terça-feira, 14 de outubro de 2014

O relacionamento - 6 de 7

Acompanhe aqui as partes:
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- Não sabia que estava aqui. – ele gaguejou.

- Você não é o último motivo que eu tenho para visitar Florianópolis. Eu conheci primeiro ela, depois você – falou, meio ranzinza, meio debochada – A namorada não veio?

Só faltava não haver namorada nenhuma.

- Não, não. Nem sei por onde ela anda hoje, temos um relacionamento aberto.

Aberto é a puta que pariu.

Por que estava dizendo aquilo?! Teresa sentiu cócegas naquela parte do corpo responsável por produzir raiva. Relacionamento aberto?! Ora, e o que me importa? E não adianta esse sorrisinho maroto ridículo, canastrão! Antes de comover ou seduzir, vai se assemelhar àquelas bandas de pagode romântico bem cafona, de camisa multicolorida, óculos espelhados e tênis de plataforma. Cantando músicas que prometem ir buscar a lua, o sol, as estrelas, os cometas e até os buracos negros desta e de todas as galáxias em nome do amor.

- Ora, que bom para você. Desejo de coração que fique com ela e com todas as mulheres que puder.

Ele riu, ela não. Dito isso, Teresa se virou para o balcão, chamando Romeu para lhe servir outra dose. Gentil ficou no vácuo. Um pouco aturdido, afastou-se devagar, meio que olhando para trás, meio que fingindo que aquilo estava nos planos. Foi à direção de seu amigo, quase sem rumo, e sentaram-se na área externa do bar.

- Mulher, o que afinal você quer? – Romeu perguntou – Quer disputá-lo? Quem mostrar-lhe que está bem, para efetivamente sentir-se melhor? Quer esquecê-lo? Que curtir a dor? Eu não te entendo, de verdade.

- Eu quero é outra dose, Romeu. Porra.

O coração da carioca ainda estava disparado, custando a digerir a situação recém-vivida. Aberto?! Que tipo de gente meio que entra num relacionamento aberto, e diz isso a conta-gotas para as outras pessoas? Procurou desviar o foco de sua atenção para ver se controlava aquele sentimento esquisito, que escapava dela mesma na forma de respiração ofegante e um pouco de tremelique. Ao menos, a ela, parecia que estava respirando ofegante e tendo tremeliques.

Começou a correr os olhos pelo pequeno salão, pretensamente mansa, como que investigando reações, como que altiva. Apenas uma mesa estava ocupada, e eram três homens. Reparou que um daqueles homens não lhe era estranho e fixou o olhar nele por alguns segundos. Mas não se lembrava de onde o conhecia. Deixa pra lá.

Pouco tempo depois, chocou-se com o rapaz ao sair do banheiro.

- Acabaram-se os motivos de chorar? – ele perguntou sorridente.

Ela ficou muda porque realmente não lembrava quem diabos era aquela pessoa, mas era um homem bonito. Ele percebeu que a memória da senhorita falhava, e continuou:

- Talvez os procedimentos de redução de danos tenham surtido efeito.


***
Continua...

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