terça-feira, 17 de maio de 2016

Senhor Samba #2 - Estrela de Madureira

Para exaltar a sua arte, que encantou Madureira



Um lindo samba cantado nas rodas de todo o país é "Estrela de Madureira", de Acyr Pimentel e Cardoso, consagrado na voz do grande Roberto Ribeiro. Hoje em dia, mais de 40 anos depois de sua composição, e quase 60 anos depois a morte da sua musa, pouca gente sabe de quem fala a bela letra.

Trata-se de Záquia Jorge, atriz, cantora e empresária. Atuou nas décadas de 40 e 50, com sucesso, no cinema e no Teatro de Revista (formato dramatúrgico muito comum nas primeiras décadas do século XX, tendo revelado grandes artistas). Mas Záquia fez mais: "foi a pioneira" ao erguer o Teatro de Revista Madureira no bairro de mesmo nome, em frente à estação de trem, com a intenção de compartilhar com o subúrbio a cultura que se disseminava pelo centro e regiões nobres do Rio de Janeiro - inclusive praticando preços mais acessíveis para conquistar aquele público.

Záquia e seu marido, Júlio Leiloeiro, empreenderam muitos esforços para fazer vingar a ideia. Segundo conta Nei Lopes, aquele era um momento em que diversas possibilidades se abriam para Madureira nas áreas de Cultura e de Lazer. O Teatro de Revista começava a experimentar sua decadência, mas mesmo assim, a casa foi inaugurada em 1952 com o espetáculo "Trem de Luxo", mencionado no samba. Durante os dias, o teatro abrigou aulas de artes dramáticas. Porém, não sobreviveu à morte de sua "vedete principal".

Záquia morreu vítima de afogamento na praia da Barra da Tijuca, que era muito pouco frequentada na época, deixando marido, filho e uma legião de fãs e amigos. Seu velório no Teatro de Revista Madureira foi acompanhado por mais de 4 mil pessoas.

Em 1975, a Império Serrano, com justiça e com propriedade, homenageou Záquia. O samba escolhido para isso não foi "Estrela de Madureira", mas sim, um samba de Avarese, "Záquia Jorge, Estrela de Madureira, Vedete do Subúrbio", que rendeu à escola o terceiro lugar no Carnaval daquele ano. Entretanto, antes de ambos, houve "Madureira Chorou", samba de Carvalhinho e Júlio Leiloeiro, gravado por Joel de Almeida em 1958.

Pelo papel desempenhado nos palcos, sets e, especialmente, em Madureira, Záquia é uma personagem à altura da grandiosidade dos sambas que a homenageiam.

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