quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Nossa homenagem a Daniel Bensaid

Nota da Democracia Socialista, tendência interna do PT

Daniel Bensaïd morreu na manhã do dia 12 de janeiro. Perdemos um companheiro militante revolucionário com muitas contribuições originais para o marxismo.

Daniel nasceu em Toulouse há 64 anos. Foi dirigente destacado do maio de 68 na França. O primeiro livro de sua autoria – junto com Henri Weber – que publicamos no Brasil foi justamente Maio de 68 – Um ensaio geral. Traduzimos do francês, datilografamos em matriz e rodamos no mimeógrafo do DAIU (centro acadêmico da Filosofia da UFRGS) em 1977.

Com sua militância iniciada nos anos sessenta, Daniel deu uma contribuição decisiva para construir um elo entre o difícil acúmulo da militância revolucionária anti-estalinista e as novas gerações que lutam pelo socialismo.

Daniel Bensaïd foi fundador da Liga Comunista Revolucionária na França e depois do NPA (Novo Partido Anticapitalista). Foi um dirigente fundamental da IVª Internacional, um de seus mais argutos pensadores. Nos anos 90, já adoentado, passou a uma produção teórica impressionante, expressa em ensaios e livros, muitos traduzidos e publicados no Brasil, dentre eles Marx, o Intempestivo (Rio: Civilização Brasileira, 1999).

Na passagem do século passado, com o advento do movimento antiglobalização, engajou-se com energia renovada nas mobilizações e nos Fóruns Sociais Mundiais.

Daniel foi um colaborador assíduo nos debates para a formação da nossa corrente, sobretudo nos anos 80. Reconhecemos sua contribuição para a nossa construção. Nossa relação foi de amizade, respeito e carinho, mesmo no difícil momento de 2005, quando publicamente divergimos sobre as perspectivas do PT e quando nosso diálogo, antes tão profícuo, foi interrompido.

Partilhamos com a militância revolucionária de Daniel os mesmos valores da democracia socialista, a identidade sempre reiterada com a luta dos oprimidos e explorados de todo o mundo, o internacionalismo de raiz e a convicção de que hoje, mais do que nunca, é o tempo histórico da superação do capitalismo.

No seu livro Une lente impatience, sobre sua trajetória militante, Daniel dedica um capítulo à sua experiência brasileira. Com grande sensibilidade, com a sua admiração pela música de Chico e Milton, começa (e termina) citando a poesia de Carlos Drummond de Andrade, que bem pode resumir todo seu esforço militante: “Oh vida futura! Nós te criaremos!”

Prestamos nossa homenagem a Daniel Bensaïd, uma homenagem à rebeldia, uma homenagem à revolução!

São Paulo, 12 de janeiro de 2010.

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