Quando me mudei para o Largo do Arouche, para morar na companhia do amigo Anderson Campos, comentávamos entre nós que aquela nossa casa nova parecia uma casa de férias. Eu lembro da sensação. Eu nunca tinha morado sozinha, e parecia uma coisa tão cheia de liberdade, e uma felicidade sortuda de dividir um apartamento no centro com um amigo querido, com que isso trazia essa coisa gostosa de sensação de casa de férias. Como todas férias, dá medo de que acabe logo...
Mistura-se com isso o fato de que nos mudamos num dezembro. Fim de ano também dá sensação boa. Pelo menos, pra mim. Não é de nostalgia, de melancolia. É de vontade de viver mais, em paz com o mundo e comigo... é aquela trivialidade de retomada da esperança, de mudar o que não gostamos, de fazer promessa de sermos melhores por termos vontade disso, de fato. Um tempinho pra descansar, pra ter expectativas. Sensação de dever cumprido e disposição de encarar os desafios novos. Depois de uma certa idade, você torce para que os desafios sejam novos. Mas isso é outra história.
Enfim. O Anderson, quando saí de casa, me disse que aprendeu em Jericoacoara (nossa viagem de ano novo, entre amigos) que sempre haverá casas de férias. Isso não acaba.
Domingo último acordei com essa sensação. Esquisito. Lembro que, ano passado, só me dei conta do fim do ano quando ele já estava quase no fim mesmo. Este ano é diferente. Este ano foi tão intenso que eu estou sentindo ele acabar desde agora. Talvez não com todas aquelas sensações que descrevi acima, pelo menos, ainda não na sua plenitude. Mas com a alegria que elas trazem.
Acordei domingo como se fosse dia de Natal. Aquela coisa gostosa de só encontrar quem você quer encontrar. De não ter horário de acordar e de dormir. Uma sensação de mandar no próprio tempo. Era um contexto de felicidade que trouxe mais bons sentimentos. Não sei. Uma epifania.
Eu queria ser capaz de prolongar essa sensação de felicidade ao máximo. Sempre ter uma casa de férias. Mas isso todo mundo quer, não? Controlar medo, ansiedade, controlar tudo que é ruim e amplificar o que é bom. Naquela manhã de domingo, foi a percepção de que isso é mesmo possível que tornou o dia tão feliz quanto um 31 de dezembro de ano de missão cumprida.
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