "o quê?!!!". E ela ainda ligou de novo. Estendeu-me seu telefone dizendo: "Fala com ele".

Ora, o que eu teria a dizer? Gaguejei ainda mais, não disse nada com nada, fiz exclamações perdidas e joguei algumas reticências, acho. Desliguei o telefone sem lembrar de uma palavra que eu disse ou que ouvi, de tão nervosa. "Eu devia ter dito apenas obrigada", pensei. Mas como você pode resumir tanto? Quão sucinta você deve ser para dizer o que você nunca esperou que tivesse chance de dizer? Dizer o quê, afinal?!

Eu, que não posso dizer que componho porque as coisas só existem de verdade quando extrapolam você, tenho profunda admiração por quem articula palavras em notas musicais. Tenho o hábito de dizer, no palco, quem são os compositores de cada canção que interpreto - pois, em geral, os/as intérpretes é que ficam conhecidos/as por ela. E já que não consegui dizer nada para o compositor da minha música predileta na vida, eu só posso é continuar cantando a honra de participar da imortalidade de "Conto de Areia" - ano que vem, ela completa 40 anos, e, com certeza, muitas e muitas gerações de brasileiros(as) embalarão sua alegria ao som dela.


terça-feira, 2 de julho de 2013

O futebol, e a (ausência de) paixão. Política é outra coisa.

Eu não deixo de torcer pro Brasil porque acho que futebol é o ópio do povo - seria incoerente, todo mundo sabe o quanto eu gosto e acompanho o Campeonato Brasileiro, a Champions League, e outros.

Eu não deixo de torcer pro Brasil porque a CBF é uma corja de filhos da puta - e é! -, até porque o pouco que conheço das confederações estrangeiras, a começar pela Fifa, nenhuma vale nada também.

Eu não gosto desse discursinho "ai, contra a Espanha, que dizimou os povos indígenas da América Latina"; "ai, contra Portugal, nosso colonizador"; "ai, contra a Alemanha de Ângela Merkel"... Vale enquanto piada, mas esperaria que as pessoas não fizessem essa confusão mental seriamente. Mas muito menos eu gosto do discursinho de rivalidade de boutique contra a Argentina e os argentinos, essa xenofobia tosca alimentada também pela mídia, essa mercantilização da rivalidade.

Eu não gosto da seleção brasileira porque ela não comove meu coração, não seduz minhas paixões futebolísticas... E gosto de torcer pra Holanda ganhar seu primeiro mundial, pro Messi vencer uma Copa do Mundo, pro Uruguai, pro Paraguai, pra quem eu quiser. Pra quem eu gostar mais na hora.

É futebol, gente, só isso. Não é vingança dos povos, não é prova de bom caráter. Não venham me catequizar. E nem venham justificar sua paixão com motivação política, vai.

Político foi o que aconteceu fora do Maracanã no último domingo. Essa é a disputa na qual a gente tem que ter lado.

#prontofalei

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A gente complica... mas não devia

Tem aquela prosa poética conhecida, da Marina Colasanti: "a gente se acostuma, mas não devia". Acho um alerta válido. A gente se acostuma mesmo e se adapta, e deixa assim. Quando vê, já nem sabe olhar o mundo de outro jeito.

Não, hoje eu não vou falar de política, de habituar-se ao status quo. De encher-se de preconceitos políticos ao longo da vida, e tanto, a ponto de não mais saber que não foi você que os elaborou.

Não. Hoje eu quero falar de pessoas.

Tanta coisa é tão complicada, que a gente não consegue mais ver a simplicidade. Explico melhor: os seres humanos, conforme envelhecem, parece que adquirem e se apegam com firmeza ao triste hábito de tornar complicadas as coisas simples. Acostumam-se a ver as coisas simples tratadas com alto grau de complexidade.

Mas para contrariar um pouco o aparente pessimismo da grande Marina Colasanti, neste caso, a simplicidade tem o poder de encantar. Dá gosto à vida, arranca sorrisos. Quando tanto à sua volta é complicado, sendo simples, o que se mantém simples e doce é heróico, e soa como música, acariciando a alma.

As pessoas contaminam todas as esferas de suas vidas com a complicação que, às vezes, está num lugar só. Espalham pra fora, jogam pras outras pessoas. "Não devia". A ansiedade, os sofrimentos que se foram, os calos que a vida deixou... Sei lá. Não sei por que não olhar ao redor com liberdade.

Gente mal-resolvida com a própria história e os próprios sentimentos; gente que não sabe o que quer e age mesmo assim; gente que vai e volta no que disse, diria, pensou, quis dizer, nem sabe; gente que mistura todos os sentimentos e joga no mundo como se fosse uma bola de futebol americano...

E gente que olha nos olhos. Diz a verdade, sem maquiar muito, só o necessário, sem enganar ninguém. Gente que fala que vai fazer e faz. Gente que não faz o que não quer. Gente que se incomoda em reprimir vontades. Gente para quem a vida é mais simples do que parece.

Aí, você encontra uma dessas depois de lidar com uma dúzia do outro tipo. Parece que a vida se abre em flor, não parece? Ora, ora, nada precisa ser difícil assim.

É um encanto a simplicidade das pessoas.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Em defesa das lutas democráticas, das ruas e da nossa história

Documento para debate interno no PT, elaborado por militantes petistas de diversas correntes internas para diálogo com a direção e militância do partido.




1. O Partido dos Trabalhadores foi forjado nas lutas democráticas, por justiça social no Brasil. O PT construiu sua trajetória, ao longo dos anos, calcado na luta das ruas e, nos últimos 10 anos, com Lula e Dilma à frente da Presidência da República. Apresentamos políticas governamentais que elevaram a qualidade devida do povo brasileiro, ajudando a elevar sua condição econômica, social, cultural e tirando milhões de famílias da miséria. Isso nos enche de orgulho como militantes petistas!

2. Porém, nosso partido ficou aquém da capacidade de compreender a necessidade de disputar à esquerda os valores, ideais e as pautas históricas forjadas nas lutas que derrubaram a ditadura. Essa incapacidade, aos poucos, abriu um vácuo enorme entre nós e os movimentos sociais, organizados historicamente pelo campo progressista.

3. Já há algum tempo, temos colocado que o PT tinha uma capacidade limitada de dialogar e organizar os anseios da Juventude:

“Contudo, uma constatação deve ser feita: a organização e o diálogo com a juventude nunca foi uma prioridade política para o Partido dos Trabalhadores. Essa identificação da juventude com o partido sempre esteve presente pelo caráter transformador da sociedade que o PT representa e pelo seu ineditismo com expressão política de esquerda no Brasil. Também pela sua forte inserção nos mais diferentes movimentos sociais, ou seja, os jovens se identificam com nosso Partido em razão do seu programa geral e não porque o Partido tenha uma política voltada para a disputa deste setor.Se levarmos o problema de organização da juventude para nossa intervenção nos movimentos juvenis, a situação é aquém da capacidade de mobilização real do PT. Hoje, não conseguimos ocupar em nenhuma das frentes de luta dos movimentos juvenis uma posição de centralidade.Atuamos de maneira fragmentada e, em geral, levando as disputas internas para o seio dos movimentos”
Resolução Concepção e Funcionamento, I Congresso da JPT, maio de
2008.

4. Considerando a nossa presença há mais de 10 anos no Governo Federal, há uma grande geração que não conhece o PT fora da institucionalidade. Associa a ele não mais a transformação, mas sim o status quo. Isso é agravado pela forte ofensiva da mídia na tentativa de igualar o PT a demais partidos, em um senso comum despolitizador e potencialmente anti-democrático: “são todos iguais e corruptos”.

5. As manifestações organizadas a partir da pauta do “passe livre” merecem um olhar cuidadoso por parte das pessoas realmente preocupadas com o desenvolvimento do país.Para entendermos a sua complexidade, é preciso nos debruçarmos sobre a dinâmica das redes sociais, bem como de novos movimentos sociais, que não se alinham ao nosso tradicional campo democrático e popular. Além disso, há que se considerar atentamente o papel que a grande mídia cumpriu ao optar pela disputa do conteúdo políticos das mobilizações.

6. Longe de vermos o protesto de forma uniforme, houve um forte e rápido giro político e apropriação da pauta por setores organizados da direita. Isso se deu no interior das redes sociais, que possuem um alto poder convocatório.

7. Nela, como todos podem gerar e reproduzir informações, temos uma (falsa)sensação de igualdade e de estarmos falando entre pessoas com as quais confiamos. Afinal, a informação é repassada por vínculos de “amizade”. Contudo,assim como na mídia, há forte possibilidade de manipulação.

8. O que vimos hoje no Brasil é uma explosão de insatisfações com diversos problemas históricos existentes em nosso país. Ela aponta para transformações estruturais no capitalismo brasileiro em todas as esferas de governo, reivindicando mais eficácia no gasto público com transporte público, saúde e educação.

9. Certamente o PT e a esquerda precisam se debruçar sobre a pauta da reforma urbana e apresentar uma proposta que dispute corações e mentes da sociedade.A mobilidade urbana sempre foi pauta prioritária para discussão da esquerda e dos governos municipais do PT, pois está diretamente ligada à qualidade de vidados trabalhadores brasileiros. É preciso ousar e enfrentar os verdadeiros cartéis que dominam as concessões de transporte em todo o país.

10.Alçamos uma importante vitória ao conseguirmos sediar a Copa das Confederações e do Mundo. No entanto, apesar das relevantes alterações nas estruturas de algumas cidades, em outras não ficou nítido para a população qual será o legado positivo que o Brasil deixará ao seu povo ao final das competições.É inegável o mal estar sobre os gastos e nós precisamos dar respostas dignas à população.

11.Mesmo com toda a ampliação da participação popular nas instâncias de representação política, afirmadas nas dezenas de conferências e conselhos de políticas públicas criados, não conseguimos, nos nossos dez anos à frente do governo federal,é preciso garantir espaços de vocalização das demandas que se colocam hoje, nas ruas. As manifestações na rua mostram que, embora tenha havido ganhos expressivos, falhamos no essencial: aproximar o cidadão dos processos de tomada de decisão sobre o dinheiro público. O PT precisa ter papel ativo no interior do governo, na proposição de novos canais de participação democrática, em todos os setores governamentais, antenados com essa juventude que se expressa e se organiza pelas redes sociais, à esquerda e à direita.

12.Não conseguimos atrair para a militância petista essa parcela da juventude e da sociedade que, genuinamente, coloca suas insatisfações e sua crítica contundente ao sistema político e aos partidos. Sabemos que o PT é um dos partidos em que há maior democracia interna. As eleições diretas para nossas direções são prova disso. Mas, após tantas alianças com nossos adversários históricos, caímos na geleia geral da política institucional. E disso se aproveita a elite conservadora, a mídia irresponsável e setores puramente golpistas que, até então subterrâneos,começam a colocar a cabeça para fora. Essa aberração política fez os grupos assumidamente fascistas liderarem a massa contra as bandeiras e camisas de militantes do PT e outros partidos de esquerda, nas manifestações dos últimos dias, em várias capitais brasileiras.



13.Entendemos que, nas próximas semanas, será jogado o futuro do PT como polo agregador daqueles que permanecem em luta contra as injustiças e contra a desigualdade que - mesmo com todos os avanços - ainda permanece em nosso país.

14.Somos chamados nesse momento a resgatar nossa tarefa histórica: a de organizar nossa militância, de protagonizar a organização de um campo político e de construir com as entidades dos movimentos sociais uma agenda de reformas e mudanças populares para o país, passando pelo governo e pelas ruas, onde a verdadeira massa está à espera de respostas concretas.

15.Mais ainda: devemos atuar também no campo simbólico, ideológico, cultural e político. A falta de identificação da juventude com o PT passa por uma questão de cultura política, de formas e métodos do agir e governar. Nossa burocratização,interna e governamental, afasta a geração dos cidadãos conectados e colaborativos. Além de emprego, educação e saúde, o PT deve voltar a despertar utopia.

16.O partido deve fazer um apelo a todos/as entidades, movimentos, sindicatos,artistas, partidos, intelectuais, juristas, religiosos, enfim todos os cidadãos que,independentemente de suas opiniões políticas e ideológicas e, que estão preocupados com o que está acontecendo, se unam em torno da defesa da democracia, da liberdade de expressão e da livre organização das entidades do movimento social.

17.Cabe à atual direção do partido organizar e fazer chegar a todos os seus diretórios, bancadas parlamentares e aos governos municipais, estaduais e federal a seguinte pauta:

● Rearticular o campo democrático e popular pela defesa das conquistas dos governos Lula e Dilma.
● Aprofundar a campanha pela reforma política, com o financiamento público de campanha, retomando o compromisso radical do PT com a participação popular através da atualização de nosso programa participativo com as possibilidades abertas pelas novas tecnologias e difusão das redes eletrônicas.
● Trabalhar pela democratização dos meios de comunicação, ampliando canais de informação e debate alternativos à mídia conservadora.Enquanto não garantirmos verdadeiramente a pluralidade de fontes de informação, o caráter público das concessões de rádio e TV, e o direito à comunicação do conjunto da população, não superaremos boa parte das fragilidades que nossa democracia mantém.
● Orientar a bancada federal à aprovação urgente de agendas como os 100% do pré-sal para educação.
● Incorporar o direito à mobilidade no Estatuto de Juventude, indicando para implementação do passe livre para juventude no transporte público.
● Dotar o país de uma malha de ciclovias e meios de transportes limpos, que permita a mobilidade com respeito ao meio ambiente.
● Cobrar do governo uma demonstração de guinada à esquerda em ações concretas e cobrar ampliação dos canais de diálogos do governo com os movimentos e a condenação pública imediata, da bárbara violência policial contra os manifestantes.
● Promover a desoneração tributária da classe trabalhadora e tributação das grandes fortunas.
● Enfatizar a laicidade do Estado e a defesa dos direitos humanos, bem como a promoção de igualdade entre homens e mulheres, negros e brancos e a garantia dos direitos da população LGBT. Podemos observar que esses são temas caros à juventude, que compõe parcela expressiva desses movimentos e se frustra quando vê suas reivindicações por cidadania e dignidade serem subordinadas aos caprichos dos setores conservadores que, desde a base do nosso governo, não encontram limites para buscar avançar sua agenda, à revelia do sentimento da nossa sociedade, inclusive.

18. Assim, conclamamos a direção do PT a organizar sua militância a lutar pelo legado
histórico que construímos nos últimos 33 anos. Não deixemos, por pura inoperância,setores historicamente conservadores retomarem o poder.

Em defesa das ruas, do povo e da nossa história.

FACEBOOK, 20 a 24 de Junho de 2013.

Assinam:




1.     Ademário Sousa Costa Vice-presidente da UNE 2001-2003. Diretório Estadual do PT da Bahia.
2.     Adriano Oliveira – vice-presidente da UNE 99/01 e SNJ 2000/01
3.     Afonso Tiago - JPT do PT Fortaleza de 2003 a 2004, e Sec. Juventude da Pref. de Fortaleza de2005 a 2012.
4.     Alessandra Dadona, secretária de juventude do PT de SP 2008 -2010
5.     Alessandra Terribili - jornalista, cantora e poetisa - diretora da UNE (2003-2005), DE do PT-SP(2005-2007)
6.     Alex Piero, ex-conselheiro do Conselho Nacional de Juventude pela Pastoral da Juventude, atualmente na Secretaria Municipal de Cultura, São Paulo.
7.     Alexandre Luís Giehl - Coordenação Regional II da FEAB (SC/PR), gestão 1999/2000
8.     Alexandre Masotti - DCE UCS (1996/1997), blogueiro e designer gráfico
9.     Alexandre Miranda, ex vice-presidente da União dos Estudantes de Pernambuco UEP- Candido Pinto, 2004/2005 e atual vice-presidente do PT/Olinda
10.  Alexnaldo Queiroz de Jesus, JPT/BA, DCE UFBA (1999/2004), advogado e servidor público
11.  Alisson Tadeu Gama Brito - membro diretório estadual do PT-SE, ex-diretor da UNE (2003/2005)
12.  Allan Rodrigo Alcantara (CA Psicologia 1999-2003, DCE 2001-2002, Psicólogo, ConselheiroRegional de Psicologia 2007-2009, Presidente da Federação das Associações de Moradores doEstado de Santa Catarina, Secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dasAssociações de Moradores e Secretário Estadual de Formação Política do PT-SC)
13.  Ana Maria Ribeiro, técnica-adminstrativa UFRJ, Diretora UNE 1987/88, CAED/PT, PT-RJ
14.  Anderson Batata - Foi Diretor da UEE-RJ e Secretário da JPT-RJ de 2001 a 2005
15.  Anderson Cunha Santos, Professor de História, DCE-UFMG(1995-1996), Secretaria Geral da FEMEH-1998, Coordenador do Setorial LGBT do PT-MG (2011-2012)
16.  Anderson Santos - Diretor da UEP - Gestão 2009/2011
17.  André Brayner, advogado, foi coordenador do Festival das Juventudes da Prefeitura de Fortalezaem 2010 e 2011
18.  André Rota Sena, Executiva da UNE - 2003-2005,
19.  Antônio Carlos Freitas, deputado estadual, 2• Vice presidente do PT CE, foi do coletivo estadualda JPT de 2005 a 2007.
20.  Ariane Leitão, coletivo nacional de juventude do PT 2005/2008 e Vereadora suplente do PT/POA
21.  Beatriz Selles - médica, DENEM (2005/2006), DCE UFF (2007/2008)
22.  Bob Calazans - Foi Vice Presidente da AMES de 99 a 2000 e do Coletivo da JPT-RJ, e é membro da Executiva Municipal do PT Rio
23.  Breno Cortella, vereador e presidente da Câmara Municipal de Araras/SP, secretário municipal daJPT 2001/2004.
24.  Bruno Elias - militante do PT, 1º Vicepresidente da UNE 2007/2009, Coordenador de RelaçõesInternacionais da JPT 2009/2011.
25.  Bruno Vanhoni Executiva da UNE 2005/2007; Coletivo Nacional de Juventude do PT
26.  Camila Vieira ( k k ) ENECOS ( 1999 a 2003), DCE UCB (2000 a 2004), Diretório Estadual do PTda Bahia
27.  Carla de Paiva Bezerra, é advogada e gestora, trabalha na SNJ/SG. Foi da DNJPT 2008-2011, Secretária da JPT-DF 2008-2009 e do DCE UnB 2003-2004.
28.  Carlos Eduardo Amaral (Cadu) - ex-coordenador-geral do DCE/UFAL (2006-2007) e ex-diretor da UNE (2007 - 2009)
29.  Carlos Eduardo de Souza- secretário juventude do PT-SC 2002- atual secretário Geral PT Floripa
30.  Carlos Henrique Viveiros Santos coordenador da JPT Gov. Valadares 2008 - 2010 e atual Diretorde Políticas Públicas de Juventude da Prefeitura Municipal de Gov. Valadares, Assessor Diocesano da Pastoral da Juventude.
31.  Carlos Odas, secretário nacional de juventude do PT (1999/2001), Coordenador do ProjetoJuventude (2004), atual Coordenador de Juventude do GDF
32.  Cássio Nogueira - Diretor da UNE (2008/2009), JPT/PA (2009/2011), coordenador de Organização da Secretaria Nacional de Juventude do PT
33.  César Augusto Da Ros, CN - FEAB 97/98, professor do Departamento de Ciências Sociais,professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas ePró-Reitor de Assuntos Estudantis da UFRRJ
34.  Charles Carmo foi diretor do DCE/UFBA e do CARB/UFBA
35.  Clarissa Rihl Jokowski, advogada, Presidenta do Diretório Acadêmico do Direito UCS Gestão 2005
36.  Cleberson Zavaski - CN-FEAB 98-99, Presidente da Associação de Eng. Agronomos do DF ePTDF
37.  Cledisson Junior diretor da UNE (2009-2011) conselheiro nacional de promoção da igualdade racial
38.  Daniel Chacon - Direção PT-Natal , Executiva Estadual JPT/RN, Coordenador de Mov.Sociais DCE-UFRN(2008-2009)
39.  Daniel Feldmann - diretor da une(1999-2001)
40.  Daniela Matos - Diretora de Relações Internacionais da UNE 99/2001
41.  Danilo Chaves - FEAB 1999-2001, vice-presidente UEE MG 2003-2004, PT-BH;
42.  Darlan Montenegro, professor de Ciência Política (UFRRJ), foi da executiva da UNE (1992-1995)
43.  David Barros, ex- presidente do Conjuve(2010-2011)
44.  Débora Cruz, jornalista, ex-JPT e do setorial de TI/PTDF
45.  Débora Mendonça, PT/CE, Coletivo de Mulheres Estadual PT/CE, Militante da Marcha Mundialdas Mulheres
46.  Dimitrius Chaves - Diretor da UEE-MG 2007/2011 e atual Secretário Adjunto da Juventude do PT-MG
47.  Domingos Sávio Oliveira membro do diretorio do PT Extremoz/RN
48.  Dora Martins dos Santos, conselheira municipal de Saúde em Botuvatu/SP
49.  Edson Pistori
50.  Eduardo Valdoski, jornalista, ex-coordenador de comunicação (2008-10) e secretárionacional-adjunto da JPT (2007-08) e secretário municipal da JPT/SP (2003-05)
51.  Elba Ravane - 2003 Presidenta do Grêmio Estudantil da EAL Sertânia-PE, 2003/2005 Grupo Ação Jovem e JPT Sertânia-PE. Atual Secretária da Mulher da Prefeitura de Caruaru-PE.
52.  Eliana Cacique - Coletivo Estadual da JPT-RJ de 2001 a 2005 e é membro da Executiva Estadualdo PT-RJ.
53.  Elida Miranda, jornalista, Regional ENECOS (2005), CUT- AL e Diretório Estadual do PT/AL
54.  Ellen Machado Rodrigues - Medica Sanitarista, DENEM 2003/2005 , AMERESP 2010/2011
55.  Erika FernandaViana - médica, DCE UFPB 2004/2005
56.  Fabiana Malheiros - DCE UFES, PT-ES.
57.  Fabiana Santos - Foi Presidenta do Grêmio Herber de Souza, do CA de Geografia da UGF, do Coletivo da JPT-RJ de 2001 a 2003 e é membro do Diretório Estadual do PT
58.  Fábio Sanchez, sociólogo, ex-secretário nacional adjunto de Economia Solidária (2005-2011).
59.  Fabrício Gomes de França Ambientalista. Tesoureiro Upes (95-97), secretario da JPT SantoAndré (98-2000). Atualmente Secretário Adjunto da Secretaria de Gestão dos Recursos Naturais de Paranapiacaba e Pq Andreense da Prefeitura de Santo André
60.  Felipe Oliveira Lopes Cavalcanti, Médico Sanitarista, DCE UFPB 2004/2005
61.  Fernanda Teixeira - DCE UEMS, Vice-presidenta da UEE/MS, JPT, MMM, C.E. Mulheres do PT –MS
62.  Fernando Stern - Psicólogo - DCE UFRJ 1999-2003; Secretário Geral UEE/RJ 2002-2004; Diretor da UNE 2003-2005; militante PT Niterói/RJ
63.  Flávia Azevedo, jornalista, ENECOS, DCE UCB e JPT de 2003 a 2005
64.  Florentino Júnior, DCE/UnB (2010) e membro do Setorial de Saúde do PT/DF.
65.  Francielly Damas, farmacêutica, membro da Associação AFLORE - Associação Florescendo a Vida de Usuários, Familiares e amigos da Saúde Mental de Campinas
66.  Gabriel Ribeiro - Foi Secretário Estadual da JPT/RJ e membro do Coletivo Nacional da JPT de2005 a 2008.
67.  Gabriela Gilles Ferreira - ABEPSS, JPT, PT-ES.
68.  Giliate Coelho Neto, médico de família e comunidade, coordenador geral da DENEM (2003),
69.  Graziele Rodrigues Duda - ENESSO, DCE UFES, UNE, JPT, PT-ES.
70.  Guido Rezende - radialista e blogueiro ex-diretor da UNE e UCE
71.  Guilherme Floriani - ME Esalq 98 a 2000
72.  Guilherme Guimarães de Azevedo - DCE- UFV (2007 e 2008); Dir. de Movimentos Socias daUEE-MG (2009/2011); 3º Vice-Presidente da UNE (2011/2013)
73.  Gustavo Rodrigues - Coordenador Geral da UNES (95/97); Femecs (99/2000); Executiva PT- Niterói 2003/2007; Secretario de Saúde de Belford Roxo 2011/2012
74.  Humberto de Jesus - executiva da Ubes 1997/1999, RI da Une 2001/2003, ex-secretario nacional de juventude do PT 2003/2004, atual secretario de desenvolvimento social, cidadania e DH de Olinda.
75.  Ian Angeli – advogado, Sec. Geral UEE/RJ 2007/2009
76.  Ingrid Gerolimich - Foi Coordenadora Geral da AMES-RJ em 2001 e Coordenadora Estadual de Juventude do Governo do Estado do RJ em 2002
77.  Isadora Salomão - Arquiteta e Urbanista, Ex-DCE UFBA e Coletivo de Mulheres doPT-BA
78.  Jacir João Chies, Coordenação Nacional da FEAB 2001/2002.
79.  Jean Tible, assessor da Fundação FriederichEbert
80.  João Brandão, UEE RJ (2003 a 2005),DCE da UFRuralRJ (2002 a 2007) Professor de educaçãofísica do Rio de Janeiro
81.  João Maurício, Executiva Estadual do PT do RJ, UBES 2003
82.  João Paulo Rillo, Deputado Estadual PT-SP, Presidente da UMES de São José do Rio Preto em 1994 e 1995;
83.  João Scaramella - CN FEAB 2002-2003
84.  João Tanuri - Assistente Social; Ex-Diretor DASS - PUC-MG (2004/2006), Movimento da Juventude Popular/Itajubá (2007/2008)
85.  João Vicente (Caixa d’Água) – Coordenador das Juventudes Metalúrgicas do ABC e daCNM/CUT 1997/1999, hoje membro do Setorial Jurídico do PT/SP e Secretário dos AssuntosJurídicos e da Cidadania de Franco da Rocha/SP;
86.  João Wilson Damasceno, gestor cultural, foi secretario geral do DCE UFC em 2007/2008
87.  Jonas Valente - ENECOS, secretário-geral do Sind. dos Jornalistas do DF e militante do PTDF
88.  José (Zé)Ricardo Fonseca - Diretor da UNE 2001-2003- PT-DF
89.  José Haroldo Thunder- Executiva Nacional de Ciências Sociais (1995-1997), DCE Puc Campinas(1996-1998), PT Votorantim
90.  Josué Medeiros - foi 1º vice-presidente da UNE (2005-2007), hoje professor de interpretações doBrasil da UFRJ
91.  Julian Rodrigues , PT-SP (UNE e JPT 1997-2003)
92.  Juliana Terribli, psicóloga, foi dirigente da JPT-SP 2008-2011
93.  Julio Ladeia, vice-presidente UPES 1995/97, ex-membro do Diretório Estadual do PT, militante do PT de São José do Rio Preto, coordenado do CEU Butantã, SP.
94.  Karina de Paula (Kakau) - Membro da Executiva Nacional da JPT e Secretária Municipal da JPTde Rio Claro - SP
95.  Larissa Campos - secretaria adjunta da jpt-mg e DNJPT 2008/2011 1a dirt.de movimentos sociaisda UNE 2007/2009
96.  Leandro Ferreira, Executiva da JPT-SP.
97.  Léo Bulhões - Executiva Nacional de Bio 1998-1999, Presidente DCE UFPE 2000-2001, Diretor UNE 2001-2003, atualmente Assessor Especial de Projetos Secretaria de Participação Social Caruaru/PE
98.  Leopoldo Vieira - adjunto da JPT nacional 2005-2007
99.  Lívia Manzolillo, jornalista, foi Presidente do DCE UNIFOR de 2003 a 2004.
100.     Louise Caroline, Vice-presidenta da UNE 2005/2007; Vice-presidente do PT/PE
101.     Lourival de Moraes Fidelis, estudante de doutorado, UNICAMP, Bolsista de Estágio doutoral pela CAPES, Universidade de Córdoba, Espanha
102.     Lucas Cassab Lopes - Dce UFJF 2005-2006, Cahistufjf 2004-200, coletivo estadual de juventude2006-2008, tesoureiro do pt-jf 2007-2009,
103.     Luciana Mandelli - historiadora - UEE-SP (1999/2003), Col. Nac. JPT (2002/2005) e DR- PT-BA
104.     Manuela Nicodemus – UEE-MS (2001/2003)
105.     Marccella Berte, economista, Coord. de Movimentos Sociais da JPT 2008-2011, integra o coletivo nacional de meio ambiente e desenvolvimento do PT e é suplente no DN.
106.     Marcio Ladeia, publicitário, assessor da CUT, UNE 2005/2007, vereador de São José do RioPreto 2001/2004, UMES 1996/1999 e UPES 1997/1998 militante do PT.
107.     Marcos Asas - poeta e médico, Conselheiro Nacional de Saúde, presidente do DCE UPE "PauloFreire" 2004/2005, presidente AMERESP 2011/2012, diretor de Saúde da ANPG
108.     Mateus Vieira - designer gráfico, membro da DNJPT 2008-11
109.     Miguel Papi – DCE UFRJ (1998/2001)
110.     Orlando Catharino, membro do coletivo estadual da jptsp em 1991 e 1992
111.     Otávio Antunes - jornalista, Vice-presidente da UBES 1997/1999 PT Campinas
112.     Patrick Paraense - ex-militante da JPT/PA e Publicitário
113.     Paulo Navarro - médico Sanitarista, DCE UFPB 2004/2005, presidente da AMERESP 2010/2011
114.     Pedro Gerolimichex Vice Presidente da UBES 2003/2004 - Diretório Municipal PT/RJ
115.     Pedro Moreira Coordenação regional da feab (2002 e 2003), secretario estadual de juventude doPT/MG 2004 e 2005 e vice presidente de UEE/MG 2004-2005
116.     Pedro Tourinho - Vereador PT Campinas, Médico Sanitarista, professor PUC Campinas,DENEM 2005/2006
117.     Pedro Vasconcelos - Ex Secretário da JPT RS 2005 2007. Membro do Coletivo Nacional deCultura do PT.
118.     Penildon Silva Filho, professor da UFBA. DCE UFBA 1992-1993 e Diretor da UNE 1993-1995
119.     Rafael Barbosa de Moraes (pops), vice-presidente da UNE 2003/2005, secretário nacional dejuventude 2005/2008
120.     Renam Brandão - Secretário da JPT-BA 01/03, Executiva dos Estudantes de CEFETS 97
121.     Rídina Motta Diretora LGBT UNE 2009 /2011
122.     Rodrigo Abel, Secretário nacional de juventude do PT 2000/2003
123.     Rodrigo Campo, ex-Tesoureiro do PT-RS, de 2005 a 2007.
124.     Rodrigo Rubinato "Cabelo" - Coordenador da Ames - RJ em 2003, Secretário-geral da FEMEH em 2004
125.     Rodrigo Salgado, Professor e Advogado. Ex-coordenador da FENED, Coordenador do DAJMJr
126.     Rogério Tomaz Jr, jornalista, militante de direitos humanos, ex-Enecos (2000/2002)
127.     Romeu Morgante, ex-presidente da Umes Santo Andre (1998/99) e diretor da UBES (1999/2001)
128.     Ronaldo Pinto - diretor da UNE (2007/2009), militante do Mais-PT e da Mensagem ao Partido
129.     Samuel de Mesquita - Ex-presidente da UENI, Ex-presiidenteda ARES, Ex- vice-presidente baixada da UEE/RJ, Ex-presidente do DA de Direito da UNIABEU
130.     Sávio José, vereador PT - Viçosa-MG.
131.     Serena Reis - CN FEAB 2002-2003, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio/MMA
132.     Sérgia Garcia, diretora da UPES gestão 1998, medica formada em Cuba, militante da Associação Médica Nacional – (AMN-MF)
133.     Sergio Godoy, professor de Relações Internacionais da Fundação Santo André, ex membro do coletivo nacional da JPT, ex Secretário Geral da UPES
134.     Sylvio Freitas - executiva da UBES 2005-2007
135.     Tales de Castro - vice-presidente da UNE (2007/2009), secretário estadual da JPT-GO
136.     Tássia Rabelo - Ex-Presidenta do CA da FGV, Ex-diretora do DCE da UERJ, Ex. Membro da Executiva Nacional da JPT
137.     Tassio Brito coordenador geral DCE UESC(2007-2009), 2 diretor de RI da UNE(2008-2009,direção nacional da jpt(2008-2011) 3 Vice Presidente da UNE(2009-2011)
138.     Tatiana Oliveira diretora de mulheres da une 2005-2007
139.     Tatiana Zocrato - DCE PUC-MG 2002-2004 ,Vice-Presidenta UEE-MG2004-2009 , SEJPT-MG 2008-2011
140.     Thomás Ferreira CN ABEEF 2003/2004 Coord. Geral DCE/UFV 2005
141.     Tiago Montenegro - jornalista, Enecos (2004), militante do PT, LGBT, movimento pela democratização das comunicações.
142.     Ticiana Studart, SNJ PT 2003 a 2005, da secretaria nacional de mulheres do PT de 2005a 2007, e membro da executiva do PT CE
143.     Valter Bittencourt - Jornalista. Assessor de Juventude da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), militante do PT de Santo André
144.     Vanuccio Pimentel, ex-presidente DCE Fafica (2001-2003), Cientista Político e Presidente do PT de Caruaru (PE)
145.     Verônica Lima, vereadora de Niterói, executiva da UBES 1997/99
146.     Veronica Maia, advogada, militante da RENAP, foi da SNJ PT de 2005 a 2007.
147.     Vinicius Cascone - FENED, advogado, militante do PT, Campinas/SP
148.     Vinícius de Lima - ex-coord nacional de comunicação da JPT e Presidente do DCE Estácio de Sá ES (2007), Diretório Estadual do PT ES (2008) e Movimento Não é só uma Passagem (2005 - ES)
149.     Vinícius Ghizini, historiador, Secretário Adjunto JPT/Macro Campinas e SecretárioMunicipal JPT/Americana.
150.     Vinícius Santos - diretor do DCE da UFSCar/SP (2003-2006), e membro da JPT macro Ribeirão Preto/SP (2005-2006)
151.     Vinicyus Sousa - Ex - Diretor da executiva estadual da JPT - BA
152.     Wagner Romão, sociólogo, ex-presidente do Diretório Zonal de Pinheiros (São Paulo) -2005 a 2007.
153.     Wanderson Pimenta, ex- coordenador geral do DCE - UFBA (2012).
154.     Wenderson Gasparotto, ex diretor da UEE-SP (1997/2001)
155.     Wesley Francisco, DCE UFV, CA História/UFBA, FEMEH, UNE(2003) Coletivo NacionalLGBT
156.     Wilney Alves Martins, ex secretário estadual da JPT-GO (2007/2011), ex diretor da UEE-GO (2007/2009). Membro do Diretório Municipal do PT de Anápolis-GO

157.     Wladia Fernandes, coordenadora LBGTT do PT CE foi da JPT de 2005/09

QUEM SOMOS?
Grupo de petistas de diversas tendências internas, que militaram em movimentos sociais e/ou partidários de juventude nas lutas de resistência ao neoliberalismo, contribuíram para a vitória de Lula, e depois, Dilma, e querem elaborar coletivamente, desde essa experiência, que rumos o PT deve adotar para responder satisfatoriamente às ruas. Afinal, nós, que sempre estivemos nas ruas, conhecemos bem o que elas representam.