sábado, 5 de setembro de 2009

O caminho

Amor é ter um vasto caminho a percorrer
E os olhos nem verem aonde isso vai dar

Amor é como se fosse um campo de vegetação rasteira
Verde, meio amarelo e marrom
Plano
Com sol quente vermelho e brisa leve branca
E um lago em algum lugar
E um saber que o mar está perto

Não precisa explicar tudo
O amor é composto do desconhecido também
Não precisa conhecer poemas
Nem muitas palavras belas
Que o amor se define com os meios que tem
E quase sempre
Dispensa a si mesmo de muita autodefinição

Amor às vezes surpreende o amador
não parecia assim
não esperava assado
não combinara o que foi

O amor não combina
O amor é
O amor, quando combina,
É tão evidente
que explica toda análise combinatória
que a matemática já produziu
E prova, por a + b
Que tinha que ser assim
Que sempre esteve determinado
Que o que tinha que ser, se deu

Amor que é amor
Tem um quê de irracionalidade
de uma paixão inexplicável
que não tem origem clara nem ponto de chegada
Não se entende muito bem
Tem raiva, mesquinhez e pouca sobriedade
Mas ele vem levando pela mão

Amor não é amor se não for racional
- É este, não aquele, nem nenhum outro.
Ele mais eu, porque eu e ele
Dá certo, funciona, encaixa
Resultante positiva
Faz bem, produzo mais, sorrio para o mundo
Todo mundo gosta mais de mim porque eu amo

Porque nenhuma dor que o amor cause
É maior que a perspectiva boa das felicidades por viver
Que têm base material
num agora feliz
num eu sei que vou te amar
num bem danado que o danado faz
só por estar ali

Amor que é amor mesmo
Não tem medo do próprio fim
Porque sabe que ele chega,
mas sabe, sabe sim
que ele recomeça de onde parou
Simplesmente porque nós queremos
E decidimos que será assim

Amor é respeitar o tempo
E desrespeitar o fim
Amor é decidir conscientemente que é você
E sentir a intuição concordar

Amor é esperar
é se precipitar
é antecipar e se atrasar
E dar tudo certo mesmo assim

É a plenitude de si mesmo
É o outro integral
e isso não ser incômodo
ou motivo para pensar

Amor é o próprio caminho
É um turbilhão e é a calmaria
É gostar de viver assim
É olhar pra ele e pensar que sempre soube
(e que ele também percebeu)
Que chegaria até ali
Porque era ele, porque era eu

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