O AMOR
(Maiakovski)
Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça numa alameda do zôo,
sorridente,
tal como agora está no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela,
que, por certo,
hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então, de todo amor não terminado
seremos pagos em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me, nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos, concupiscência, salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado,
mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver livre dos nichos das casas.
Para que doravante a família seja o pai,
pelo menos o Universo;
a mãe,
pelo menos a Terra.
***
Não gostei de não ter postado nada ontem. Mas redimo-me comigo mesma porque estava na Praça do Patriarca, com outras dezenas de mulheres, gritando contra a violência sexista. A manifestação foi linda.
Um comentário:
http://equilitium.blogspot.com/2008/11/mayakovsky.html
E eu nem tinha visto seu post.
Beijos
Postar um comentário