sábado, 7 de março de 2015

O destino e o livre-arbítrio: viva o Dia Internacional da Mulher!

Destino e livre-arbítrio, para nós, mulheres, são coisas que existem e se confrontam cotidianamente. Somos fruto dessa relação dialética, que flameja e tremula dentro de nós, levando-nos a nos movimentar por sentir as cadeias que nos prendem.

Exaltam nossa “natural” sensibilidade, enquanto evocam nossa capacidade de compreensão para assegurar o cumprimento de uma árdua rotina marcada pelo trabalho incansável fora e dentro de casa.

Mas nós observamos, enxergamos, percebemos; e nos levantamos para exigir equipamentos públicos e a socialização do trabalho doméstico e de cuidados.

Elogiam a nossa beleza, enquanto nos põem a perseguir freneticamente um padrão inatingível, em nome do qual compraremos cosméticos, remédios, dietas, cirurgias.

Mas nós vemos beleza onde querem que vejamos erro, nos orgulhamos da força da nossa pele, exibimos nossos corpos e cabelos para afirmar a beleza da nossa autonomia.

Elogiam nossa sensualidade, sexualizam nosso corpo, nossos gestos e movimentos; enquanto reprimem nossos desejos e justificam as violências que sofremos diariamente.

Mas nós queimamos sutiãs, rasgamos fantasias, mostramos a barriga, beijamos as bocas que queremos e fazemos brotar jardins cheios de borboletas.

As rosas, chocolates e maquiagens que nos oferecem hoje nos estão predestinados como forma de agradecer pelo nosso útero, enquanto passam 365 dias do ano tentando controlar nossos corpos e nossas escolhas.

Mas a nossa luta vem de séculos para tomar as rédeas de nossa própria história, ela floresce em rompimento de padrões, barreiras e amarras, e o Dia Internacional das Mulheres é a celebração disso.

Condenam-nos formal ou informalmente, adoecem-nos, matam-nos ao longo de toda essa trajetória de resistência; somos nós, são elas, heroínas anônimas e conhecidas.

Desafiamos a morte e nos tornamos sementes, voando pelo ar, contagiando, até nos plantarmos em outras mulheres e lutas e cantos do planeta. Trazemos em nós aquelas companheiras, que vivem para sempre em nossa escolha de dedicar nosso livre-arbítrio a construir um destino de igualdade para todas nós.



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