sábado, 17 de agosto de 2013

Professor Darcy Alves

Porto Alegre e seus personagens...
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          Ele nunca lecionou, nem cursou magistério ou algo que o valha. Mas é professor para aqueles cuja noite ilumina com seu canto e seu violão. É professor porque é uma referência de música, de boemia, de alegria, de disposição.

           Professor Darcy Alves acompanhou gente muito grande como Lupicínio, de quem foi amigo, e Jamelão. Nas noites de quinta-feira no Parangolé, lá vinha ele trazer Noel, Chico, Lupi e tanto outros para nos fazer companhia, fizesse chuva, lua, frio ou calor. Em outros dias da semana, lá estava ele também. Fumando seu cigarrinho do lado de fora, bebendo sua cerveja, contando histórias e até dando conselhos.

- Como vai o senhor, Professor?

- Melhor agora que você chegou!

            Ele diz isso para todas. Com o mesmo charme e sorriso cativante.

- Oi, minha cantora predileta.

            Ele provavelmente também diz isso pra todas. Eu finjo que é só pra mim.

            Eu já disse inúmeras vezes ao seu Cláudio. Temos que botar um banquinho de concreto na frente do Parangolé, e uma estátua do Professor sentado fumando. Ele fuma de pé, mas isso é porque não tem o banco. Uma coisa tipo Drummond em Copacabana. Com um sorriso enorme e uma cara de quem tá cantando.

            Com os amigos de bar, rimos que ele é um patrimônio de Porto Alegre. E é mesmo. Um patrimônio que foi tombado aos poucos, “devagarinho, de mansinho, que é pra não cansar”. Vai ver esse é o segredo da vitalidade.


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