terça-feira, 4 de julho de 2017

Mesmo calado o peito, resta a cuca

A Cultura está sob ataque em todo o país.

Em São Paulo, o prefeito playboy e higienista estrangula tanto o Clube do Choro quanto a Orquestra do Teatro São Pedro; enquanto o pai político dele, o governador, mata a Banda Sinfônica do estado.

Em Porto Alegre, a Fundação Piratini corre risco sério e iminente de extinção. A TVE e a Rádio FM Cultura são espaços privilegiados para circulação e promoção da produção musical de Porto Alegre.

Em Brasília, amanhecemos todos os dias alertas para evitar que metam a mão no FAC (Fundo de Apoio à Cultura).

No Rio, cidade que abrigou as tias baianas que embalaram o samba nos braços, que concebeu a Santíssima Trindade do Samba; o prefeito quer restringir e controlar quase que pessoalmente a ocupação do espaço público por manifestações culturais - inclusive o sagrado samba da Pedra do Sal.

E por aí vai.

Nessas quatro capitais, citei apenas poucos e representativos exemplos do que está havendo. Há muito muito mais. Há muito mais nas demais cidades, nos demais estados, no Brasil em cujo centro de poder os golpistas se instalaram, e mostram, dia após dia, seu desprezo pela arte e pela cultura popular brasileira. Falo de música porque é o que eu conheço mais, mas situações análogas se verificam nas artes cênicas, plásticas, audiovisuais, literatura, nos investimentos em Educação e formação de público.

Coincidência ou não, a comunidade artística foi das mais combativas na resistência ao golpe. A ponto de reverter o retrocesso máximo, que seria a extinção do Ministério da Cultura.

O pessoal das trevas não brinca em serviço não. Eles sabem que a cultura popular impulsiona um povo forte e consciente de si.

[Há quase um ano, escrevi uma crônica sobre as incessantes tentativas de nos calar e de nos desalojar. Tudo aquilo parece estar se aprofundando. Mas como disse Belchior, a voz resiste, a fala insiste: você me ouvirá!]

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