quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Práticas antissindicais, perseguição e censura

Na contramão do sindicalismo combativo, e resumindo suas ações ao corporativismo puro e simples, sindicatos de jornalistas de diversos estados brasileiros têm promovido perseguições e chantagens contra organizações sindicais ou da esquerda de maneira geral, pela demissão de jornalistas, trabalhadores dessas instituições, que não tenham sua formação específica em jornalismo.

Esse é um bom lead para uma matéria que visa a informar o que alguns sindicatos de jornalistas vêm fazendo para impedir jornalistas de trabalhar.

Eu sei de situações revoltantes no Rio Grande do Sul, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Goste o sindicato de jornalistas ou não, esses profissionais estão exercendo sua profissão legalmente, a despeito do corporativismo raso da intervenção desse movimento “pró-diploma”, que se diz “pró-regulamentação”, mas não é.

Em vez disso, a ação tem sido reforçar o discurso de que a qualidade do jornalismo depende da formação universitária específica (premissa muito fácil de se contrariar). Os sindicatos de jornalistas não querem sindicalizar os trabalhadores que exercem sua profissão sem o diploma específico. Não querem protegê-los de abusos e violações de direito. Querem ser mais um agente na precarização do trabalho desses, ao que tudo indica.

A história chega ao cúmulo de plenárias de forças políticas apreciarem a situação de funcionário cuja cabeça está sendo pedida pelo sindicato de jornalistas. Em alguns lugares, eles ameaçam de retaliação a instituição empregadora, ou em outros, sugerem que vão expor o trabalhador ou trabalhadora a constrangimentos. Às vezes, são as duas coisas combinadas. Mas isso não é assédio moral? Ou é bancar a polícia?

Se uma central sindical é solidária à luta corporativa dos sindicatos de jornalistas em defesa da reserva de mercado, jamais poderá ser condescendente com práticas de assédio moral ou com a subordinação preconceituosa de determinados(as) trabalhadores(as) a critérios absolutamente controversos.

Outro dia, chegou até mim a boataria, pela boca de colegas não tão próximos da vida sindical. Um jornalista, cujo nome protejo, disse: “Eu soube que tal lugar contratou jornalista sem diploma! O nome do dito-cujo é Fulano!”. O coitado do Fulano ficou assustado com a repercussão de um assunto que é, simplesmente, seu trabalho cotidiano há mais de dez anos. E então, cria-se um cordão de isolamento em torno da pobre criatura... tratada como criminosa, como se fosse um traficante de animais selvagens, sei lá.

Além de serem repudiáveis as práticas recentes encaminhadas pelos sindicatos de jornalistas de alguns estados, há que se reforçar que a opinião deles NÃO é um consenso. A cruzada deles pela reserva de mercado NÃO é a opinião de toda a esquerda, NÃO é a opinião de todos os que trabalham. É preciso romper com esse falso consenso que paira no ar, que, muitas vezes, justifica essas ações de perseguição, preconceito e anti-sindicalismo que se vê por aí.

Ass: Adelaide de Julinho

2 comentários:

Mari Pires disse...

Querida, adorei o texto! Cade vc no twitter pra espalhar ainda mais o que você escreve? Entra! Entra! :)
Beijos!!

Ademar Possebom Pessini Junior disse...

eteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeerna Ale!!