Vive, Noel, vive!
Porque a vida não acaba em 26 anos
Num somatório de meses
De dias e noites
Ora, e quem seria tolo o bastante
Pra pensar que a vida se conta
Em medida cronológica?
A vida transborda pra fora do corpo e do tempo
A vida se eterniza
Segue o verso
Outro verso
Improvisa
Não se esgota
Cantarola
A vida brota, suja e rota
Em baforadas de cigarro
Em copos e mais copos
Até perder a hora
Perder o medo
E enxergar na noite
O baile dos arvoredos
Vive, Noel, na vontade de vida
E gasta-a à vontade
Que vida não é coisa que se economiza
Para trocar por mais vida depois,
Quando a vida cobra a conta
Da vida lavrada em atas
Que a vida se vive agora
Que a vida não tem errata
Vive ainda Noel
Em teus amores
Guardados nos amores
Que cada um segue vivendo
Embalado em samba e poesia
Em dor e despeito
Em ternura e desejo
Noel vive
Noel não morre
Porque ele, ao se desfazer no ar,
Integrou-se à vida coletiva
À personalidade nacional
E vive na vida da gente
Até que a vida da gente
Faça por merecer viver
Noel.
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