quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Adargas


Te aprisionei
Te joguei,
Desavisado e sem armas,
Em Adargas.

Sem remorso
Nem esforço,
Deixei-lhe sem corpo e sem alma,
Em Adargas.

Você gritou, se debateu,
Amaldiçoou a mim e aos meus.

Jurou-me vingança,
Mas lhe amordacei
E calou-se assim.

Roubei-lhe a lembrança,
Dos tempos de rei
Coroado por mim.

Chorou como criança,
Eu nem me importei,
Ainda não era o fim.

Com elegância,
Abandonei-lhe
À própria sorte
Sozinho no mundo,
No meio de tudo,
Com medo da morte.

Fique, amor, em Adargas
Lá as frutas são todas amargas,
O frio corta cada poro
E nunca faz sol.

Fique lá em Adargas
Lá, te abrirão novas chagas,
Nunca acaba o agora
E não existe futebol.

Fique quietinho em Adargas
Convivendo com todas as pragas
Que, no adiantar da hora,
Te lancei num anzol.

Amor, seja feliz em Adargas
Lá nem precisa de dinheiro,
Lá você faz o seu lar
Lá sou amiga do barqueiro
E você não consegue voltar.

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