Eu sou mesmo uma mulher de sorte. Ganhei de presente um poema. Recém-escrito.
Essas situações interessantes da vida, que nos arrancam sorrisos, que têm origem em meras coincidências, que o acaso desenha mas as construções da história preenchem.
Sem mais churumelas. Um amigo querido escreveu um poema. Sei lá por quê. Sei lá quem ou o quê o inspirou. Não sei a finalidade, nem sei se tem finalidade. Mas ele escreveu e é lindo. Como fiz aniversário há 2 dias, ele me percebeu online e me presenteou com o poema que acabara de escrever. Destacou que não fui a fonte de inspiração - e é fácil notar que não -, mas é algo dele, que se desdobrou dele mesmo hoje, agora, minutos atrás, por algum bom motivo. E é meu agora.
Que nem pintar um quadro e presentear alguém. Que nem apanhar em casa mesmo uma coisa que sempre foi sua, que tem identidade com você, que faz parte da sua vida de alguma forma, e presentear. Que nem fazer um jantar pra alguém. Saber que você é capaz de fazer uma coisa bonita e saber que você tem um bom amigo, ao mesmo tempo.
O poema do meu amigo agora é meu. Ganhei de aniversário. Não importa que não o motivei. Importa que ele foi produto de um bom motivo. E que seu autor, certamente feliz com sua produção, embalou-o com seu carinho por mim e me deu.
Pedi a ele que a epígrafe fosse: "A uma amiga querida que estava de aniversário dois dias antes de este poema se descolar de mim".
O Amor bateu em minha casa
(Daniel MM)
O Amor bateu em minha casa em um sábado à noite.
Eu ia para o baile, gostei do seu rosto, mas hoje não vale:
Ligue amanhã, sim? No domingo amarei em fim.
Não ligou, me acordou! E a bater palmas. Mandei as favas:
Eu quero dormir porra! Tchau Amor, corra!
Sem a ressaca do dia anterior e cheio de mau humor,
Veio a segunda e a falta do grande Amor.
Nenhum número para ligar, falar da falta de ar
E do vazio de estar só. Triste o laço que termina em nó.
Treze ligações na terça e eu não agüentei:
Me procura sexta, Amorzinho, antes que eu enlouqueça.
Vinte e quatro e-mails na quarta e o amor cheirou dor.
Quinta eu tudo queria fazer, que só me fizesse do Amor esquecer
E no almoço sentou-se à mesa ao lado. Enjoei , não almocei.
Mas na sexta...
...quando de manhã o Amor encontrei...
Senti alegria e medo,
Brilho e dúvida,
Certeza e escuridão,
De querer algo sem querer,
De ter o que não se quer,
De ser o meu querer,
Feito imagem no espelho
E sentimento no coração.
Entendi da busca do Amor
E querendo novamente ser encontrado
Virei o rosto e fugi desconcertado.
Trabalhei toda tarde e Dele esqueci. Fui pro bar e lá bebi.
Daniel Moreira 01/09/09
Nenhum comentário:
Postar um comentário