Os olhos são o sul.
Se alegres, no verão.
Profundo e feliz mar azul
Que se pinta de marrom.
Contrariados, porém,
São inverno cortante.
Um frio desdém
Que fere o semblante
E deixa, em degradê,
O charme hesitante
De se proteger.
Pela cabeça, passam conflitos,
Confusões, grandezas e sonhos,
Soluções, problemas e mitos.
É São Paulo pulsando nos trilhos
Da sem métrica canção
Do imprevisível da vida,
Da fonte da contradição.
O peito é de terra vermelha,
Que tem a aspereza da seca
E vontade da nova estação.
As mãos são de Rio de Janeiro,
Que fazem os próprios tambores
Do corpo, a sua extensão.
A boca é Recife.
Quando em sorriso,
É brisa suave
Que sopra em tons graves
E se esparrama
Num doce improviso.
Mas, quando em beijo,
É o rio vibrante
Que passa com a calma
E a leveza das águas,
Fazendo-se a cama
Do navegante.
E quando ri,
É o mar aberto
Sem perto
Sem longe
Sem fim.
***
Embora meu livro Retratos - E algumas mentirinhas a mais tenha sido publicado em fevereiro/2013, este poema não poderia ter outro nome que não "Retrato".
Nenhum comentário:
Postar um comentário