sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Ode à Pedra


Eu tenho uma pedra
Amiga dura
Cabeça-dura
Firme e cinza
Pedra, como se fazem as pedras
Que ocupam espaço
E que não rolam por aí.

Pedra que se apedreceu
Não precisa de bons motivos
Só está lá
Porque sim

Tentaram roubar-me a pedra
Tirá-la do lugar

Não deixo.
A pedra, minha pedra assimilada.

Deixem-me em paz com a minha pedra.
Ou deixem-nos as duas na guerra.
Tenho a pedra que me arma e me defende.

Mas não a atiro.
Nunca!
Junto as que caem sobre mim
E monto um castelo de pedras.

Porque a pedra
Esta pedra minha
Gentilmente apanhada
Cultivada
Arraigada
É o que há de concreto
Entre tudo o que havia
No meio do caminho.

2 comentários:

Fernando Amaral disse...

E se tem dia assim...

Tem outros também.

E se tem pedra, concreto, caminho...

Tem avesso também.

E se tem avesso, ah...tem pedra também.

Mas se tem tudo isso, tem também

Uma flor para tratar a dor.

Alessandra disse...

Me fez chorar... rs