terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O racismo cordial do PMDB

Uma das vinhetas veiculadas pelo PMDB-RS na noite desta segunda-feira, 7 de dezembro, afirmava que "o povo que não tem virtudes se torna escravo". A frase é retirada do hino do Rio Grande do Sul. A estrofe completa diz: "Mas não basta pra ser livre / Ser forte, aguerrido e bravo / Povo que não tem virtude / Acaba por ser escravo". Acontece que, isolada de seu contexto, a frase escolhida pelo partido de Fogaça e Rigotto permite uma interpretação indesejável. Cabe a reflexão.

De que virtudes estamos falando? E quem escraviza?

Nosso país escravizou os negros africanos por mais de três séculos, não porque lhes faltasse virtude. Faltava virtude aos europeus, à Igreja Católica (que legitimava a ação). Faltava virtude ao capitalismo que se desenhava, ao colonialismo que se impunha à América. Falta virtude a quem escraviza.

Quantos índios não foram feitos escravos entre os séculos XVI e XVII pela América Latina? E ainda hoje dizem que se buscaram os negros porque índio era "preguiçoso"... vai ver lhe faltava a virtude de ser disponível à escravização.

O melhor instrumento que há, contra essa cabível "interpretação" da frase em questão, é conhecer a história do nosso povo, a história da luta do nosso povo por liberdade e contra a exploração e a opressão. A história de 500 anos de resistência. É aí que reside a virtude. E convenhamos que o PMDB não tem tanto a ver com essa história.

Um comentário:

Anônimo disse...

É..mas no entanto a questão é mais complexa, afinal isto não está apenas na vinheta do PMDB, é algo institucionalizado de certa forma, já que também está no hino rio-grandense. As alterações já foram alvo de discussões e inclusive mudanças foram propostas, mas não deu em nada.. Talvez seja hora de um PL de iniciativa popular liderado pelos movimentos sociais.