A experiência de lançar meu primeiro livro foi intensa. Em Retratos - E algumas mentirinhas a mais, lançado em 2013 pela Editora Giostri, estavam reunidos poemas meus desde tempos imemoriais até o fim de 2012. Claro que os recentes eram maioria, mas os da origem também estavam lá.
Agora é diferente. A estrada e a poetisa é resultado das andanças, especialmente entre Porto Alegre, Brasília e São Paulo, mas também Rio e Fortaleza, cidades que me cativam, e uma pitada de Salvador, porque a Bahia está no sangue e na alma. Pretendo atingir a meta de arrecadação para poder lançar meu livros nessas seis cidades, pelo menos, para agradecer pela inspiração e pelos motivos de viver com que fui e sou contemplada.
Você pode ser parte desse projeto: A estrada e a poetisa será lançado pela Folio Digital, em sistema de financiamento coletivo. Uma produção colaborativa, na qual você adquire seu livro antecipadamente para ajudar a financiá-lo. Assim:
Com R$ 30,00, você recebe seu livro autografado com muito carinho na sua casa!
Com R$ 60,00, você recebe o livro autografado com o mesmo carinho, e ainda leva Retratos e meu EP Curto Pavio!
Com R$ 100,00, você recebe seu exemplar autografado e com carinho, e ainda mais três para você dar de presente a quem quiser!
Quer fazer parte desse projeto? Clica aqui!
Conto com vocês em mais essa empreitada de artista independente, que sofre e sua pra bancar sua arte, mas que a realiza com amor e esperança nos novos tempos que, demore o que demorar, virão. Nossa estrada leva pra lá.
Obrigada desde já!
Música, feminismo, diálogos, política, futebol, crônica e poesia convivendo no mesmo espaço. E sem conflito.
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quinta-feira, 28 de abril de 2016
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
Pagode Caboclo
Era um daqueles domingos infinitos. Almoça em casa, assa uma carne, ouve uma música, toma uma cerveja. Começo da noite, parte para o Grao, para mais uma estrelada noite de sambas e choros. Ali está tudo o que eu preciso para começar a semana bem.
E então, chega o Jacaré, com Serginho e Nelson. Puxei Aline e lá fomos parar: bora continuar o samba do Grao em casa. Ói, Ale, tenho um samba, termina ele! "Antes da fama, ele morava no Novo Gama...". Um baita samba. Não sei como o Jacaré consegue essas coisas, ele compõe como se estivesse batendo papo. As palavras chegam já embrulhadas nas notas e com o pandeiro tinindo. A mim, coube terminar aquela beleza. Só sei que foi assim.
O tal do cara largou o Novo Gama e o Varjão e todo o circuito que costumava cumprir porque se apaixonou pela filha de um empresário. Só pode ser isso. E nós?! Nós já nem o vemos mais, sei lá dele.
E aí está o Pagode Caboclo, selecionada entre quase 300 composições para a segunda fase do Festival da Rádio Nacional, com outras 49 músicas. Eu e o Jacaré com o coração batendo em baticumbum, felizes da vida por estar entre um bocado de gente que a gente admira. Estamos lá nós e a inspiração que este Distrito Federal trouxe pras nossas vidas. Por essas e outras, a gente só tem que agradecer a este adorável quadradinho.
PAGODE CABOCLO
Antes da fama
Ele morava no Novo Gama
E namorava uma menina do Varjão
Batia couro numa terreira na Ceilândia
Levava doce pra festa de Cosme e Damião
Em Planaltina, sempre foi considerado
E respeitado até em São Sebastião
Jogava bola no campeão do Colorado
Até que um dia uma flor do cerrado
Lhe roubou o coração
Ela era filha
D'um poderoso senhor empresário
Dizem que até ganhou de aniversário
Uma fazenda lá no Jalapão
O pai da moça
Não quis saber de bagunça na casa
Disse pro cabra: ou se arranja ou vaza
Não quero genro de calo na mão
E hoje em dia ele nem dá bom dia
Pros mano de cá
Não vai pra terreira, nem pra cachoeira,
Não faz mais fogueira, não vem mais jogar
Só vive engomado, atolado em trabalho
Pra impressionar
Sumiu do churrasco, do balacobaco,
Esqueceu o cavaco no Paranoá.
E então, chega o Jacaré, com Serginho e Nelson. Puxei Aline e lá fomos parar: bora continuar o samba do Grao em casa. Ói, Ale, tenho um samba, termina ele! "Antes da fama, ele morava no Novo Gama...". Um baita samba. Não sei como o Jacaré consegue essas coisas, ele compõe como se estivesse batendo papo. As palavras chegam já embrulhadas nas notas e com o pandeiro tinindo. A mim, coube terminar aquela beleza. Só sei que foi assim.
O tal do cara largou o Novo Gama e o Varjão e todo o circuito que costumava cumprir porque se apaixonou pela filha de um empresário. Só pode ser isso. E nós?! Nós já nem o vemos mais, sei lá dele.
E aí está o Pagode Caboclo, selecionada entre quase 300 composições para a segunda fase do Festival da Rádio Nacional, com outras 49 músicas. Eu e o Jacaré com o coração batendo em baticumbum, felizes da vida por estar entre um bocado de gente que a gente admira. Estamos lá nós e a inspiração que este Distrito Federal trouxe pras nossas vidas. Por essas e outras, a gente só tem que agradecer a este adorável quadradinho.
Jaca e eu |
PAGODE CABOCLO
Antes da fama
Ele morava no Novo Gama
E namorava uma menina do Varjão
Batia couro numa terreira na Ceilândia
Levava doce pra festa de Cosme e Damião
Em Planaltina, sempre foi considerado
E respeitado até em São Sebastião
Jogava bola no campeão do Colorado
Até que um dia uma flor do cerrado
Lhe roubou o coração
Ela era filha
D'um poderoso senhor empresário
Dizem que até ganhou de aniversário
Uma fazenda lá no Jalapão
O pai da moça
Não quis saber de bagunça na casa
Disse pro cabra: ou se arranja ou vaza
Não quero genro de calo na mão
E hoje em dia ele nem dá bom dia
Pros mano de cá
Não vai pra terreira, nem pra cachoeira,
Não faz mais fogueira, não vem mais jogar
Só vive engomado, atolado em trabalho
Pra impressionar
Sumiu do churrasco, do balacobaco,
Esqueceu o cavaco no Paranoá.
quinta-feira, 18 de junho de 2015
SAMBRA - Apenas uma opinião
O espetáculo SAMBRA, protagonizado por Diogo Nogueira, vem percorrendo o Brasil para saudar cem anos de história do samba - desde o registro de "Pelo Telephone" por Donga e Mauro de Almeida. A iniciativa é de se festejar, afinal, exaltar a cultura popular brasileira nunca é demais, e a história do samba se confunde mesmo com a própria história do país.
O musical é muito bem produzido no que se refere à parte artística: os números são brilhantemente executados e o repertório é uma maravilha. Sem contar que ver aqueles personagens encarnados chega a emocionar: Sinhô, Ismael Silva, Donga, Tia Ciata... Todo mundo lá, diante de nossos olhos, cantando e contando história.
Porém, creio que há alguns problemas importantes exatamente na história que ali está contada. Escrevo estas linhas a título de contribuição a quem, assim como eu, tem gosto e amor por conhecer essa história.
O mais grave desses problemas, na minha opinião, é o esquecimento ao qual Carmen Miranda praticamente ficou relegada. Em dado momento da história, uma mulher vestida em clara referência a ela aparece cantando "O que é que a baiana tem?". Isso se dá no momento do show em que se evocam as cantoras do rádio, e o número é apresentado como "samba de Dorival Caymmi". O nome de Carmen sequer é mencionado: o locutor de rádio, que parece representar o famoso César Ladeira, anuncia a "Pequena Notável".
Diante de personagens a que o texto do espetáculo faz referência integral, como aqueles que mencionei acima, Carmen Miranda, a mais importante intérprete de samba dos anos 1930, foi escondida. Talvez haja uma justificativa da produção do musical para isso. Mas o fato é que uma estrela da grandeza de Carmen Miranda não pode ficar tão minimizada quando o tema é, justamente, a história da música que ela contribuiu muito para consagrar.
Alguns não gostam de Carmen pela opção que ela fez, a certa altura de sua carreira, de ir trabalhar nos EUA (já falei sobre isso em outro artigo). Alguns, como Noel Rosa, não gostam dela por rejeitar seu modo de cantar. Mas nenhum desses pode desabonar a importância que ela teve no momento em que o samba consolidou-se como gênero musical genuinamente brasileiro.
A referência que o espetáculo fez a Mário Reis também se apresentou bastante equivocada. Diogo, ao interpretá-lo cantando "Jura", de Sinhô, um de seus grandes sucessos, lembra muito mais o canto de Francisco Alves que de Mário Reis. Parece preciosismo, mas não é não: para se contar a história do samba, é preciso lembrar que, com ele, nasceu um modo brasileiro de cantar, no qual Mário Reis é pioneiro. Diz-se que foi ele quem inspirou João Gilberto. Sabe-se que ele inspira Chico Buarque até hoje. Portanto, expor Mário Reis executando o canto "de vozeirão" a la Francisco Alves, também se configura como erro importante.
Algumas ausências foram muito sentidas, dentre as quais eu destacaria Assis Valente, Aracy de Almeida, Clementina de Jesus e Adoniram Barbosa. Claro que, num espetáculo que tem três horas de duração, não cabe um século de personagens, necessariamente precisam-se fazer escolhas. Mas, aqui, minha crítica é que deixar esses imensos e intensos personagens de fora nunca seria uma boa escolha.
Se Bossa Nova é samba ou não, essa é uma polêmica que nunca terá fim. Ela aparece no show sob os dedos de Diogo Nogueira interpretando João Gilberto. Entretanto, resumir os anos 1960/1970 à Bossa Nova e os sambas de protesto de Chico Buarque não é nada razoável. Ficam escamoteadas, inclusive as iniciativas de João Nogueira, pai de Diogo, em defesa do Carnaval de rua e do próprio samba, que, naquele momento, queria reviver e sobreviver às investidas da indústria fonográfica estrangeira. Aliás, João e Clara Nunes foram lembrados no espetáculo no trecho dedicado à memória de sambistas eternos, que jamais serão esquecidos pelo público. Foram ambos apresentados por Diogo Nogueira, respectivamente, como seu pai e sua madrinha. Porém, mais do que isso, nos tais anos 1960/1970, eles tiveram papel fundamental na evolução do samba. João, pelas razões citadas e pelo seu modo particular de cantar fraseado, dando continuidade aos artistas do canto sincopado. Clara, bem como Clementina de Jesus, exalta e valoriza a herança africana na constituição do samba: a religiosidade, as temáticas, o batuque. Expressava uma profunda brasilidade no repertório e no figurino - como, em alguma medida, Carmen Miranda fizera décadas antes.
O espetáculo marca corretamente dois pontos de virada importantíssimos na história do samba, compreendendo, inclusive, invenção e ressignificação de instrumentos: a turma do Largo do Estácio, no fim dos anos 1920; e o Cacique de Ramos, nos anos 1980. Também marca a importância do Teatro de Revista e da era do rádio para a popularização do samba.
Mas, para mim, nada foi mais emocionante do que ver Noel Rosa e Martinho da Vila conversando num banco de praça em Vila Isabel (sei que eu sou suspeita, mas e daí? rsrs). "Nosso tempo é o da poesia, Noel", retruca Martinho quando o Poeta da Vila assombra-se com o diálogo entre dois tempos históricos.
A experiência que o show propõe é interessante, certamente. Mais precisão histórica e inclusão de personagens e marcas fundamentais enriqueceriam decisivamente essa experiência, que, afinal, conta a história de todos e todas nós.
O musical é muito bem produzido no que se refere à parte artística: os números são brilhantemente executados e o repertório é uma maravilha. Sem contar que ver aqueles personagens encarnados chega a emocionar: Sinhô, Ismael Silva, Donga, Tia Ciata... Todo mundo lá, diante de nossos olhos, cantando e contando história.
Porém, creio que há alguns problemas importantes exatamente na história que ali está contada. Escrevo estas linhas a título de contribuição a quem, assim como eu, tem gosto e amor por conhecer essa história.
O mais grave desses problemas, na minha opinião, é o esquecimento ao qual Carmen Miranda praticamente ficou relegada. Em dado momento da história, uma mulher vestida em clara referência a ela aparece cantando "O que é que a baiana tem?". Isso se dá no momento do show em que se evocam as cantoras do rádio, e o número é apresentado como "samba de Dorival Caymmi". O nome de Carmen sequer é mencionado: o locutor de rádio, que parece representar o famoso César Ladeira, anuncia a "Pequena Notável".
Diante de personagens a que o texto do espetáculo faz referência integral, como aqueles que mencionei acima, Carmen Miranda, a mais importante intérprete de samba dos anos 1930, foi escondida. Talvez haja uma justificativa da produção do musical para isso. Mas o fato é que uma estrela da grandeza de Carmen Miranda não pode ficar tão minimizada quando o tema é, justamente, a história da música que ela contribuiu muito para consagrar.
Alguns não gostam de Carmen pela opção que ela fez, a certa altura de sua carreira, de ir trabalhar nos EUA (já falei sobre isso em outro artigo). Alguns, como Noel Rosa, não gostam dela por rejeitar seu modo de cantar. Mas nenhum desses pode desabonar a importância que ela teve no momento em que o samba consolidou-se como gênero musical genuinamente brasileiro.
A referência que o espetáculo fez a Mário Reis também se apresentou bastante equivocada. Diogo, ao interpretá-lo cantando "Jura", de Sinhô, um de seus grandes sucessos, lembra muito mais o canto de Francisco Alves que de Mário Reis. Parece preciosismo, mas não é não: para se contar a história do samba, é preciso lembrar que, com ele, nasceu um modo brasileiro de cantar, no qual Mário Reis é pioneiro. Diz-se que foi ele quem inspirou João Gilberto. Sabe-se que ele inspira Chico Buarque até hoje. Portanto, expor Mário Reis executando o canto "de vozeirão" a la Francisco Alves, também se configura como erro importante.
Algumas ausências foram muito sentidas, dentre as quais eu destacaria Assis Valente, Aracy de Almeida, Clementina de Jesus e Adoniram Barbosa. Claro que, num espetáculo que tem três horas de duração, não cabe um século de personagens, necessariamente precisam-se fazer escolhas. Mas, aqui, minha crítica é que deixar esses imensos e intensos personagens de fora nunca seria uma boa escolha.
Se Bossa Nova é samba ou não, essa é uma polêmica que nunca terá fim. Ela aparece no show sob os dedos de Diogo Nogueira interpretando João Gilberto. Entretanto, resumir os anos 1960/1970 à Bossa Nova e os sambas de protesto de Chico Buarque não é nada razoável. Ficam escamoteadas, inclusive as iniciativas de João Nogueira, pai de Diogo, em defesa do Carnaval de rua e do próprio samba, que, naquele momento, queria reviver e sobreviver às investidas da indústria fonográfica estrangeira. Aliás, João e Clara Nunes foram lembrados no espetáculo no trecho dedicado à memória de sambistas eternos, que jamais serão esquecidos pelo público. Foram ambos apresentados por Diogo Nogueira, respectivamente, como seu pai e sua madrinha. Porém, mais do que isso, nos tais anos 1960/1970, eles tiveram papel fundamental na evolução do samba. João, pelas razões citadas e pelo seu modo particular de cantar fraseado, dando continuidade aos artistas do canto sincopado. Clara, bem como Clementina de Jesus, exalta e valoriza a herança africana na constituição do samba: a religiosidade, as temáticas, o batuque. Expressava uma profunda brasilidade no repertório e no figurino - como, em alguma medida, Carmen Miranda fizera décadas antes.
O espetáculo marca corretamente dois pontos de virada importantíssimos na história do samba, compreendendo, inclusive, invenção e ressignificação de instrumentos: a turma do Largo do Estácio, no fim dos anos 1920; e o Cacique de Ramos, nos anos 1980. Também marca a importância do Teatro de Revista e da era do rádio para a popularização do samba.
Mas, para mim, nada foi mais emocionante do que ver Noel Rosa e Martinho da Vila conversando num banco de praça em Vila Isabel (sei que eu sou suspeita, mas e daí? rsrs). "Nosso tempo é o da poesia, Noel", retruca Martinho quando o Poeta da Vila assombra-se com o diálogo entre dois tempos históricos.
A experiência que o show propõe é interessante, certamente. Mais precisão histórica e inclusão de personagens e marcas fundamentais enriqueceriam decisivamente essa experiência, que, afinal, conta a história de todos e todas nós.
quinta-feira, 12 de março de 2015
Eu vou pra rua
Nesta sexta-feira 13, eu vou para a rua.
Vou me sentindo em casa, porque eu sempre estive nela e ela sempre esteve em mim. Nas ruas, eu já estive para resistir, para exigir avanços e para comemorar vitórias. Já apanhei da polícia, já tomei chuva, gritei incontáveis palavras de ordem, abracei, corri, senti medo e alegria.
Vou com a consciência tinindo, porque tenho opiniões e ideias de solução para os problemas que todos sentimos. Não é de hoje que afirmamos que a Reforma Política é fundamental para oxigenar o sistema político-eleitoral brasileiro e para combater a corrupção e a privatização da política. Só não entendo por que a massa cheirosa indignada não chega a essa brilhante conclusão. Não sei se o que querem mesmo resolver o problema. Parece que não.
Vou porque eu votei na Dilma para aprofundar as mudanças de paradigma econômico e inversão de prioridades, não para retroceder à política econômica do adversário derrotado e birrento. Vou pra rua rejeitar as políticas de ajuste fiscal e as MPs 664 e 665, que querem flexibilizar direitos conquistados a duras penas pelos(as) trabalhadores(as).
Vou porque eu também morri em cada pessoa morta, torturada desaparecida num triste passado recente que alguns teimam em querer nos fazer esquecer justamente pelo apreço e falta de vergonha que sentem por sua participação naquilo. Vou porque a democracia é nossa essência, e as ruas ardentes são a prova disso. Vou para defender a democracia como quem defende a própria vida, para que não me matem outra vez.
Vou porque eu acho uó essa indignação seletiva de gente que tá #xatyada com o esquema que vem sendo desmantelado na Petrobras, mas não fica triste com as dezenas de CPIs natimortas em SP, com a impunidade de certos processos de corrupção em Minas Gerais, com o coronelismo que segue manipulando, violentando e até matando gente Brasil afora, em pleno século XXI.
Eu vou pra rua com muito amor e convicção. O ódio, meus amigos e amigas, nunca foi um bom conselheiro. Deixa a gente meio irracional, sabem?
Vou me sentindo em casa, porque eu sempre estive nela e ela sempre esteve em mim. Nas ruas, eu já estive para resistir, para exigir avanços e para comemorar vitórias. Já apanhei da polícia, já tomei chuva, gritei incontáveis palavras de ordem, abracei, corri, senti medo e alegria.
Vou com a consciência tinindo, porque tenho opiniões e ideias de solução para os problemas que todos sentimos. Não é de hoje que afirmamos que a Reforma Política é fundamental para oxigenar o sistema político-eleitoral brasileiro e para combater a corrupção e a privatização da política. Só não entendo por que a massa cheirosa indignada não chega a essa brilhante conclusão. Não sei se o que querem mesmo resolver o problema. Parece que não.
Vou porque eu votei na Dilma para aprofundar as mudanças de paradigma econômico e inversão de prioridades, não para retroceder à política econômica do adversário derrotado e birrento. Vou pra rua rejeitar as políticas de ajuste fiscal e as MPs 664 e 665, que querem flexibilizar direitos conquistados a duras penas pelos(as) trabalhadores(as).
Vou porque eu também morri em cada pessoa morta, torturada desaparecida num triste passado recente que alguns teimam em querer nos fazer esquecer justamente pelo apreço e falta de vergonha que sentem por sua participação naquilo. Vou porque a democracia é nossa essência, e as ruas ardentes são a prova disso. Vou para defender a democracia como quem defende a própria vida, para que não me matem outra vez.
Vou porque eu acho uó essa indignação seletiva de gente que tá #xatyada com o esquema que vem sendo desmantelado na Petrobras, mas não fica triste com as dezenas de CPIs natimortas em SP, com a impunidade de certos processos de corrupção em Minas Gerais, com o coronelismo que segue manipulando, violentando e até matando gente Brasil afora, em pleno século XXI.
Eu vou pra rua com muito amor e convicção. O ódio, meus amigos e amigas, nunca foi um bom conselheiro. Deixa a gente meio irracional, sabem?
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Gratidão - Uma mensagem de pós-aniversário
Acho a ingratidão um defeito imperdoável, e, felizmente, desse mal eu não padeço. Passo a vida agradecendo mentalmente por cada coincidência positiva que eu interpreto como sorte. Pela proteção de Iemanjá. Pelos encontros desta vida, em meio a tanto desencontro. Pelas oportunidades que tive para ser quem eu me tornei. Todos os esforços que eu faço para ser uma pessoa boa, eu faço em sinal de gratidão.
Agradeço muito às pessoas que estiveram no nosso Samba na Vila, onde cantei e reuni gente querida, que me proporcionou uma comunhão deliciosa de energias. Agradeço por todas as mensagens que vocês escreveram no mural, inbox ou via celular. Agradeço mais por aquelas que vieram carregadas de carinho verdadeiro, a gente sempre sabe quais são (são aquelas que fazem a gente sorrir ao ler). Agradeço especialmente as palavras que ouvi em vez de ler. Agradeço até pela tristeza nostálgica a bordo de uma ou outra mensagem, embutida na sensação de reduzir a um impessoal, burocrático e compulsório "felicidades" uma convivência que já foi tão intensa quanto se imaginou infinita. Também se deve agradecer por essas, porque até daí a gente extrai lições. Como disse Zé Kéti: se me der motivo, é mais um samba que eu faço. Eu desejo ver motivos pro samba na alegria e na tristeza.
Eu desejo é esse mar eterno de sentires. Desejo que a indiferença nunca se aproxime de mim. Desejo ser merecedora de todos os presentes que a vida me dá. Desejo ser capaz de retribuí-los.
Por hora, sinto-me ainda mais grata porque, de presente de aniversário, a Europa vai me devolver o Rodolfo Vianna, e Brasília vai me trazer a Juliana Terribili. Eu, pra ser feliz, não preciso de mais que isso: música e pessoas que amo. Se vierem acompanhadas de uma boa garrafa de vinho, melhor ainda.
Beijos em todos(as) vocês, queridos(as). E obrigada.
Agradeço muito às pessoas que estiveram no nosso Samba na Vila, onde cantei e reuni gente querida, que me proporcionou uma comunhão deliciosa de energias. Agradeço por todas as mensagens que vocês escreveram no mural, inbox ou via celular. Agradeço mais por aquelas que vieram carregadas de carinho verdadeiro, a gente sempre sabe quais são (são aquelas que fazem a gente sorrir ao ler). Agradeço especialmente as palavras que ouvi em vez de ler. Agradeço até pela tristeza nostálgica a bordo de uma ou outra mensagem, embutida na sensação de reduzir a um impessoal, burocrático e compulsório "felicidades" uma convivência que já foi tão intensa quanto se imaginou infinita. Também se deve agradecer por essas, porque até daí a gente extrai lições. Como disse Zé Kéti: se me der motivo, é mais um samba que eu faço. Eu desejo ver motivos pro samba na alegria e na tristeza.
Eu desejo é esse mar eterno de sentires. Desejo que a indiferença nunca se aproxime de mim. Desejo ser merecedora de todos os presentes que a vida me dá. Desejo ser capaz de retribuí-los.
Por hora, sinto-me ainda mais grata porque, de presente de aniversário, a Europa vai me devolver o Rodolfo Vianna, e Brasília vai me trazer a Juliana Terribili. Eu, pra ser feliz, não preciso de mais que isso: música e pessoas que amo. Se vierem acompanhadas de uma boa garrafa de vinho, melhor ainda.
Beijos em todos(as) vocês, queridos(as). E obrigada.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Lançamento do meu livro em São Paulo
Espero vocês pro lançamento do meu livro de poesias, Retratos - E algumas mentirinhas a mais, em São Paulo, próximo dia 9. Mais uma conquista que se realiza (ou se expressa) no Dia Internacional da Mulher. No caso, um dia depois, mas está na margem de erro... rs...
Este blog foi um motor dessa publicação. Será muito especial ter nessa celebração as pessoas que me acompanham por aqui. Até lá!
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Lista de Presentes
Eu queria um dia de sol, já ganhei.
Eu queria cantar, vou cantar. Estar bem acompanhada, estarei.
Quero música, sorrisos, risadas, cerveja gelada, amigos e esperança. Não preciso de mais do que isso.
Quero que o Barça dê show, que o São Paulo me encante, quero continuar tendo ideias loucas, quero abrir caminhos, quero oxigênio, ar, quero criar, quero deixar fluir. Quero a força do mar de Iemanjá, com a generosidade e a profundidade junto.
Quero ajudar a eleger o Juba e o Villa, porque acredito nesse projeto, porque sempre admirei Porto Alegre pelos tons de vermelho que são parte intrínseca dela - e ninguém lhe rouba. Quero porque tenho esperança - e ninguém me rouba.
Quero comemorar em São Paulo e em Brasília, e vou. Quero buscar pedaços do meu coração em Fortaleza, Rio de Janeiro, Salvador, Barcelona, em tanto lugar, em todo o mundo. Eu vou.
Quero merecer tudo isso.
E como na música do Zeca Baleiro, "se é assim, quero sim, acho que vim pra lhes ver". Quero a companhia dos amigos e amigas portoalegrenses nesta noite, lá no Comitê. E aí, parafraseando, agora, Victor Hugo, "não terei mais nada a desejar". Beijos, meus queridos e minhas queridas. Agradeço pelas mensagens de carinho.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
I Conferência Livre de Jovens Mulheres
Hoje, aqui em Porto Alegre, começa a I Conferência Livre de Jovens Mulheres. Eu estou na mesa do primeiro painel, sábado de manhã, sobre "Mulher e Mídia". Abaixo, mais informações. Pra acessar o blog do evento, clique aqui.
Abaixo, a programação da conferência:
07 de Outubro de 2011
18h – Credenciamento
19h – Abertura - Composição da mesa com autoridades
19h40 – Grande Painel: “Memórias de um Passado Recente”. Panelistas: Maria Mulher; Movimento de Mulheres Camponesas; Mari Perusso - Confederação das Mulheres do Brasil e Mari Machado – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
21h – Coquetel de Encerramento
08 de Outubro de 2011
8h30 – 1º Painel: Comunicação em Pauta: Mulher e Mídia. Palestrantes: Alessandra Terribili; Bia Barbosa; e Juliana Nunes.
10h30 – GT: Politica para Jovens Mulheres: Saúde Integral e Combate à Violência. Entidades Debatedoras: Nadine Anflor - Conselheira CDES e Delegada de Mulheres; Maíra Taborda - Secretaria de Politica para Mulheres/RS; LIGA Brasileira de Lésbicas; Clarivani - MNLM.
12h – Intervalo para almoço
13h30 – Apresentação Cultural: Dança Afro
13h45 – 2º Painel: Mulheres Jovens no Poder. Painelistas: Mariana Carlos – Vereadora de Cachoeira do Sul; Ariane Leitão – Mebro da Equipe da Casa Civil/RS; Gleidy Braga Ribeiro - Secretaria Nacional de Juventude;
15h30 – GT: Educação, Lazer e Cultura. Debatedoras: Tiely Queen – ONG Maças Podres; Alexandra Castilhos – UEE Livre; Maria Mulher.
17h30 – Encerramento.
Abaixo, a programação da conferência:
07 de Outubro de 2011
18h – Credenciamento
19h – Abertura - Composição da mesa com autoridades
19h40 – Grande Painel: “Memórias de um Passado Recente”. Panelistas: Maria Mulher; Movimento de Mulheres Camponesas; Mari Perusso - Confederação das Mulheres do Brasil e Mari Machado – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
21h – Coquetel de Encerramento
08 de Outubro de 2011
8h30 – 1º Painel: Comunicação em Pauta: Mulher e Mídia. Palestrantes: Alessandra Terribili; Bia Barbosa; e Juliana Nunes.
10h30 – GT: Politica para Jovens Mulheres: Saúde Integral e Combate à Violência. Entidades Debatedoras: Nadine Anflor - Conselheira CDES e Delegada de Mulheres; Maíra Taborda - Secretaria de Politica para Mulheres/RS; LIGA Brasileira de Lésbicas; Clarivani - MNLM.
12h – Intervalo para almoço
13h30 – Apresentação Cultural: Dança Afro
13h45 – 2º Painel: Mulheres Jovens no Poder. Painelistas: Mariana Carlos – Vereadora de Cachoeira do Sul; Ariane Leitão – Mebro da Equipe da Casa Civil/RS; Gleidy Braga Ribeiro - Secretaria Nacional de Juventude;
15h30 – GT: Educação, Lazer e Cultura. Debatedoras: Tiely Queen – ONG Maças Podres; Alexandra Castilhos – UEE Livre; Maria Mulher.
17h30 – Encerramento.
E depois, todas (e todos) estão convidadíssimos para o Tributo a Clara Nunes, no Tapas Bar.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
O diário de uma geração
Uma das expressões mais claras de que os vinte anos de ditadura militar não são história bem resolvida para o Brasil é a quantidade de filmes que abordam ou se ambientam nesse período histórico. Entre ficção e não ficção, perpassando alguns diferentes gêneros, os anos de chumbo são frequentemente explorados pelo cinema brasileiro, que parece encontrar ali não somente um palco ou um cenário, mas sim, uma realidade a ser desbravada.
"Diário de uma busca" é uma dessas expressões. O documentário narra a busca da diretora, Flávia Castro, por respostas sobre a misteriosa morte de seu pai, Celso Castro, em 1984. Celso fora exilado político, e passou por seis países até poder voltar ao Brasil, em 1979, com a lei da anistia.
Acontece que, embora procure investigar um período histórico tão invocado, o filme apresenta-se absolutamente original na abordagem e no olhar sobre o momento. Com um belo jogo de metalinguagem, Flávia recupera a história de seus pais, então militantes de organizações de esquerda jogadas à clandestinidade pela ditadura. Eles foram obrigados a sair do país no início da década de 1970, levando os filhos pequenos (Flávia e seu irmão caçula) a lhes acompanharem na jornada. É desde o ponto de vista de uma menina, que começa a narrativa aos 6 anos, que o espectador conhece os fatos.
As duas crianças vivem em meio à fuga, à resistência, mas também, lado a lado com as esperanças e as dores de toda uma geração, muito materializada em seus pais e nas pessoas que com eles se relacionavam. Estranham o fato de não irem à escola, brincam de "fazer reunião" e observam tudo à sua volta. A opção por localizar aí seu relato livra o filme do risco de tornar-se "pesado", mas, ao contrário, envolve o espectador na busca de Flávia e na recomposição de uma infância atípica.
O espectador também tem o prazer de "conversar" com personagens centrais da história. Além de Sandra, a mãe de Flávia, e demais figuras da família; Daniel Aarão Reis, Marco Aurélio Garcia, Flávio Koutzii, Jean Marc Von der Weid (presidente da UNE em 1968) e o saudoso Daniel Bensaid são quem contextualiza o período histórico a partir de suas memórias políticas e da relação com Celso Castro e sua família.
Ao longo do filme, a compreensão da morte de Celso fica subordinada à grandiosidade da sua história, contada a partir de relatos, entrevistas, documentos, fotografias; e da dimensão humana de todo aquele processo, evidente, entre outros, nas dezenas de cartas dele, recuperadas por Flávia.
A vida de todo mundo, em qualquer período, é repleta de percalços, obstáculos, grandes imprevistos. Muitas coisas podem mudar para sempre a vida de uma pessoa. Mas, naqueles vinte anos, o Estado brasileiro colocou-se para seus cidadãos como um desses fatores, ou o principal, e isso é algo deveras sério. Sendo assim, independentemente de quem puxou o gatilho naquela tarde, e da razão que levou Celso ao apartamento onde ele se encontrou com a morte, a verdade é que sua vida mudara para sempre em 1964.
Enquanto os arquivos da ditadura permanecerem vergonhosamente sigilosos, enquanto brasileiros e brasileiras forem privados do direito à sua própria história, ainda haverá muito o que se falar sobre ditadura, ainda haverá muito o que se remexer nesse passado. Embora Flávia Castro declare-se, enfaticamente, alguém "não militante", a preciosidade da sua contribuição está justamente em escancarar as vidas que foram afetadas pela brutalidade do regime, e o quanto a desumanidade com que aquela geração foi tratada interferiu na sua forma de olhar o mundo dali por diante.
A história de cada um daqueles personagens teve diferentes desfechos, e opções variadas se apresentaram. Mas jamais será possível ignorar que, a despeito da especificidade do desenvolvimento de cada trajetória pessoal, nenhuma lei de anistia apaga as mortes, os desaparecimentos, tampouco a angústia e as dores que cada uma daquelas pessoas enfrentou. "Diário de uma busca" tem o mérito de ampliar os horizontes desse impacto. A sensibilidade é, afinal, um pressuposto de qualquer militância.
***
Veja o trailer do filme:
DIÁRIO DE UMA BUSCA
direção: Flávia Castro
roteiro: Flávia Castro
gênero: documentário
origem: Brasil/França
duração: 108 minutos
tipo: longa-metragem
Em cartaz no CineBancários (Rua General Câmara, 424, centro de Porto Alegre) de 3 a 14 de agosto (exceto dia 8), em três horários: 15h, 17h, 19h.
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Em novembro de 2008, escrevi sobre um episódio que me comoveu muito: a Caravana da Anistia, passando por Caxias do Sul, anistiou o ex-deputado Flávio Koutzii (PT-RS), que é um dos personagens do filme. Pra quem quiser lembrar, clique aqui.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
UNE realiza encontro nacional de estudantes negros(as) e cotistas
Enviado pelo diretor de combate ao racismo da UNE, Miguel Cruz Carvalho.
Um espaço privilegiado de debate e convergência sobre os impactos da adoção de Políticas de Ações Afirmativas para a população afrodescendente no ensino superior brasileiro. Assim pode ser definido o Encontro Nacional de Estudantes Negros, Negras e Cotistas da UNE, que reunirá jovens de diversas regiões do país durante os dias 05 e 07 de junho na Faculdade de Arquitetura da UFBA em Salvador.
O ENUNE 2009 terá mesas de debate, palestras, oficinas e atividades culturais para tratar de temas como Reserva de vagas, cotas, permanência, descolonização do conhecimento, entre outros. O Movimento Estudantil tem como responsabilidade pautar na agenda política brasileira esta que é talvez a mais antiga e grave nuance da questão social do Brasil – o racismo. As ações de combate ao racismo precisam ser acompanhadas de uma série de outras medidas universalizantes para reformarem a educação secundária e universitária.
Colocar o debate racial na pauta central das discussões sobre educação é uma das tarefas de todas e todos que acreditam na transformação através de Políticas Afirmativas para um novo Brasil!
Obtenha informações sobre programação, alojamento e inscrições através do blog www.unecombateaoracismo.blogspot.com ou entre em contato através do email enune2009@gmail.com.
Faça a sua inscrição Online no www.unecombateaoracismo.blogspot.com. Informações em: (71) 87481498 e (71) 92843074.
Um espaço privilegiado de debate e convergência sobre os impactos da adoção de Políticas de Ações Afirmativas para a população afrodescendente no ensino superior brasileiro. Assim pode ser definido o Encontro Nacional de Estudantes Negros, Negras e Cotistas da UNE, que reunirá jovens de diversas regiões do país durante os dias 05 e 07 de junho na Faculdade de Arquitetura da UFBA em Salvador.
O ENUNE 2009 terá mesas de debate, palestras, oficinas e atividades culturais para tratar de temas como Reserva de vagas, cotas, permanência, descolonização do conhecimento, entre outros. O Movimento Estudantil tem como responsabilidade pautar na agenda política brasileira esta que é talvez a mais antiga e grave nuance da questão social do Brasil – o racismo. As ações de combate ao racismo precisam ser acompanhadas de uma série de outras medidas universalizantes para reformarem a educação secundária e universitária.
Colocar o debate racial na pauta central das discussões sobre educação é uma das tarefas de todas e todos que acreditam na transformação através de Políticas Afirmativas para um novo Brasil!
Obtenha informações sobre programação, alojamento e inscrições através do blog www.unecombateaoracismo.blogspot.com ou entre em contato através do email enune2009@gmail.com.
Faça a sua inscrição Online no www.unecombateaoracismo.blogspot.com. Informações em: (71) 87481498 e (71) 92843074.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Direito à memória e à verdade
Muito se tem falado sobre tortura ultimamente, e a Lei da Anistia, de 1979, está de volta à agenda pública. Esta tem sido evocada por integrantes do Governo Federal que entendem que o crime de tortura é imprescritível, e portanto, torturadores não podem ser considerados anistiados pelo que promoveram e executaram nos duros anos de chumbo.
Um episódio emblemático é a luta judicial que a família Teles, casal e dois filhos (que eram pequenos à época em que os pais foram submetidos a tortura por serem opositores do regime), moveu contra o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi de São Paulo entre 1970 e 1974. O coronel foi declarado torturador publicamente.
Presenciei, certa vez, uma audiência da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, dentro da Caravana da Anistia, que declarou anistiado Flávio Koutzii, ex-deputado estadual e dirigente do PT do Rio Grande do Sul.
Koutzii se emocionou quando teve direito à palavra. Homenageou seus companheiros e companheiras, reafirmou os ideais que o moveram naquele período, e que fazem sentido até hoje, garantindo sua militância. Ao final de um belo discurso que declarou Koutzii anistiado, o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, falou isso: “O Estado brasileiro lhe pede desculpas”.
Eu me emocionei umas 10 vezes ao assistir aquilo. Mas até hoje eu me arrepio ao lembrar dessa frase. “O Estado brasileiro lhe pede desculpas”. Por tê-lo torturado, por ter-lhe roubado preciosos anos de sua juventude, por ter-lhe caçado o direito à voz, ao exercício pleno de seus direitos – e à luta plena para que eles sejam ampliados até que exista igualdade, democracia e justiça de verdade. Flávio Koutzii é um grande homem. Sinto-me honrada fazer parte do mesmo partido que ele ajudou a fundar e onde milita até hoje, apesar dos percalços e da vontade de desistir que sempre vem. E sempre é superada. Porque, desculpem a pieguice, mas a esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar. E ela ainda tem muito o que fazer por aqui.
Um episódio emblemático é a luta judicial que a família Teles, casal e dois filhos (que eram pequenos à época em que os pais foram submetidos a tortura por serem opositores do regime), moveu contra o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi de São Paulo entre 1970 e 1974. O coronel foi declarado torturador publicamente.

Tive a felicidade de estar em Caxias do Sul naquele 17 de julho. O auditório “improvisado” no ginásio da Universidade estava lotado por estudantes de Direito do Brasil inteiro e militantes gaúchos que se dirigiram até lá para acompanhar a audiência. Um dos casos a serem apreciados seria o do ex-deputado, muito conhecido no estado e respeitado pelo seu histórico de lutas em defesa do povo, da liberdade, do socialismo. Um grande militante.
A comissão relatou o caso de Koutzii, e, em seguida, homenageou, na pessoa dele (foi assim que entendi) todos aqueles grandes homens e grandes mulheres que dedicaram sua juventude e sua vida a enfrentar o autoritarismo dos que negam ao povo o direito à igualdade. Muitos tombaram. Muitos desistiram. E muitos aqui estão para contar essa história, e mais do que isso, para continuar escrevendo-a. Koutzii é um desses.
Koutzii se emocionou quando teve direito à palavra. Homenageou seus companheiros e companheiras, reafirmou os ideais que o moveram naquele período, e que fazem sentido até hoje, garantindo sua militância. Ao final de um belo discurso que declarou Koutzii anistiado, o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, falou isso: “O Estado brasileiro lhe pede desculpas”.
Eu me emocionei umas 10 vezes ao assistir aquilo. Mas até hoje eu me arrepio ao lembrar dessa frase. “O Estado brasileiro lhe pede desculpas”. Por tê-lo torturado, por ter-lhe roubado preciosos anos de sua juventude, por ter-lhe caçado o direito à voz, ao exercício pleno de seus direitos – e à luta plena para que eles sejam ampliados até que exista igualdade, democracia e justiça de verdade. Flávio Koutzii é um grande homem. Sinto-me honrada fazer parte do mesmo partido que ele ajudou a fundar e onde milita até hoje, apesar dos percalços e da vontade de desistir que sempre vem. E sempre é superada. Porque, desculpem a pieguice, mas a esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar. E ela ainda tem muito o que fazer por aqui.
DICA DE EVENTO:
Ato Público na Alesp: Direito à Memória e à Verdade
A tortura e desaparecimento de militantes políticos praticados por agentes do estado são crimes de lesa humanidade e, portanto, imprescritíveis e não passiveis de anistia. Julgar estes crimes praticados durante a ditadura militar 1964-1985 é um passo importante para que a justiça de transição seja feita em nosso país, no sentido de afirmar: Terrorismo de Estado, Nunca Mais!
PELA ABERTURA DOS ARQUIVOS MILITARES.
PELA LOCALIZAÇÃO DOS CORPOS DOS DESAPARECIDOS POLÍTICOS.
PELA RESPONSABILIZAÇÃO DOS CRIMES DE LESA HUMANIDADE.
Data: 1º de dezembro de 2008
Horário: 14h
Local: Auditório Teotônio Vilela - Assembléia Legislativa de São Paulo (Av. Pedro Álvares Cabral, 201, Ibirapuera)
Presença do Ministro Paulo Vannucchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos e do Presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão.
Realização: mandatos do deputado estadual Simão Pedro e do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP)
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