quinta-feira, 10 de julho de 2014

Vlucht

Com carinho, para a seleção Holandesa de 2014.

Pega a bola, solta a bola
Olha, salta
Corre, corre, corre

Voa

Olha, lança, atira
Se joga no sonho
Sem medo, sem peso

Recebe
Mergulha
Improvável belo concreto gol

A bola grudada no pé
Anda, anda, anda
Sem medo, sem pressa
Flutua

Parece tão fácil

Beija a bola com a ponta do dedão
Corre, corre, corre
Olha! Vai!

Nunca acabou
Nunca esgotou
Está sempre ali
A ânsia de eternidade
A chance do gol

No fim do jogo
Aos 47
Ela não morre

Ela vira e dança e revira
Saltita e paira no ar

Ela vive mais do que nunca
Não precisa de herói
Não se esgota

Corre, corre, corre

Que a eternidade é muito pouco
Vale mais
Manter milhões de olhos acreditando
No que veem

Voa
Que talvez nossa alegria
Resida na jovialidade
De sempre recomeçar
De levantar da pancada recebida
Do voo mal engatado

Que talvez o nosso brilho
Reluza também no charme incorruptível
Da primeira vez

Voa mais
Que, uma hora, o tempo pára de teimar,
E eu sei que os deuses do futebol
Também esperam ansiosos
A hora de confirmar:
- Agora sim nossa invenção está completa,
E a eternidade já pode começar.





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