quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O mundo está doente

"Este mundo está doente", me disse, como que desesperançoso, há uns dois meses, um guardador de carros.

Para ele, a doença do mundo está atestada pelo tanto de gente investindo contra a vida de outras gentes. Ele se referia, principalmente, à notícia daquela tarde, de um homem que entrou num hotel em Brasília, fez um trabalhador refém, e exigia, como resgate, algumas maluquices que ninguém entendeu.

E como não concordar com o guardador de carros? Vira e mexe, há uma molecada que entra armada em seus colégios, no país que há muito se comporta como a polícia do mundo, e dispara contra colegas, professores, funcionários. Será que aprendem isso ao assimilar informações bárbaras como aquela em que a polícia estadunidense matou uma mulher que trazia uma filha pequena em seu carro porque, supostamente, ela - desarmada - queria invadir o Congresso Nacional?

Há muita gente disparando contra outras gentes a esmo. E tem gente que alega motivo. Israel quer se defender dos "terroristas" palestinos, e para isso, mata impunemente milhares e milhares de inocentes, enquanto varre a Palestina do Mapa Mundi. Tem policial a torto e a direito matando gente nas favelas e até surfista famoso. Volta e meia, aquelas histórias de que uma briga babaca resultou em assassinato. Outras vezes, a notícia de que um Estado qualquer entendeu que ainda vivia no tempo do absolutismo e mandou matar uma pessoa - amparado ou não pela sua própria lei.

Por que as pessoas pensam que têm poder sobre a vida uma das outras???

O mundo está doente. É muita opressão, é muita pobreza, muita falsa generosidade, muita desigualdade.

Relatos de suicídios me comovem. Sempre me pergunto o que faz essas pessoas pensarem que não há solução para elas. O mundo está doente, e a desesperança, a angústia, o desespero contagiam.

E no dia-a-dia de todos nós, não faltam exemplos de intolerância, de falta de respeito, de desdém.

Não acredito que mais sorrisos e palavras como "obrigada", "por favor" e "desculpe" vão resolver a doença do mundo. Mas não tenho dúvidas de que a desumanização do outro é um fator importante para que alguns sejam convencidos por outros de que há vidas que valem mais e vidas que valem menos. Há vidas que podem ser perdidas. Há vezes em que alguns podem brincar de ser deus.

Hoje, não haverá Petrobras, Ucrânia ou Obama que me farão sentir mais dor que a notícia de um suicídio, sentido pelos olhos sensíveis de um amigo que tem a qualidade de enxergar as pessoas. O mundo está mesmo doente.

Nenhum comentário: