Sempre teve pavor de baratas, e nem vergonha disso tinha. Se era pra matar, que fosse à distância, afogadas em veneno. Um mar de veneno sobre aquelas criaturas nojentas, por mais que o amigo já lhe houvesse avisado:
- Se as baratas sobrevivem a uma guerra nuclear, que diabos eles põem no Baygon?!
Naquela manhã, adentrou o banheiro sonolenta, mas não o bastante para ignorar a presença de más companhias. Uma barata colocava-se caprichosamente na parede interna ao box, sobre o chuveiro. E agora, que eu faço? Vou de novo chegar atrasada ao trabalho por causa desse ser repugnante que não me deixa tomar banho!
E saiu pela casa choramingando - manhãs são mesmo dedicadas ao mau humor -, até que encontrou o amigo:
- Uma barata não me deixa entrar no banho.
Foram os dois conferir.
- Tem certeza que é barata? Parece pequena.
- Sim, temos que matá-las desde jovens pra que não ousem procriar!
E lá foi o rapaz armar-se para enfrentar o monstro. Ela se afastou. Em poucos minutos, ele voltou, e a expressão era de desolamento.
- Pegamos o cara errado.
- Oi?
- Era só um besourinho.
Ela nem ligou. Certificou-se de que o cadáver fora removido e entrou no banho, para se atrasar o menos que pudesse para o trabalho. Ele não teve paz. À noite, sonhou que era um policial inglês perseguindo terroristas no metrô.
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