Gosto demais de perceber o quanto sou pequena. Me encantam todas as coisas que me jogam na cara a pequenez.
Ser pequena é um alívio. Nenhum fardo, nenhuma tristeza, nenhuma responsabilidade pode ser tão grande se eu não puder carregar. Eu sei o meu tamanho.
É por isso que me faz tão bem estar diante do mar, olhando até onde a vista alcança, e saber que tem muito muito muito mais lá na frente. É por isso que o samba é minha forma de me relacionar com a vida, porque com seus cem anos de história, me põe a nadar numa piscina infinita de acordes, poesia e batucada. E eu sou só uma gotinha ali.
É por isso que o céu de Brasília me fascina. Ele se estende para cima, quase toca o chão, vai prum lado e pro outro até que eu não possa mais ter noção da grandeza. Quando o sol está brilhando, ofuscando a visão. Quando as nuvens escuras o decoram com desenhos e muito mais que três dimensões. O céu de Brasília, quando nublado, te mostra que você nem sabe quantas dimensões podem existir.
Sou eu pequena aqui embaixo olhando pra toda imensidão que sempre me lembra que nada é definitivo, que nada é irreversível, que nada está finalizado, que nada pode ser tão pesado. O céu é maior, e é tão leve.
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