Não é pelo que você levou.
É pelo que deixou.
Deixou um um fosso sem fim
E nele eu caio, caio, e não paro de cair
Sem esborrachar-me em lugar nenhum.
Deixou uma coisa esquisita que se passa dentro do peito
Que já não reconheço
Porque eu não era mais assim.
Deixou perfume nos lençóis
Que se descola da fronha e vem pro sonho
Me invade pelo nariz, cai na corrente sanguínea
Chega ao coração, gruda, provocando a sensação
De palpitar abafado.
Deixou minha vista embaçada
Porque foi como encontrar o caminho de casa
E, impotente, vê-lo se desfazer na neblina
Que, ao se impor, esfria
Todo o ambiente ao redor.
Deixou esta canção,
Porque eu, quando entristeço
Não choro não imploro não esqueço
Prefiro deixar a tristeza sair
De mim em palavras e notas
Que eu canto por aí
Como chamasse você
De volta.
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