terça-feira, 29 de junho de 2010

"Em Van Gogh, um girassol verde e amarelo..."

Um lindo samba, pra um momento que, para mim, tem que ser avesso a ufanismos, nacionalismos toscos, galvãobuenismos, globismos, bandismos e fanatismos de qualquer espécie. De minha parte, ele está aqui para saudar o sempre saudável futebol holandês. E que vença o melhor.

BRASIL E HOLANDA

Uma ciranda, uma roda , um samba
Serpenteando daqui a Holanda
Cosmopolita todo samba é
Um riso de mulher
Moinhos cheios de café
Van Basten tabelando com Pelé

Um samba pode nascer amanhã
Em Amsterdam
Só precisa um violão e lua cheia
Gingar legal
Querer por querer
O Nassau de berimbau
O samba sai do tamanco ou chinelo
Pra pintar um jeitão meio grogue
Em Van Gogh um girassol verde e amarelo

(Moacyr Luz e Aldir Blanc)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Luz

Coitados os ignorantes
A adorar a purpurina
Não sabem que brilhante
É a luz externa que a ilumina.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dunga X Imprensa

Não sei vocês, mas a minha opinião foi de que o tal "editorial" dado por Tadeu Schmidt no Fantástico, em crítica ostensiva ao técnico Dunga, foi pedante e covarde.

A imprensa se considera o quarto poder, e de fato, a grande imprensa exerce um poder que muitos ainda não conseguiram mensurar. Reivindica sua "liberdade de imprensa" pra poder fazer o que bem quiser com quem quiser e como quiser, sem ter que arcar com a responsabilidade de seus atos, sem ter que responder por eles, sem se submeter a limite ou controle algum. No caso de rádios e TVs, ignoram e apagam da cabeça do povo que se trata de concessão pública, e portanto, eles têm sim satisfações a prestar, ainda mais.

Essa novela com o Dunga é muito enjoada. Eu não me empolgo com a seleção brasileira, não me mobilizo na torcida, morro de raiva do Galvão narrando um gol. Mas pera lá, dá vontade de torcer pro Dunga vencer só para, a la Zagallo - que não chegou a ser tão perseguido -, esses terem que engolir.

Aquele papo de jornalista magoado porque não pode cobrir treino já estava me aborrecendo há horas, como dizem no Rio Grande do Sul. Era inacreditável o número de matérias produzidas com o único objetivo de choramingar a ausência da imprensa no treino da seleção. Quando viram que não venceriam esse duelo, mudaram o tom: "Tá bom, Dunga pode determinar que o treino é fechado, mas o método foi bem ruim", cheguei a ouvir num telejornal.

Vem cá, o que importa a um leitor, ouvinte ou telespectador se a imprensa entrou no treino ou não e de que forma isso foi definido? Querem fazer disso uma pauta, ou (mais) um elemento de desagrado na opinião pública. O jornalista pode fazer bem seu trabalho sem esse acesso ilimitado. Porque, afinal, ninguém terá acesso ilimitado. Será que é por isso que alguns estão tão desapontados com Dunga??!

O quarto poder foi desafiado. Como reage? Se não se cumpre sua vontade, aí vem retaliação com os meios de que dispõe. A questão é que esses meios são públicos, em larga medida, e o bem com que lidam - a informação - também não lhes pertence. Isso é covardia. E é, no mínimo, pedante demais não aceitar limites. Ou pra Globo não vale o velho dito popular: "Quem fala o que quer, ouve o que não quer"?

terça-feira, 15 de junho de 2010

"O mito da maternidade é um saco"

Alberto:
(...) Então tá, vejo isso e te retorno. Ah! Como tá seu sobrinho?

Mariana:
Tá ótimo. Mas os pais são dementes.

Alberto:
hehehe... por quê?

Mariana:
Fico enojada de ficar perto deles com o pobre bebê.

Alberto:
O que foi desta vez?

Mariana:
Nada demais. O mito da maternidade é um saco.

Alberto:
Ahn?

Mariana:
Aquilo de corujice, imbecilidade, entende? Conhece a fábula da coruja que teve filhotes?

Alberto:
Não.

Mariana:
Claro que conhece. Todo mundo conhece. Olha eles: “O Miguel sorriu pra nós hoje! Vamos pintar um quadro, depois, vamos fazer uma exposição no Pátio do Colégio, afinal, é inacreditável”. Porra.

Alberto:

hahaha, não exagera, vai... você está sem paciência porque são vizinhos.

Mariana:
É sério. Você não se enoja? Eles acham que são pais de um ET. Devem estar comprando um telefone e uma casa pra ver se a criança se identifica.

Alberto:
“Enojar” é um pouco demais... acho meio besta, mas enfim. Quem sou eu? Quero ter os meus, um dia.

Mariana:
Besta? É muito chato! Bicho, é uma criança rindo. Crianças riem, isso não tem nada demais. Não faz de ninguém um ser extraordinário, acima do normal, tocado por Deus. Não precisa ser filho do sol pra rir.

Alberto:
Mas se ele não for especial pros pais, vai ser pra quem? Pais são assim mesmo, ficam bobos.

Mariana:
“Bobos” é generosidade sua. Filhos sempre são especiais, ok, não tô discordando. Mas tem limite. Credo. Coitada da criança. Imagina se um dia alguém disser pra ele que ele não é rei do continente. Vai ser a primeira grande decepção da sua vida. Nunca vai se recuperar. Haja terapia.

Alberto:
Mas você também elogia sorrisos bonitos, até de atores de televisão.

Mariana:
Uma coisa é você achar um sorriso bonito. Outra coisa é você achar que é espetacular, extraordinário, prova da existência de Deus e da capacidade extraterrena de uma criatura. Porra, todo mundo ri! Não tem nada demais nisso.

Alberto:
Hahahahaha... quantos adjetivos...

Mariana:
Eles passaram horas falando das habilidades extrassensoriais, dos talentos irrefutáveis e dos poderes inacreditáveis de um bebê de 3 meses! Eles pensam que geraram Einstein! Porra, como assim??? É uma criança normal, como outra qualquer, que faz coisas que toda criança faz quando tem essa idade. Imagina quando o menino começar a andar! Eles vão achar que todos os planetas do Sistema Solar vão bater na porta pra saudar o feito inacreditável. Que nem os reis magos, mas mais cintilantes.

Alberto:
Você tá certa, é uma criança normal... só tem um detalhe que você esquece: é o FILHO deles.

Mariana:
E daí? Poderia ser de outra pessoa qualquer. Ia ser igual e fazer as mesmas coisas que qualquer criança faz.

Alberto:
Mari, Deus a perdoe.

Mariana:
Bem lembrado. Nem Deus trata assim seus filhos. Logo o primogênito já foi expulso do Paraíso!

Alberto:
hahahahahahaha

Mariana:
Bom, vou desligar. Tá chiando. ODEIO este telefone. Que nojo.

Alberto:
Você tá com nojo de tudo hoje, hein.

Mariana:
Olha, vou te repassar um e-mail que enviei há alguns minutos pra um devedor da firma. Daí você vai ver o tamanho do meu nojo hoje. (...)