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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Um golpe contra a Educação e o Magistério

Por Gabriel Magno, Iolanda Rocha, Ruth Brochado, Hamilton 
Caiana, Henrique Torres e Alessandra Terribili*

A esta altura do campeonato, boa parte da população brasileira já entendeu o que estava em jogo quando partidos de direita, sindicatos patronais e os setores mais conservadores da sociedade se articularam para aplicar o golpe de Estado que está em curso. Reforma da Previdência, congelamento do investimento público por 20 anos, Ensino Médio sob ameaça e muita repressão. É nesse contexto que ganham força as teses conservadoras e autoritárias da ONG “Escola Sem Partido”.

Antes de mais nada, é preciso destacar que os projetos de lei que levam esse nome não se referem à presença ou não de partido na escola. Como todo agrupamento que se autodeclara “apartidário”, esse também visa a manipular o senso comum de forma hipócrita e oportunista para fazer prevalecer a sua própria ideologia.

A real intenção do Projeto de Lei da Mordaça é eliminar das salas de aula o contraditório, a diversidade, o pensamento crítico. Para quem ainda tem dúvida, basta saber que por trás desses PLs está o Instituto Millenium, conhecido espaço de elaboração da direita brasileira, que reúne figuras alimentadas pelo ódio de classe e intolerância, como Rodrigo Constantino e Diogo Mainardi. Tal coletivo conta com a participação entusiasmada de PSDB e DEM. Fica óbvio, portanto, que a “Escola Sem Partido”, de sem partido, não tem nada.

As iniciativas desastradas e autoritárias

Foi Izalci Lucas (PSDB-DF) quem tomou as premissas da ONG comandada por Miguel Nagib para apresentá-las em formato de projeto de lei à Câmara Federal (PL 867/2015). Nenhuma surpresa, afinal, as propostas do PSDB para a Educação ficaram claras nos oito anos de Governo FHC e nos estados de São Paulo, Paraná e Goiás, suas principais vitrines, caracterizados pelo sucateamento da escola pública e pela truculência e desvalorização com que se tratam os professores e estudantes.

Ainda que a Lei da Mordaça não tenha sido aprovada, alguns parlamentares já se utilizam dela para promover a perseguição de professores (as) e a censura, recuperando esses fundamentais elementos da ditadura militar. O projeto proíbe professores (as) de convidar seus estudantes para manifestações, atos públicos e passeatas. Um ataque deliberado à liberdade de manifestação e de organização, que remete outra vez e com mais ênfase ao período ditatorial.

Na Câmara Legislativa do Distrito Federal, Sandra Faraj (SD) e Rodrigo Delmasso (PTN) lideram um conjunto de deputados (as) que têm se esmerado em formular propostas absurdas para a Educação, sempre com forte viés autoritário e desprezo por professores (as) e orientadores (as). Na mesa do governador Rollemberg, por exemplo, está o PL 137/2015, aguardando sanção ou veto. O projeto busca levar os “valores de família” às salas de aula como temática transversal. Por trás de cada iniciativa desastrada como essa está a intenção de impor um conceito de família pertinente a uma crença específica; que reprime e marginaliza aqueles e aquelas que não se enquadram nos seus conceitos particulares. É uma violência contra a democracia, a laicidade do Estado e a liberdade de pensamento e de crença.

Sandra Faraj também tem enviado ofícios a escolas para cobrar explicações e “providências” contra professores e professoras que trabalham com seus/suas estudantes questões relativas aos direitos humanos, argumentando que as questões de gênero e de orientação sexual foram retiradas do PDE (Plano Distrital de Educação). Infelizmente, a deputada e sua assessoria parecem desconhecer a Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/1996), que estabelece em seu artigo 3º “o respeito à liberdade e apreço à tolerância” como princípios básicos do ensino. Esquece também que a Lei Orgânica do DF estabelece em seu artigo 2º que “ninguém será discriminado ou prejudicado em razão de convicções políticas ou filosóficas e orientação sexual”, e que o artigo 3º determina que um dos objetivos prioritários do Distrito Federal é “garantir e promover os direitos humanos assegurados na Constituição Federal e na Declaração Universal dos Direitos Humanos”. A mesma Lei Orgânica destaca em seu artigo 235 que “a rede oficial de ensino incluirá em seu currículo, em todos os níveis, dentre outros conteúdos programáticos, a educação sexual”, e no 237, que “é dever do Poder Público estabelecer políticas de prevenção e combate à violência e à discriminação, particularmente contra a mulher, o negro e as minorias”. Além de ignorar a Constituição Federal, que assegura a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; a valorização dos profissionais da educação escolar e a gestão democrática do ensino público (artigo 206).

O PELO (Projeto de Emenda à Lei Orgânica) nº 38, assinado pelo deputado Rodrigo Delmasso, quer incorporar à Lei Orgânica do DF a “garantia do direito dos pais a que seus filhos recebam educação moral de acordo com suas próprias convicções”. Não é apenas autoritário, mas também profundamente obtuso: numa sala de aula que, via de regra, representa a pluralidade presente na nossa sociedade, como obedecer à orientação moral de um desconsiderando a do outro e abstraindo a sua própria?

Causa-nos profunda indignação que esses (as) parlamentares desconheçam os reais problemas das escolas públicas do DF hoje; ou que não estejam preocupados (as) em solucionar a situação dramática da saúde pública, do transporte coletivo ineficiente e caro, e das profundas desigualdades sociais no Distrito Federal. Resta-lhes, portanto, muito tempo para executar patrulha moral sobre o trabalho sério que professores e professoras desenvolvem nas nossas escolas, visando a construir tolerância, respeito e igualdade.

Questões de gênero, orientação sexual e combate ao racismo

Ao inventar a expressão “ideologia de gênero”, os porta-vozes da direita conservadora e intolerante buscam massacrar a diversidade. Assim, pretendem manter a comunidade LGBT invisibilizada e marginalizada; e contribuem para a reprodução das tantas violências cometidas contra mulheres e população negra cotidianamente. As consequências disso estão diariamente nos noticiários: pessoas homossexuais assassinadas em crimes de ódio; mulheres estupradas, violentadas, mortas em crimes de misoginia; negros e negras sofrendo todo tipo de violência, perseguição, exclusão e preconceito. Claro, pois segundo os idealizadores do Projeto de Lei da Mordaça, a escola não é lugar de combater a cultura do ódio, da discriminação e da opressão.

De acordo com Bráulio Porto de Matos, um dos principais defensores da Lei da Mordaça, em debate na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados no último dia 31 de maio, o ensino de história e cultura da África nas escolas deveria ser extinto. Para ele, tal conteúdo expressa uma ideologia: “Então, deveríamos estudar a história da Itália, da Alemanha, do Japão”, disse. E foram exatamente esses três os países citados.

A incomensurável tolice de tal aferição reside no fato de que nossas escolas, ao falar das origens do povo brasileiro, sempre abordaram a história e cultura europeias quase que exclusivamente. Da mesma forma, os seguidores do PL da Mordaça pretendem eliminar, ou, no mínimo, reduzir substancialmente a importância da história política e socioeconômica da América Latina. Para os defensores e defensoras da Mordaça, nossos alunos devem ser limitados a conhecer a história e a cultura dos povos europeus e estadunidenses, filtrando o conhecimento ao qual eles podem ou não ter acesso. Nada mais ideológico que isso.

Não vai ter golpe contra a Educação

A ideologia da Escola Sem Partido é óbvia: a manutenção e o recrudescimento do padrão de opressões que nosso país conhece há mais de 500 anos, com seus atentados à soberania nacional e subordinação a interesses das tradicionais potências estrangeiras.

Esses aspectos marcam também o golpe em curso: ele é contra os(as) trabalhadores(as), como vimos anunciando há meses. O golpe é pela reversão dos avanços conquistados desde a Constituição de 88 e aprofundados nos últimos 12 anos, e pelo restabelecimento da lógica da mercantilização de direitos e da organização do Estado neoliberal com elementos fascistas, patriarcais e racistas.

Por isso é imprescindível impor uma derrota acachapante ao Projeto de Lei da Mordaça. Em defesa da democracia, dos direitos sociais, e da soberania do povo brasileiro. Afinal, os Projetos de Lei oriundos da ONG “Escola Sem Partido” têm mesmo a cara do segmento que os concebeu: além de colonialista, subserviente, escravocrata e intolerante; é ignorante.

* Gabriel Magno, Iolanda Rocha, Ruth Brochado e Hamilton Caiana são diretores do Sinpro-DF; Henrique Torres é dirigente da CUT-DF; Alessandra Terribili é jornalista e assessora política do Sinpro-DF.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A violência do golpe

Um ano atrás, professores e professoras em greve no Distrito Federal foram covardemente atacados pela Tropa de Choque a mando do Governador Rollemberg e seus cúmplices. A manifestação paralisou o Eixão na saída norte e na saída sul por cerca de meia hora, e nós já estávamos nos dirigindo aos nossos carros para sair de lá quando a polícia chegou e promoveu aquele festival de agressões, arbitrariedades e pancadaria que nunca vamos esquecer.

Era só o começo de um triste período marcado por violência, violação de direitos e retrocessos até no plano cívico. Um ano depois, a lei do Plano de Carreira do magistério segue sem ser cumprida - o governador anunciou que, mais uma vez, descumprindo o acordo de fim de greve, ele não vai pagar a última parcela do referido Plano.

A greve é um instrumento legítimo da classe trabalhadora. Ninguém faz greve por esporte, é o último recurso para quem só tem a paralisação da própria força de trabalho como mecanismo para garantir a efetivação de seus direitos. É difícil construir uma greve, é difícil manter uma greve. Mas é preciso fazer greve. Os responsáveis por existirem greves não são os trabalhadores, são seus patrões.

O Plano de Carreira dos professores e professoras do DF é motivo de orgulho da categoria, e foi conquistado com muita luta, depois de uma greve de 52 dias em 2012. O que Rollemberg faz agora é desrespeitar a lei. Entretanto, quem é punido pela Justiça são aqueles que lutam para fazer valer a lei.

Infelizmente, a cada dia que passa, mais elementos nos indicam que o golpe que tanto denunciamos nos trouxe a um Estado de exceção, no qual governo golpista, Congresso Nacional e Poder Judiciário estão articulados e empenhados em esmagar os trabalhadores (as), suas organizações e ações políticas.

O STF anulou o direito de greve garantido pela Constituição de 1988. Há, a todo momento, ameaças de ações truculentas contra a ocupação de escolas por estudantes secundaristas, que nos dão uma aula em defesa da Educação ao levantar-se contra a MP do Ensino Médio, autoritariamente lançada pelo governo golpista para sucatear o ensino público.

Um ano atrás, aquelas imagens chocaram o país inteiro: professores e professoras sendo covardemente violentados em Brasília pela Polícia Militar. Alguns foram presos, alguns sangraram, outros entraram em estado de choque. As marcas ficaram em todos nós que estávamos lá, e também, em milhares que não estavam. E por mais que já suspeitássemos, ainda não sabíamos, então, que a violência do golpe se recrudesceria a cada dia.

Cassaram nossos votos ao cassar a presidenta que elegemos. Constituíram um governo golpista com os nomes e programa daqueles que tinham sido derrotados nas urnas. Sob o pretexto de combater a corrupção, inauguraram um Estado de exceção no qual a esquerda é suspeita de tudo, exatamente como foi em 1964. Depois, construíram fortes para proteger os corruptos, seus mandatos e suas propriedades. Vão estrangular a educação e a saúde pública por vinte anos, entregar o pré-sal para as potências imperialistas, e nos proíbem de reagir.

Se isso não é ditadura, não sei que nome tem.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Escola Sem Partido: por uma Educação medíocre e enganadora

A Lei da Mordaça, estupidez galopante formulada por um advogado das causas obscurantistas e conservadoras, não tem como alvo os partidos, nem mesmo o suposto problema do proselitismo partidário. Até porque ele mesmo tem partido e quer ver sua ideologia organizando a escola e a Educação.

A iniciativa pretende exterminar a construção de senso crítico e massacrar a diversidade presente nas nossas escolas, que somente é uma amostra da diversidade do mundo fora delas. E assim sendo, não é "só" a democracia que será atacada pelo projeto: a qualidade do ensino, de forma geral, estará.

Há 17 anos, um artigo de Rubem Alves num jornal de grande circulação me chamou a atenção para sempre. Nele, o educador trazia uma importante reflexão, ao contar a história da aeromoça a quem perguntou qual o rio que se avistava ao sobrevoar o Paraná. Ela, sorridente, respondeu que era o São Francisco.

"Posso jurar que ela não colou para passar de ano. Ela sabia direitinho os nomes. Sabia também olhar os mapas. Nas provas, marcou certo o rio São Francisco. Na escola, tirou dez. Então, como explicar que ela visse o São Francisco no norte do Paraná? A resposta é simples: não foi ensinado a ela que o mapa, coisa que se faz com símbolos para representar o espaço, só tem sentido se estiver ligado a um espaço que não é símbolo, feito de montanhas, rios de verdade, planícies e mares. Saber um mapa é ver, pelos símbolos, o espaço que ele representa".

O que Miguel Nagib e seus seguidores querem é ferir de morte exatamente isso. Querem que a escola se limite a falar das fases da mitose, do seno e do cosseno, da vegetação do sul da Ásia, das causas da Guerra dos Cem Anos; fazendo disso tudo apenas símbolos que não saem do laboratório, conhecimento sem sentido.

Expulsar o pensamento crítico das escolas é fortalecer esse olhar medíocre sobre a Educação; é contribuir para formar jovens incapazes de estabelecer relações e de se instrumentalizar dos símbolos para ler o mundo real. Como bem apontava Rubem Alves, conhecimento que não decifra a vida e não ilumina o mundo não é conhecimento. É enganação. Uma ótima palavra, aliás, para definir a tal Escola Sem Partido.

(Alessandra Terribili)
***

PS: É sintomático que, 17 anos depois, eu recorra ao mesmo artigo para falar de Educação que eu usava na época, quando estávamos no auge do combate contra o Provão. Os tempos sombrios estão mesmo de volta.

PS 2: O artigo do Rubem Alves está no link http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz11079909.htm.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

A volta dos que não foram

É mesmo a volta dos que não foram. Para quem tinha qualquer dúvida, o anúncio do "novo" ministério salda todas. Sem obter nenhum voto, Michel Temer assume "interinamente" e traz para o Governo Federal aqueles que foram derrotados nas últimas eleições, para implantar a sua "Ponte para o Futuro" (sic) que representa pura e simplesmente o programa derrotado nas últimas eleições.

Para mim, que comecei minha militância no movimento estudantil e, duas décadas depois, trabalho com um sindicato de professores, é simbólico e melancólico ver essa figura da foto de volta à cena.

Ao lado do ministro da educação (minúsculo mesmo) recém-empossado, está Maria Helena Guimarães Castro, que presidiu o Inep durante o governo FHC e era mulher de confiança do então ministro Paulo Renato de Souza. Ela foi responsável pela implementação do provão, que eu e tantos combatemos com afinco, denunciando a privatização escondida nas entrelinhas daquele fajuto instrumento. Foi das grandes elaboradoras do projeto mercantilização da Educação que tentaram nos enfiar goela abaixo, especialmente nas universidades, mas nós resistimos, nós o derrotamos e até tripudiamos sobre ele... Até agora há pouco: essa senhora será secretária-executiva do "novo" MEC, que recuperará o sentido que tinha na ditadura militar.



Maria Helena também foi Secretária de Educação em São Paulo, onde nasci - e onde o PSDB vai completar 24 anos de governo: há toda uma geração que nunca viu outro partido governar São Paulo -, e reagiu com toda truculência característica do seu partido a uma das maiores greves de professores da história do estado. Maria Helena, que quis implementar um programa de remuneração por mérito para os profissionais da Educação. Lá, onde a Educação Pública vai de mal a pior, sendo desmontada dia a dia, com professores desmotivados e desvalorizados, e onde estudantes são criminalizados por tentar defender sua escola desses ataques. Lá, onde a verba da merenda é desviada sem nenhuma investigação; aliás, lá, onde toda e qualquer tentativa de investigar alguma coisa é enterrada de véspera. 

Parabéns aos envolvidos por trazerem de volta essa galera das catacumbas.

Quanto a nós... Estaremos onde sempre estivemos. Resistir e enfrentar vocês é algo que fazemos muito bem. Especialmente na Educação.

terça-feira, 16 de junho de 2015

O Plano Distrital de Educação e o obscurantismo autoritário e desqualificado na CLDF

Hoje tivemos mais um triste episódio que demonstra a total desqualificação dos setores conservadores e da direita nos parlamentos deste país. A exibição de luxo dessa boçalidade se deu em meio a uma importante vitória do Sinpro-DF e demais entidades e movimentos integrantes do Fórum Distrital de Educação: a aprovação do PDE (Plano Distrital de Educação).

Ainda pela manhã, em reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), já se percebiam cartazes e intervenções contra a "ideologia de gênero".

[Colchetes: eu não sei que diacho é isso. Nunca vi nenhuma militante, teórica, estudiosa, pesquisadora, dirigente feminista ou do movimento LGBT se referir a uma "ideologia de gênero". Aliás, eu sempre fui a primeira a chamar a atenção de minhas próprias companheiras feministas quanto a esse conceito: gente, gênero não é sujeito político. Não existem plenária de gênero, política de gênero, violência de gênero. Existem plenária de mulheres, políticas para as mulheres, violência contra as mulheres. Não podemos nós esconder as sujeitas dessas situações todas. Gênero é recorte, é categoria de análise, é um conceito útil para compreender a construção social do feminino e do masculino.]

Mas esse pessoal das trevas inventou a tal coisa que é a ideologia de gênero. Enfim.

E então, líderes de igrejas cristãs (não sei quais, não entendo disso) no parlamento passaram a criticar o PDE afirmando que este fazia apologia à tal da "ideologia de gênero". Os cartazes das pessoas traziam dizeres em defesa da família tradicional e outras bobagens que elas se recusam a entender que faz parte da crença religiosa delas, e elas não podem impor a crença religiosa delas a todo mundo, que isso é feio.

Se você perguntasse para essas pessoas onde no projeto está a defesa da tal da "ideologia de gênero", a pessoa:

a) Fazia cara de paisagem;
b) Juntava meia-dúzia de palavras sem lé com cré e, no fim, não respondia;
c) Gritava, te xingava ferzomente, se retorcia.

Era óbvio que aqueles cidadãos e cidadãs não conheciam o texto ora sob apreciação. Mas, para mim, que ainda não perdi totalmente a fé na humanidade, já não era tão óbvio que seus representantes no legislativo também desconhecessem o projeto que eles mesmos estavam colocando em votação.

Em suas intervenções, deputados como Rodrigo Delmasso (PTN), Raimundo Ribeiro (PSDB) e Sandra Faraj (Solidariedade) diziam que a "ideologia de gênero" presente no PDE (???!!!!) destruiria a família; que as crianças não mais seriam educadas como meninos ou meninas, mas que decidiriam isso ao atingir a maioridade; atrocidades desse nível. Ou seja, ou esses parlamentares são mais que medíocres e limitados, e sim, bastante ignorantes mesmo; ou então, são mal intencionados, o que coloca em questão seu próprio caráter. Em qualquer das alternativas, eles não merecem os mandatos que lhes foram oferecidos.

O pobre Plano só pretendia - como vocês, pessoas capazes de juntar lé com cré, facilmente supõem - que todos os seres humanos dentro de uma escola sejam tratados com igualdade. Que se desconstruam preconceitos, discriminações e qualquer forma de opressão de alguém sobre outro alguém. Porque isso também é feio.

Mas o pessoal das trevas não admite isso. Parece que querem manter a população LGBT excluída, marginalizada, vulnerável. Não se importam com os milhares e milhares que morrem em decorrência da homofobia assassina que eles alimentam e valorizam. São cúmplices dessas mortes, e depois rezam impunemente para seu deus.

Afora as questões referentes a orientação sexual, diversidade e RECORTES de gênero; os deputados da CLDF não quiseram nem saber do Plano Distrital de Educação. Não debateram suas metas e estratégias; a oferta de vagas; a educação de jovens e adultos; a valorização dos profissionais da educação; o financiamento da educação. Mas, isso sim, retiraram toda e qualquer flexão de gênero do texto - aparentemente, há quem se incomode muito com o saudável hábito de visibilizar as mulheres nos textos políticos.

É uma gente pequena, tão pequena, mas tão pequena, que eu só posso lamentar. E festejar que, apesar de todo o obscurantismo que impediu que o texto contemplasse a diversidade presente nas nossas escolas e na nossa sociedade, nem a boçalidade desse pessoal das trevas pôde impedir que o DF tenha, agora, um plano com metas e estratégias a serem alcançadas para a Educação num prazo de dez anos.

Que venha a próxima década. A disputa pela igualdade não acabou esta tarde.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Pela universidade pública e pela minha própria história como lutadora social: VOTO DILMA neste 26 de outubro.

Greve Geral contra a flexibilização
da CLT - nov/1999
Eu comecei a militar no movimento estudantil. Fiz parte do CA da ECA (Escola de Comunicações e Artes) e do DCE da USP. Na minha primeira semana de universidade, algumas turmas ficaram sem aula porque faltavam professores. Faltava dinheiro, diziam.

Mas à Faculdade de Economia e Administração não faltava dinheiro. Ah tá, eles tinham o dinheiro de fundações privadas que, como sanguessugas, atuavam no espaço da USP, usando o nome da USP, professores da USP (que acabavam não cumprindo adequadamente suas obrigações com a graduação) e repassavam uma parte da grana à faculdade. Mas isso não é privatização? 

Calma. Greve, vamos fazer greve. Todas as estaduais, USP, Unesp e Unicamp. Não podemos aceitar a privatização da universidade pelas beiradas, não podemos aceitar esse sucateamento! Morríamos de medo de acordar, um dia, com data marcada para o leilão das universidades. A gente resistia, resistia. E quando a gente resistia, vinha a polícia e descia o cassetete na gente. Eu mesma já tomei uma porrada tão grande no braço que passei dias usando somente blusa de manga comprida, para que minha mãe não se preocupasse ao ver a marca. A gente fazia passeata, a polícia jogava spray de pimenta. A gente parava a Paulista, a polícia batia na gente. O governador mandava, era política de governo bater na gente, desmontar a USP.
Porto Alegre, Fórum Social
Mundial - jan/2002

Não podia fazer greve, mas a gente queria disputar a universidade. Não dava, a gente não podia votar pra reitor. Nada no mundo é mais autoritário que a USP, cujo reitor é eleito somente pelo seu Conselho Universitário, um universo minúsculo, que tinha, na sua composição, menos de 10% de estudantes. Queríamos eleições diretas, queríamos voto paritário, queríamos democracia na universidade, nós também queremos falar! Aí, cercávamos a reitoria em dia de eleição, para pedir democracia, e vinha a polícia e batia na gente de novo.

Ao lado da USP, tinha a comunidade São Remo, com quem diversos trabalhos de extensão eram realizados. Mas eles lá, nós aqui. Os filhos das famílias da São Remo não estudavam na USP, não estudavam em universidade alguma. Havia os muros da universidade, havia um mecanismo excludente e elitista de seleção, havia acesso nulo a políticas sociais e de geração de renda e havia uma polícia truculenta para impedir que essa turma entrasse na universidade, em qualquer sentido de “entrar”. Nós achávamos que o espaço da USP era público, de toda a comunidade. Nós queríamos que as pessoas da São Remo também pudessem estudar na USP.

A gente lutava, uma luta de resistir. Passávamos finais de semana em reunião, apanhávamos da polícia em protestos, tínhamos propostas, ideias. Nas férias, fazíamos os congressos estudantis. Não podíamos permitir que as universidades públicas fossem privatizadas. Todos os dias, a gente acordava para impedir que a universidade fosse privatizada, fosse num leilão, fosse por mecanismos camuflados de privatização.
Belém, fev/2000: ato do Cobrecos
pela democratização da comunicação
denunciando os "festejos" da Globo e do
governo FHC de 500 anos do Brasil.

Infelizmente, meu estado continua sob poder do PSDB. Completaram vinte anos de governo. Alckmin, só ele, já foi governador três vezes, vai para a quarta gestão. No início deste ano, acompanhei com muita tristeza as notícias sobre a “falência” da USP. Acentuaram-se os problemas da universidade, manteve-se a repressão.

Enquanto isso, em âmbito federal, outra realidade passou a ser vivenciada. Afastou-se o fantasma da privatização, houve concursos públicos, ampliaram-se as vagas, novas universidades foram criadas, inclusive, pelos interiores, implementaram-se as cotas, aproximando o ensino superior de gente que, até pouco tempo atrás, nunca imaginou que estudaria numa universidade pública. A pós-graduação passou a contar com muito mais recursos do que sempre, a ponto de, minha turma de mestrado na Ciência Política da UFRGS, quase toda ela era contemplada com bolsa. Os doutorados oferecem possibilidade de vivência e estudos no exterior, investe-se na formação. Sem falar no Prouni.

Eu sinto uma dor amarga de ver o que aconteceu com a USP desde que eu a deixei. Ao mesmo tempo, sinto um orgulho danado de ver, no âmbito federal, serem implementadas políticas pelas quais eu e muitos lutamos, e não apenas lutamos, também fomos parte do processo de elaboração, em tantas manhãs, tardes e noites que perdemos aos vinte e poucos anos, quando a opção mais fácil teria sido curtir nossa juventude em dias de lazer.
Esta ficou famosa: greve das
universidades federais, set/2001.

Óbvio que existe ainda muita luta para fazer. Mas não é mais uma luta de resistir, é uma luta de avançar. Eu jamais vou deixar de me indignar, de lutar, porque aquela menina de dezenove anos ainda não encontrou todas as respostas, ainda não resolveu todos os problemas. Não deixo de lutar porque devo isso a ela, àqueles e àquelas que fizeram esse enfrentamento, às famílias da São Remo, a todos os que lutaram antes de mim para ver as mudanças acontecerem, e, principalmente, a todos que ainda virão.

Que as nossas lutas sejam sempre para avançar. Chega de lutar para somente se defender. É por isso, e para festejar um Brasil que combate o elitismo, a privatização, o sucateamento das instituições públicas, a repressão, que dia 26 de outubro, com toda certeza, eu sou DILMA 13. Por uma universidade pública, gratuita e de qualidade para todos e todas.

Minha turma no CALC (Centro Acadêmico Lupe Cotrim),
calourada em março/1999. Saudades.

domingo, 8 de maio de 2011

2001: O ano que não acabou

UMA INTRODUÇÃO
Por Alessandra Terribili *



Acho que foi em 2001 que aprendemos a sentir saudades desse jeito. Nossa saudade tinha cheiro de eternidade, nossas separações eram breves, os reencontros eram certos, e as saudades nos faziam imaginar que os hiatos de tempo em que não nos víamos não eram nada diante da intensidade que aquele momento nos reservava.

Aprendemos muita coisa, cada um a seu modo. Aprendemos a negociar, aprendemos a ser solidários, aprendemos a voar sem cair. Todo mundo trazia uma bagagem repleta de expectativas, inseguranças, seguranças, juventude e fé. Trocamos bagagens uns com os outros. Demos boas risadas, choramos várias vezes, sentimos medo, sentimos coragem, sentimos orgulho do que estávamos fazendo, sem saber que, 10 anos depois, nos orgulharíamos ainda mais. Tinha gente de DCE, tinha gente de executiva, tinha dirigente nacional, tinha gente que queria ser dirigente, tinha gente que fugia de ser dirigente. Tinha gente que bebia e gente que não bebia. Mas tinha gente, tinha muita gente.

Essa geração prestou uma contribuição inestimável para o movimento estudantil e para o Brasil. Nosso enfrentamento ao neoliberalismo, que encontrou em 2001 seu auge e melhor expressão, somou-se a esforços vindos de outras áreas, outros lugares, outros movimentos. A defesa da educação pública era a nossa maneira de contribuir com aquele momento especial, e talvez, boa parte de nós nem soubesse o quão especial era aquilo tudo.

A convivência diária, o “perrengue” coletivo, o acampamento que nos expunha à proximidade, à possibilidade de nos encantarmos uns com outros, a vivência política comum de um momento tão histórico quanto pessoal para cada um de nós fizeram com que elaborássemos, mesmo sem saber, como quem tece uma longa colcha, padrões de militância diferentes do que aqueles que conhecíamos antes. Respeitar-se não é extraordinário, é o que deveria ser cotidiano. E ali, em meio a tantas novas situações, àquele grupo que se modificava tanto quanto se ampliava, certamente havia uma semente sendo plantada para que florescesse uma cultura política que não cresceria vistosa em qualquer chão, com qualquer tratamento, e nem de uma hora pra outra. Sem donos ou autores, mas produto natural de um período que marcou pessoas e a história recente de um movimento social tão presente. Produto natural porque tecido cuidadosamente com os panos mais floridos e resistentes com que se pode trabalhar. A colcha foi sendo tecida devagar, quase sem querer. E ainda hoje aquece muita gente, muitas mais do que qualquer um de nós ousaria sonhar naquele momento.

Tecendo uma nova manhã

Em setembro, quando uma reunião ampliada da UNE deflagrou greve estudantil nacional, começava uma luta que prometia ser incessante e vitoriosa. O Comando Nacional de Greve e Mobilização se instalou, convocou DCEs e executivas e federações de curso, articulou ações unificadas, mostrou a cara em cada canto do Brasil. A grande marca daquele movimento foi a tentativa de ocupação do Ministério da Fazenda, quando, definitivamente, todo o Brasil olhou para nós. E tudo foi planejado coletivamente, atropelando apenas as dificuldades decorrentes das diferenças que sempre houve entre nós. E, registre-se, foi uma das raras vezes em que o movimento estudantil acordou (literalmente) na hora combinada.



Havia o Plebiscito do Provão, um instrumento de uma luta bastante representativa do nosso embate com aquele Ministério da Educação. Percorremos o país, tornamo-nos mais e mais numerosos, cativamos centros e diretórios acadêmicos, colocamos nas urnas a opinião contrária dos estudantes àquele mecanismo de pseudoavaliação. Registramos esse repúdio nos boicotes à prova. Era um golpe certeiro contra o “provão” e contra a política educacional de Paulo Renato e FHC.

E por confiarmos que a democracia com que nos organizávamos era o motor da nossa força, queríamos que a UNE fizesse um Coneb (Conselho Nacional de Entidades de Base). Reunimos o apoio de quase 500 centros e diretórios acadêmicos de todo o país, dezenas de DCEs e praticamente todas as executivas e federações de curso que existiam. Não havendo logrado nesse objetivo, realizamos um encontro nacional de CAs e DAs (o ENEB), e, poucos anos depois, a UNE retomava a realização dos Conebs como agenda fundamental do movimento estudantil.

Tendo percebido que a luta precisa de parceiros, participamos e extraímos o que de melhor havia no ENU (Encontro Nacional de Estudantes, promovido pelo MST). Tendo entendido tanta coisa na luta concreta, acreditamos que uma campanha contra a mercantilização da educação era necessária para demarcar nossa opinião, denunciar a forma como o Governo FHC nos via e às universidades e escolas deste país, e dar consequência à mobilização e às vitórias conquistadas na greve. Tendo entendido que o mundo é maior ainda do que parecia, fizemos do Fórum Social Mundial mais um palco para nossa intervenção.

O primeiro ano do resto de nossas vidas

Foi tanta coisa que parece que o ano de 2001 nunca acabou. Acho mesmo que ele poder estar aberto até agora, pra gente construir um final feliz pra história que começamos a escrever ali, a tantas mãos. Reencontrar os personagens daquelas lutas, reencontrar nosso palco principal – Brasília e a UnB –, é compor mais um capítulo de uma história feita de política, negociação, combate, luta, discordância e concordância; mas também de abraços, sorrisos, afeto, companheirismo e solidariedade.

Talvez 2001 tenha sido como uma página de introdução em nossas vidas. Ainda que houvesse, ali, quem estivesse começando, e também que já estivesse até calejado da luta, certamente, de lá, ninguém saiu como entrou. Temendo parecer exagerada, talvez nem a Universidade, nem o Brasil. O que começou ali ainda está sendo escrito, e aqueles mesmos personagens, mesmo se em outros papeis, ainda são protagonistas. A história seguiu.



Acontece que a vida nos separou mesmo. Alguns trocaram de partido, muitos permaneceram onde estavam, outros largaram a militância. Houve quem mudou de cidade, quem foi pra fora do país, quem mudou o lugar de atuação. A distância geográfica e, às vezes, a distância partidária ou na leitura que cada um faz do atual momento histórico, fazem com que aquele hiato de tempo, que era sempre breve, pareça mais ampliado agora. Mas segue sendo apenas um hiato. Até porque uma das coisas bonitas que aprendemos naquele ano que não acabou é que, como Jorge Amado escreveu, a revolução é uma pátria e uma família.

* Jornalista, participou do CNGM-UNE, foi coordenadora nacional do Plebiscito do Provão, e teve o prazer e a honra de fazer parte dessa história maravilhosa que ainda estamos contando.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Um santo

Era um bar que ficava na Vital Brasil, bem perto da USP. Era certo que sair da faculdade e passar lá significava encontrar algum perdido ou perdida tomando uma cerveja ou só comendo um lanche mesmo. Os meninos gostavam de ir lá jogar sinuca. Quando ganhávamos alguma eleição de centro acadêmico, o endereço da festa era aquele.

O Moisés e o Bigode nos atendiam. Às vezes, davam um pacote de salgadinhos. Outra vezes tinham que nos expulsar, porque não iríamos embora livremente.

Estou triste de saber que o San Raphael vai fechar. Não é uma tristeza daquelas... “ah que pena, não vou mais poder freqüentar”. Afinal, ele tá lá no Butantã, em São Paulo, e eu, em Petrópolis, Porto Alegre. E convenhamos, mesmo que eu estivesse em São Paulo... não sou mais universitária, não moro na zona oeste, não como mais aqueles sanduíches gordurosos...

Tem uma linda crônica de Vinícius Carpinejar em que ele fala dos “amigos invisíveis”. São amigos que você tem ao longo da vida e acaba perdendo o contato. Isso não é ruim, necessariamente. Algumas pessoas são parte integrante e indissociável de um momento da nossa vida. Importá-las de um momento para o outro pode não ser bom. E não importá-las não diminui sua importância, não quer dizer que elas não fazem parte da nossa vida. Significa apenas que aproveitamos ao máximo essa amizade no momento em que isso devia ser feito.

É assim que penso no San Raphael. Imagina eu chegando lá hoje? Haveria uma dezena de estudantes da USP, bebendo, comendo, jogando sinuca, brigando, falando alto, dando risadas... como eu fiz uma vez. Mas eu não os conheceria. Não sentaria em mesa alguma apenas para jogar conversa fora, caçoar da aula que estou matando, reclamar dos contratempos do movimento estudantil... “isso não me pertence mais”. O San Raphael também não. Seria egoísmo ou síndrome de Peter Pan pensar o contrário.

É com esse espírito que estou triste porque o bar vai fechar. Os novos estudantes, os novos militantes do movimento estudantil não vão mais fazer suas reuniões secretas lá. Não vão conhecer o Moisés e o Bigode, nem vão ser obrigados a tomar Antarctica porque “é mais barato”. Aquele lugar guarda um monte de histórias do movimento estudantil. Até no dia em que, em ato político, lembramos os 30 anos da morte de Alexandre Vannucchi Leme (em 2003) – nome do nosso DCE –, foi pro San Raphael que levamos os antigos colegas dele que compareceram à atividade... E agora, essas histórias todas vão ficar enterradas lá. Não vão ficar pairando pelo ar, assombrando os novos e novas que sempre chegam.

Queria estar lá na sexta, para me despedir. Porque não posso, escrevi isto aqui. Um brinde ao San Raphael.

domingo, 8 de novembro de 2009

Manifestação Contra a Violência Sexista

São Paulo - Vá à Uniban protestar!

Os Movimentos Feminista, Sindical e Estudantil convocam um ato contra a violência sexista ocorrida na UNIBAN, que neste momento tem como agravante a expulsão da aluna que recentemente sofreu violência, ou seja, a vítima foi transformada em ré, os agressores estão impunes. A UNIBAN, com essa conduta, banaliza, estimula e justifica a violência contra a Mulher.

NÃO podemos nós calar!

ATO nesta segunda-feira, 9 de novembro, às 18 horas na porta da UNIBAN São Bernardo do Campo.

Endereço: São Bernardo do Campo – Avenida Rudge Ramos, 1501 (fica no KM 12 da Via Anchieta) para quem sai de são Paulo é necessário fazer o retorno.

Saudações feministas
Marcha Mundial das Mulheres

Mensagem da UNE:

UNE protesta contra discriminação por uso de vestido curto

Nós, mulheres estudantes brasileiras, vimos a público repudiar todas as forma de opressão e violência contra as mulheres. No dia 22 de outubro deste ano, uma aluna da Uniban (campus ABC – São Paulo), com a falsa justificativa de ter ido à aula de "vestido curto", é seguida, encurralada, xingada e agredida por seus "colegas estudantes".

A cena de horror é filmada, encaminhada à Internet e vira notícia por todo o país. Não aceitaremos que casos de machismo como esse passem despercebidos ou que se tornem notícia despolitizada nos meios de comunicação.

O fato em questão revela a opressão que as mulheres sofrem cotidianamente, ao serem consideradas mercadoria e tratadas como se estivessem sempre disponíveis para cantadas e para o sexo. Não toleramos comentários que digam que a estudante "deu motivo" para ser agredida. Nenhuma mulher deve ser vítima de violência, nem por conta da roupa que usa nem por qualquer outra condição. Nada justifica a violência contra a mulher.

Sendo assim, nós, mulheres estudantes brasileiras, organizadas na luta pelo fim do machismo, racismo e homofobia, denunciamos a violência sexista ocorrida contra a aluna da Uniban, nos solidarizamos com as mulheres vitimizadas por esses crimes e queremos punição a todos os agressores envolvidos nesse episódio e em outros tantos que acontecem e não repercutem na mídia. Não vamos nos calar perante o machismo e a violência.

Somos Mulheres e não Mercadoria!

Diretoria de Mulheres da União Nacional dos Estudantes


***
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Governo Federal cobra explicações da Uniban.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Um viva às mulheres do movimento estudantil



Uma demonstração de unidade e de coragem.

A plenária final do 51º Congresso da UNE contou com uma seqüência de falas que não estava disputando nenhuma resolução em específico, nem fazendo a defesa de uma ou outra chapa. Chamavam atenção por mais do que isso: eram vozes femininas, o que ainda é incomum de se ouvir num espaço como aquele. Mais motivo pra prestar atenção: elas representavam as principais forças políticas do congresso e do movimento estudantil como um todo, identificadas com PT, PCdoB, PSOL.

Essa unidade era pra denunciar o machismo do movimento e afirmar que as mulheres seguirão organizadas pra enfrentar e pra propor política para que a UNE, como um todo, enfrente. E elas sabem que, quando as mulheres se organizam pra lutar contra a opressão, a reação vem. Mas estão preparadas e mais maduras pra garantir a luta das mulheres. São vitoriosas desde já por terem protagonizado um momento tão... bonito.

Bonito porque a luta das mulheres é bonita. Porque é emocionante ver a unidade entre tantos setores, em meio a uma disputa que, tantas vezes, é cruel. E porque, ainda que nem todos tenham ouvido ou entendido o que elas disseram, aquelas que, como eu, pararam para ouvir cada palavra, certamente ganham mais fôlego, mais ar, pra lutar e seguir lutando. Não estamos sozinhas.

O ME é cheio de expressões do machismo que permeia toda a sociedade e a universidade. Tem casos de violência – aliás, as mulheres aprovaram uma carta com orientações e métodos de como a UNE deve tratar casos de violência que ocorram em seus fóruns e seus espaços. Tem desqualificação das mulheres que assumem papéis protagonistas. Tem assovios, gritinhos, risadinhas. Tem músicas escandalosamente machistas e palavras de ordem que seguem a toada. Tem xingamentos que só se dirigem às mulheres. Tem homem dirigente que se aproveita dessa condição pra tratar as mulheres como produtos à venda. Tem assédio sexual. Tem pouco espaço pra discutir o feminismo. Tem pouco recorte feminista pros debates gerais. Tem tolerância demais com situações explícitas de opressão.

A próxima executiva da UNE apresentará um desafio pra essas lutadoras que subiram ao palco naquele domingo, 19 de julho. Pra elas e pras demais lutadoras que as ouviam no ginásio, ou que estão nas universidades organizando a luta de todos os dias. O desafio de garantir a presença das mulheres pra garantir o feminismo na UNE.

A informação que tenho é que as chapas que já têm definidas suas indicações para a direção executiva da entidade não se preocuparam em assegurar a presença das mulheres. Um dos eixos das falações das companheiras era justamente ressaltar a importância de se aprovarem as famosas cotas de 30% para mulheres na direção da UNE, que não há. De olhos bem abertos, vamos observar que as teses que se apresentaram ao 51º Conune, embora falem sobre “gênero” nos seus materiais, ainda não vão assegurar que mulheres dirijam a entidade.

Parabéns às mulheres do ME, por essa demonstração de força e de que é possível superarmos diferenças para lutar por justiça e igualdade, que é uma pauta comum a todas nós. Foi louvável a iniciativa, me emocionou bastante. Parabéns a cada uma das que lutam. Parabéns à Lúcia Stumpf, é preciso dizer, que foi uma presidenta da UNE atenta à agenda das mulheres, contribuiu, fez diferença. Não basta ser mulher, tem que ser feminista!

E que no 52º Conune (onde espero não estar... rsrs...), os próximos 2 anos tenham enchido ainda mais de sentido a luta das mulheres militantes do ME. Que seja inaceitável e intolerável qualquer manifestação de machismo. Das repudiáveis musiquinhas da plenária final às agressões de mulheres que ocorrem Brasil afora em espaços do movimento.

A luta sempre continua...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sobre os escandalosos acontecimentos da última semana na USP

Recebi o e-mail abaixo dos amigos e amigas que compõem o "Ivo 60", um coletivo teatral de que gosto muito, formado por ex-alunos da ECA-USP, onde também me formei em Comunicação. A iniciativa deles é muito bem-vinda - posicionar-se e circular seu posicionamento. Anexo, vem um relato de um professor sobre os horrorosos acontecimentos da semana passada na USP.

Alessandra


Dando uma pausa no informes de nossas atividades (temos intervenções dias 20 e 21 no Parque da Luz às 16h), gostaríamos de nos posicionar contra a brutalidade que está ocorrendo na USP, berço do grupo que ano que vem completa 10 anos.

O IVO 60, coletivo teatral profissional ligado à Cooperativa Paulista de Teatro, formou-se no ano de 2000, reunindo estudantes da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Tendo em vista os últimos acontecimentos ocorridos dentro do Campus da USP, as atrocidades decorridas da violência empregada pelos policiais militares contra os estudantes, funcionários e professores organizados em caráter de assembléia de greve na Universidade, não poderíamos nos omitir de tornar público nosso repúdio à presença da Polícia Militar dentro da USP (por requerimento da própria reitoria da instituição) e à maneira truculenta com que o Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Paulistas), Suely Vilela (reitora da USP) e o Estado têm lidado com a organização dos movimentos sociais dentro da universidade.

Colocando-nos ao lado de diversas entidades (incluindo a Cooperativa Paulista de Teatro e a ADUSP – Associação dos Docentes da USP – que, inclusive pede o afastamento imediato da reitora), manifestamos nossa discordância plena com as atitudes que, de forma absolutamente autoritária e repressora, cerceiam os direitos civis garantidos por nossas leis.

Esperamos que esta mensagem propicie, ao menos, o acesso às informações referentes aos acontecimentos e pedimos que os amigos e colegas juntem-se a nós divulgando-a.

Obrigado,
IVO 60


Segue o depoimento do Prof. Dr. Pablo Ortellado, que narra em primeira pessoa a situação e demonstra a gravidade dos fatos:



Hoje, as associações de funcionários, estudantes e professores haviam deliberado por uma manifestação em frente à reitoria. A manifestação,que eu presenciei, foi completamente pacífica. Depois, as organizações de funcionários e estudantes saíram em passeata para o portão 1 para repudiar a presença da polícia do campus. Embora a Adusp não tivesse aderido a essa manifestação, eu, individualmente, a acompanhei para
presenciar os fatos que, a essa altura, já se anunciavam. Os estudantes e funcionários chegaram ao portão 1 e ficaram cara a cara com os policiais militares, na altura da avenida Alvarenga. Houve as palavras de ordem usuais dos sindicatos contra a presença da polícia e xingamentos mais ou menos espontâneos por parte dos manifestantes. Estimo cerca de 1200 pessoas nesta manifestação.

Nesta altura, saí da manifestação, porque se iniciava assembléia dos docentes da USP que seria realizada no prédio da História/ Geografia. No decorrer da assembléia, chegaram relatos que a tropa de choque havia agredido os estudantes e funcionários e que se iniciava um tumulto de grandes proporções. A assembléia foi suspensa e saímos para o estacionamento e descemos as escadas que dão para a avenida Luciano Gualberto para ver o que estava acontecendo. Quando chegamos na altura do gramado, havia uma multidão de centenas de pessoas, a maioria estudantes correndo e a tropa de choque avançando e lançando bombas de concusão (falsamente chamadas de “efeito moral” porque soltam estilhaços e machucam bastante) e de gás lacrimogêneo. A multidão subiu correndo até o prédio da História/ Geografia, onde a assembléia havia sido
interrompida e começou a chover bombas no estacionamento e entrada do prédio (mais ou menos em frente à lanchonete e entrada das rampas).

Sentimos um cheiro forte de gás lacrimogêneo e dezenas de nossos colegas começaram a passar mal devido aos efeitos do gás – lembro da professora Graziela, do professor Thomás, do professor Alessandro Soares, do professor Cogiolla, do professor Jorge Machado e da professora Lizete todos com os olhos inchados e vermelhos e tontos pelo efeito do gás. A multidão de cerca de 400 ou 500 pessoas ficou acuada neste edifício
cercada pela polícia e 4 helicópteros. O clima era de pânico. Durante cerca de uma hora, pelo menos, se ouviu a explosão de bombas e o cheiro de gás invadia o prédio. Depois de uma tensão que parecia infinita, recebemos notícia que um pequeno grupo havia conseguido conversar com o chefe da tropa e persuadido de recuar. Neste momento, também, os estudantes no meio de um grande tumulto haviam conseguido fazer uma pequena assembléia de umas 200 pessoas (todas as outras dispersas e em pânico) e deliberado descer até o gramado (para fazer uma assembléia mais organizada). Neste momento, recebi notícia que meu colega Thomás Haddad havia descido até a reitoria para pedir bom senso ao chefe da tropa e foi recebido com gás de pimenta e passava muito mal. Ele estava na sede da Adusp se recuperando.

Durante a espera infinita no pátio da História, os relatos de agressões se multiplicavam. Escutei que a diretoria do Sintusp foi presa de maneira completamente arbitrária e vi vários estudantes que haviam sido espancados ou se machucado com as bombas de concusão (inclusive meu colega, professor Jorge Machado). Escutei relato de pelo menos três professores que tentaram mediar o conflito e foram agredidos. Na sede da Adusp, soube, por meio do relato de uma professora da TO que chegou cedo
ao hospital que pelo menos dois estudantes e um funcionário haviam sido feridos. Dois colegas subiram lá agora há pouco (por volta das 7 e meia) e tiveram a entrada barrada – os seguranças não deixavam ninguém entrar e nenhum funcionário podia dar qualquer informação. Uma outra delegação de professores foi ao 93o DP para ver quantas pessoas haviam sido presas. A informação incompleta que recebo até agora é que dois funcionários do Sintusp foram presos – mas escutei relatos de primeira
pessoa de que haveria mais presos.

A situação, agora, é de aparente tranquilidade. Há uma assembléia de professores que se reuniu novamente na História e estou indo para lá. A situação é gravíssima. Hoje me envergonho da nossa universidade ser dirigida por uma reitora que, alertada dos riscos (eu mesmo a alertei em reunião na última sexta-feira) , autorizou que essa barbárie acontecesse num campus universitário. Estou cercado de colegas que estão chocados com a omissão da reitora. Na minha opinião, se a comunidade acadêmica não se mobilizar diante desses fatos gravíssimos, que atentam contra o diálogo, o bom senso e a liberdade de pensamento e ação, não sei mais.

Por favor, se acharem necessário, reenviem esse relato a quem julgarem que é conveniente.

Cordialmente,

Prof. Dr. Pablo Ortellado
Escola de Artes, Ciências e Humanidades
Universidade de São Paulo

quarta-feira, 20 de maio de 2009

UNE realiza encontro nacional de estudantes negros(as) e cotistas

Enviado pelo diretor de combate ao racismo da UNE, Miguel Cruz Carvalho.

Um espaço privilegiado de debate e convergência sobre os impactos da adoção de Políticas de Ações Afirmativas para a população afrodescendente no ensino superior brasileiro. Assim pode ser definido o Encontro Nacional de Estudantes Negros, Negras e Cotistas da UNE, que reunirá jovens de diversas regiões do país durante os dias 05 e 07 de junho na Faculdade de Arquitetura da UFBA em Salvador.

O ENUNE 2009 terá mesas de debate, palestras, oficinas e atividades culturais para tratar de temas como Reserva de vagas, cotas, permanência, descolonização do conhecimento, entre outros. O Movimento Estudantil tem como responsabilidade pautar na agenda política brasileira esta que é talvez a mais antiga e grave nuance da questão social do Brasil – o racismo. As ações de combate ao racismo precisam ser acompanhadas de uma série de outras medidas universalizantes para reformarem a educação secundária e universitária.

Colocar o debate racial na pauta central das discussões sobre educação é uma das tarefas de todas e todos que acreditam na transformação através de Políticas Afirmativas para um novo Brasil!

Obtenha informações sobre programação, alojamento e inscrições através do blog www.unecombateaoracismo.blogspot.com ou entre em contato através do email enune2009@gmail.com.

Faça a sua inscrição Online no www.unecombateaoracismo.blogspot.com. Informações em: (71) 87481498 e (71) 92843074.

terça-feira, 31 de março de 2009

Tristeza

Quando era diretora da UNE, 5 anos atrás, participei de um evento que homenageava diversos(as) lutadores(as) das décadas de 60 a 80, que combateram a ditadura militar no Brasil e dedicaram suas vidas à resistência e aos sonhos de novos tempos. Foi aquela, aliás, a última aparição pública de Lélia Abramo. Os homenageados, na realidade, não eram indivíduos, figuras que representavam uma trajetória particular, mas sim, organizações políticas, trajetórias coletivas - como a UNE.

Muita gente falou, aquele dia. Falas emocionadas, que recuperavam o sentido da luta por democracia; falas saudosas, que lembravam os tantos e tantas que tombaram no caminho até aqui; falas frustradas, lamentando que democracia ainda é pouco; falas de esperança, que destacavam que a luta do povo brasileiro nunca foi fácil e que, ainda assim, nós nunca deixamos de estar onde estivemos naquele momento e estaremos sempre: nas trincheiras.

A última fala foi do Zé Celso Martinez. Ele não falou, ele cantou. Disse que, naquele triste 1º de abril - sim, 1º de abril -, ele se lembrava de ouvir um samba que era sucesso na época:

TRISTEZA
(Haroldo Lobo/Niltinho)

Tristeza, por favor, vá embora
Minha alma que chora
Está vendo meu fim

Fez do meu coração a sua moradia
Já é demais o meu penar
Quero voltar àquela vida de alegria
Quero, de novo, cantar


O Brasil passou 20 anos sob essa tristeza. Vinte anos que levaram a vida de muita gente que lutou, gente nossa. Vinte anos que machucaram a esperança equilibrista, que calaram a boca de tantos e tantas que tinham o que dizer. Vinte anos de censura, de estrangulamento da cultura, da arte, de controle da Universidade, das organizações.

A Folha de S. Paulo ousou chamar de "ditabranda". Hoje, há militares que comemoram o aniversário daquele dia. Sempre penso que não devia ser possível que, 45 anos depois, ainda isso aconteça. Eu não estava lá, mas essa história é minha também. A gente não esquece.

De nossa parte, da história da resistência do povo brasileiro, a lembrança é da luta. É dos(as) que perderam a vida pra conquistar liberdade e democracia. E socialismo. Mas a lembrança é também dos(as) que aqui estão, que seguiram em frente e construíram partidos, movimentos, sindicatos, organizações quaisquer com o objetivo de escrever outra história. Temos esse legado até hoje. O PT é filho direto disso aí. A CUT, o MST, tantos movimentos, tantas lutas. Esse legado que a luta contra a ditadura nos deixou, devemos celebrar. À memória dos que gostaríamos que estivessem aqui pra ver o que fizemos com o que eles nos deixaram, todas as saudações. Porque nós sabemos que não teve nada de "brando" naqueles 20 anos de opressão do povo brasileiro.

Engraçado, mas temos que disputar, a todo momento, a referência daquele momento histórico. Não foi brando, não é festejável, não se esgotaram as bandeiras. Torturador não pode ser anistiado. Militante não é terrorista.

E se hoje é outro Brasil, outro mundo, outras pessoas, continua havendo muito ainda por que lutar, por que dedicar a vida. As contradições, os medos, os obstáculos são diferentes. Mas todo mundo sabe que existem. Só que a ditadura matava as pessoas. E nós, nós estamos vivos.

A família de Alexandre Vannucchi Leme (estudante de Geologia da USP, morto pela ditadura em 1973, hoje dá nome ao nosso Diretório Central dos Estudantes), quando dos atos políticos que marcaram os 30 anos da morte dele, mandaram ao DCE uma linda carta, em que recomendavam: "levem nos seus sonhos os sonhos dele". Celebrar a democracia que o sangue e o suor daqueles lutadores e lutadoras conquistaram deve significar isso mesmo. Sem mais tristeza. Sem se conformar. Aceitemos o desafio. Acumulemos sonhos. Juntos dos nossos, novos, e dos próximos que inventaremos, também levemos conosco os sonhos deles. É isso que fará viver sua memória, e que seguirá oxigenando a nossa luta inesgotável por justiça.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Nota da UNE

À Presidência Nacional do Partido dos Trabalhadores;
À Secretaria Geral Nacional do Partido dos Trabalhadores;
À Secretaria Nacional de Mulheres do Partido dos Trabalhadores.


A União Nacional dos Estudantes tem sua trajetória marcada pela defesa da Universidade Pública e da educação como um direito de todos e todas. Também é fortemente presente na nossa atuação, ao longo da história, o diálogo com questões para além da educação que afetam a vida do povo brasileiro.

Atualmente, uma onda conservadora se levanta contra as mulheres, buscando criminalizá-las e controlar seu corpo e sua vida. Entre os representantes dessa opinião no Congresso Nacional, estão Luís Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC).

Esses deputados federais buscam impor sua crença religiosa sobre todos, ignorando a premissa de Estado laico que deve orientar a intervenção daqueles e daquelas que lutam por justiça, igualdade e solidariedade.

Por isso, a UNE apóia a iniciativa tomada pelo Partido dos Trabalhadores, ao qual ambos os deputados são filiados, de questionar sua atuação contrária à legalização do aborto (e a favor de intensificar a criminalização) em comissão de ética, a fim de apurar seus procedimentos e dar o tratamento cabível. Também nos solidarizamos com as mulheres do PT em sua luta em defesa da coerência com os princípios feministas presentes no discurso e no histórico militante do próprio PT.

Reafirmamos nossa posição contra a criminalização das mulheres e pela legalização do aborto. Repudiamos a tentativa de instalação de CPI no Congresso Nacional para ampliar a perseguição às mulheres.


União Nacional dos Estudantes
São Paulo, 07 de março de 2009.