de Joaquim Soriano, secretário nacional de formação política do PT.
No dia 25 de outubro de 2005, o Diretório Nacional do PT analisou relatório da Comissão de Ética e expulsou Delúbio Soares, cancelando a sua filiação partidária. Dentre os vários dirigentes e parlamentares implicados na maior crise política vivida pelo PT, foi o único submetido a processo disciplinar interno e posterior deliberação do Diretório Nacional.
Delúbio Soares como Secretário Nacional de Finanças do partido era o principal responsável pela gestão financeira. Uma gestão cujos métodos ilícitos de arrecadação e distribuição de recursos financeiros comprometeu a imagem do partido irremediavelmente.
Pautar o retorno de Delúbio Soares é retomar os termos do relatório da Comissão de Ética de 2005, aprovado por mais de 2/3 do Diretório Nacional. As razões para tanto foram minuciosamente anunciadas, os argumentos longamente debatidos. A defesa foi amplamente apresentada. De lá para cá - nestes 3 anos e meio - sobre os fatos, a análise e o juízo formado, nada ocorreu para mudá-los.
A direção nacional se negou por diversas vezes a constituir processo interno para formar um juízo sobre o conjunto dos acontecimentos que produziram a crise de 2005. Mas sobre a participação do Secretário de Finanças tomou posição.
No entanto os poderes públicos constituídos abriram diversos processos sobre os acontecimentos e seus atores. Estes processos ainda não foram julgados. Muitos estão na esfera do Supremo Tribunal Federal.
A solicitação de vários companheiros para que a próxima reunião do Diretório Nacional do PT paute e debata o retorno de Delúbio Soares é incorreta.
O Diretório Nacional do PT não deve pautar este tema porque, em primeiro lugar, obrigatoriamente, retomará o conjunto do debate interrompido há alguns anos.
No último período uma consciência acurada da direção nacional, produzida consensualmente, por aprendizado coletivo a partir de tantos erros cometidos e pela necessidade de superá-los, nos levou a escolher a agenda de debates. Tem evitado a direção nacional “a dar tiro no próprio pé”.
Pautar o retorno do Delúbio Soares neste DN é contrariar este aprendizado. O DN tem a sua pauta: a preparação das eleições internas que elegerá a direção que conduzirá, junto com a liderança histórica do Presidente Lula, o processo sucessório e a continuidade do nosso projeto nacional.
Aprendemos também que processos internos se relacionam com processos externos ao PT. Isto que parece óbvio, às vezes é esquecido. Caso o DN paute o retorno do Delúbio Soares, antecipa o julgamento do STF e dois são os resultados possíveis: 1) o DN rejeita a proposta e enfraquece Delúbio Soares frente ao STF; e 2) o DN aprova a proposta e enfraquece o conjunto do partido frente ao STF.
A pauta do DN é organizar o presente com o olho no futuro.
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