A estrada é minha noiva.
Não posso esperar mais que isso,
Não posso contrariar quem eu sou.
Deixo-me guiar por estrelas sopradas
Por ventos que cantam a estrada,
Em laços recém-desatados,
Em caminhos recém-descobertos.
Porque se eu paro, não fico
Ou fico ali em aberto.
Tentei cantar, escrever, discursar.
E se nada disso fiz bem,
As palavras carrego comigo
E elas me levam também.
Tentei ouvir e falar
Fingi ser alguém e ninguém
Assisti ao desabrochar
De gentes, canções e poréns.
Mas nunca lhes pude colher
Pois na ânsia de achar meu lugar
É que pude perceber:
Só a estrada é que me tem.
Despertei paixões,
Algumas me despertaram.
Algumas me mataram.
Mas sempre revivi no amor da estrada.
Consolando-me em raiares e pôres de sol,
Que acontecem todos os dias,
Porque há motivos.
A estrada me arranca do chão,
Transportável como as sementes,
Etérea como um desejo.
E quando eu me for, saberão
Que deixei a mim mesma por aí
Em tantos lugares que vi
Que será impossível juntar-me
Para ser inteira,
Mas é também verdadeiro
Que me juntando, eu não seria
Eu.
***
Poema eternamente inacabado...
Nenhum comentário:
Postar um comentário