segunda-feira, 15 de maio de 2017

Ode à Pedra - 2

Por favor
Não criminalizes meus quereres
Eles são o melhor de mim

Não me venhas tu
Do alto do teu amor-perfeito
Amaldiçoar as pedras do meu caminho
Porque eu me afeiçoo a pedras
Tenho uma coleção
E posso atirar-lhe algumas

Não queiras dissuadir-me do amor
Gosto do que me provoca
Gosto do que fracassa
Gosto mais da partida
Que da chegada

Gosto das chagas abertas do que apenas é humano
Gosto da carne abaixo da pele

Não julgues meus desejos
Não me condenes à busca da perfeição
Não sou tua para que me salves
Não sou uma para que me caiba
Nem tu és imune ao vento que carrega balões
E movimenta o ar que respiras

Não te preocupes: eu não caio
Porque me atiro

Convido-te a caminhar de olhos vendados
Sentindo aromas misteriosos
Pisando em texturas esquisitas
Provando sabores fugazes
Amando amores vorazes
Só para sentires a graça que tem
A vida
Quando erra o alvo.

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