Todo o mar
É o vestido azul de minha mãe.
Que, às vezes, se esverdeia,
Ou em marrom se bronzeia.
Mas sempre se estende pro mundo
Emprestando-lhe a eternidade
De dentro do mar profundo,
Do fundo de toda verdade.
No vestido, as ondas são rendas
E, em movimento de dança,
Derramam histórias e lendas,
Desaguam, na areia, esperança.
À noite, o azul escuro
Se casa com o preto do céu,
Que está no cabelo e na pele,
E as nuvens lhe formam um véu.
Estrelas são brincos brilhantes
Que adornam seu rosto tranquilo
A lua ilumina adiante
O caminho entre ela e seus filhos.
É minha mãe, que se anoitece
Para se mostrar plenamente,
Depois, em seu canto, amanhece
Numa face diferente.
Eu me deixo envolver pelas águas
Como quem se entrega a um abraço
Deitando-me assim em seus braços
Sinto livrar-me das mágoas
Num sussurro suave de brisa
Ela me diz: tenha calma...
O corpo só se energiza,
O tempo é quem lava a alma.
E se o mar se expressa em fúria
Não é que ele seja inconstante
É que a sua beleza e volúpia
Não são para qualquer navegante.
Todo fevereiro
É para cantar para minha mãe
Estampar-lhe o vestido com flores,
Rezar por um belo amanhã.
As lágrimas da sua gente
São o que salga o mar
E então, ela chega imponente
Para ouvir sua gente cantar.
Odoyá!
Salve 2 de fevereiro,
Salve a rainha do mar.
Peço a bênção, Iemanjá.
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