Uma das atividades de hoje no Fórum Social Mundial é sobre as mulheres nos espaços de poder, promovida pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT.
O tema provoca os movimentos de mulheres há muito tempo, claro. Em tempos de discussão de reforma política, a necessidade desse debate se reafirma e se atualiza. Mas, sob a perspectiva do feminismo, algumas novas questões precisam ser lançadas: de qual poder estamos falando? Exercer o poder para chegar aonde? Queremos sim mais mulheres nesses espaços. Mas queremos também mais mulheres que olhem para as outras mulheres. E queremos também transformar o poder. Não queremos entender que a única forma de se relacionar com o poder é essa, torta e viciada, que vemos por aí.
O Congresso Nacional tem apenas cerca de 8 a 9% de mulheres. As cotas para mulheres em chapas proporcionais são freqüentemente burladas pelos partidos e coligações, que acham que “a vida é assim”. O problema é que nenhum deles tem olhado para essa questão como estruturante da sociedade. Nenhum deles pensa sobre o que significa a exclusão das mulheres do espaço da política, quais as origens disso, quais as conseqüências, quais os impactos sobre a própria política e sobre a vida das mulheres.
Não esperamos, também, que todos se debrucem sobre essa questão. É uma preocupação que tem as cores da esquerda. Mas esta deve chamar para si a tarefa, e ter responsabilidade com a luta das mulheres e o combate a todo tipo de opressão. O problema, de novo, é que, mesmo na esquerda, as relações de poder são permeadas pelo machismo, e é evidente que o descompromisso com o tema, muitas vezes, tem a ver com o medo de se perder poder. Porque, como a Física já demonstrou que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, pra uma mulher ganhar poder, um homem vai ter que perder. Difícil, não?
Por outro lado, importante lado, não basta ser mulher. Não basta ser Yeda no Rio Grande do Sul ou Rosinha Matheus no Rio de Janeiro, pra ficar em apenas dois exemplos. Não basta, também, olhar pra sua trajetória individual como se fosse descolada de um processo patriarcal que desde sempre exclui as mulheres dos espaços de poder, marginalizando-as no campo do privado. Precisamos de mais mulheres comprometidas com o enfrentamento da desigualdade, todos os dias, em todos os espaços. É para isso que queremos o poder. Para mudar o mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário