Música, feminismo, diálogos, política, futebol, crônica e poesia convivendo no mesmo espaço. E sem conflito.
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Anoitecer
Em cada veia, a noite ardia
No negro vestido, as flores
Para inventar alegria
Para inventar bons motivos
De desfazer-se das dores
E os gestos de desconcerto
Ao peito um aperto trazia.
Por que eu sabia?
Em azul marinho o céu explodia
Estrelas saltavam do alto
Como se dessem notícias
E andando distraída
O tempo lhe deu breve hiato,
Contra o peito, um desacato:
Emoções despercebidas.
Por que eu sabia?
A madrugada reluzia
Em corpos que se fizeram lar
Da brisa e da ventania
A carícia da areia e do mar
E em meio à água e à terra
Transbordava a primavera
Da pergunta que ele fazia:
Por que eu sabia?
Minguante, a manhã invadia
Um recinto tomado de ar puro
Os raios secaram a apatia
Mas nunca romperam os muros
Na sombra de tão triste olhar
Que não se deixou levar
Pela luz do novo dia.
Por que eu sabia?
Mas chegou a tarde fria
E observou, como ausente
Ansiedade, medo, euforia
Chocarem-se violentamente
Como que desgovernados
Antes que o sol se escondesse
Sob vãs filosofias.
Por que eu sabia?
E, de novo, anoitecia.
O riso tornou-se refém
Do escuro da melancolia
Em chamas que se esvaíam
Em lágrimas que se consumiam
Sem reportar a ninguém
O feitiço que se desfazia.
Porque eu sabia.
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