sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A violência legitimada em horário nobre

A Rede Globo deu mais um show, ontem, de agressão às mulheres. No sentido figurado, quando constrangeu as mulheres que acompanham a sua programação. No sentido literal, quando espancou a personagem de Helena Ranaldi na novela “A favorita”, através das mãos do marido dela.

A personagem é pega no flagra pela segunda vez. Mantém um relacionamento paralelo com o amigo do marido. É tratada pelo amante como prostituta, é tratada pelo marido como uma daquelas infiéis do final do século retrasado. O amante, claro, só está respondendo a impulsos sexuais que um homem não é capaz de controlar. A infiel, claro, é a provocadora, a maculada, a culpada.

Ontem, ela apanhou em praça pública, sob os olhares da população da cidade onde o marido é prefeito. Os olhares eram de aprovação à conduta dele, isso de lavar sua honra dando-lhe uns bons tabefes. Certamente ele vai recuperar sua popularidade perdida.

No início da novela, o prefeito Elias aparecia como um cara meio de esquerda, que derrotou um deputado corrupto na eleição municipal. A trama se desenrolou assim. Espero que a Dedina, no capítulo de hoje, recorra à Lei Maria da Penha. Porque ver a principal emissora de TV legitimar assim a violência contra a mulher, dói. No sentido literal e no figurado.

2 comentários:

Rafael Pops disse...

Ale, grande absurdo!
Pior é que no final o Elias, agressor e que foi ligado a esquerda no início da novela, não será punido e ainda abrirá caminho pro filho do deputado ser prefeito, dessa vez com a imagem repaginada!

Janio Oliveira Coutinho disse...

Ale, foi uma barbarida sem tamanhioo. E a Lei Maria da Penha sequer foi citada.